Chefs declaram seu amor por Salvador

Vindos de vários cantos do país e até de fora, eles escolheram a capital baiana para trabalhar e morar

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  • Ronaldo Jacobina

Publicado em 27 de março de 2021 às 11:00

- Atualizado há um ano

Nascido no Rio de Janeiro, o chef Vinicius Figueira já informou à sua família que quando morrer quer ser enterrado em Salvador. “Aqui é minha terra. Sempre senti isso, e quando passei a morar aqui, tive certeza de que este sempre foi o meu desejo e o meu lugar”, diz.

A declaração de amor à capital baiana é compartilhada com outros colegas de profissão que também deixaram suas terras natais para se estabelecerem na cidade e, como diz o ditado, “enterrarem o umbigo por aqui”.

Uns vieram de muito longe, como o espanhol José Morchón (La Taperia) e os italianos Marco Caria (Isola dei Sapori) e Alessandro Narduzzi (Casa Mia), outros de mais perto como o paulista Celso Vieira (Pasta em Casa), a potiguar Andrea Ribeiro (Mistura, o mineiro Edinho Engel, e o próprio Vinicius (Vini Figueira Gastronomia.

Mas a paixão não se mede por quilometragem. Na próxima segunda-feira, a cidade que foi a primeira capital do Brasil e que sempre acolheu os “filhos adotivos” com o mesmo amor que tem pelos naturais, vai completar 472 anos e alguns destes chefs, que desembarcaram aqui com panelas e caçarolas na bagagem, contam porque escolheram Salvador para viver. Confira:

Andréa Ribeiro – Rio Grande do Norte - Mistura Contorno e Mistura Itapuã Andréa Ribeiro (Foto: Divulgação) “Cheguei em 1989 e aqui construí a minha vida. Salvador é a minha cidade de coração. Fiquei encantada desde o primeiro dia que cheguei. É uma cidade incrível, cheia de misticismo e diversidade. Tem um povo muito alegre e uma mistura de raça e cultura que me encanta. Sempre morei em Itapuã, onde construí minha carreira, meu negócio e  minha família. Foi onde cresci e desenvolvi meu lado profissional. Onde tive contato com a colônia de pescadores, onde passa o filme da minha vida. Só tenho a agradecer, adoro Salvador”.

Edinho Engel – Minas Gerais - Amado   Edinho Engel (Foto: Pico Garcez/Divulgação) “Sempre que visitava Salvador sonhava em viver aqui. Quando surgiu a possibilidade de investir na cidade, foi a realização deste sonho. Ao longo destes 15 anos que vivemos aqui, fomos descobrindo o jeito de ser do baiano e criando raízes. Aprendendo com a diversidade cultural, com as cores e me encantando com as belezas desta cidade. Com licença dos filhos naturais, digo que me tornei, com muito orgulho, baiano, um soteropolitano”

José Morchón – Espanha - La Taperia José Morchón (Foto: Divulgação) “Estava de mudança para o Japão quando conheci minha mulher Julli Holler, que me fez mudar de ideia e aportar em Salvador, cidade da qual eu não sabia nada, mas vim de forma inteira. Aqui abrimos um restaurante, montamos uma vida que só tem me dado alegrias: meus dois filhos, meus negócios e os amigos, que, somados a alegria de viver das pessoas desta terra, me fazem afirmar que ganhei uma nova vida aqui e que esta é a minha cidade”.

Celso Vieira – São Paulo - Pasta em Casa Celso Vieira (Foto: Raul Spinassé/Divugação) “Mudar pra Salvador, foi um projeto nosso, já tínhamos amigos e a decisão veio num momento  de transição. Nossa filha tinha 1 ano quando aportamos na cidade e logo fui aprovado no concurso pra professor de gastronomia. Chegamos devagarinho, com muito res- peito e a cidade nos acolheu muito bem. Foram muitos perrengues, algumas dificuldades, mas acho que fizemos a escolha certa e nos sentimos totalmente inseridos a cultura local e temos aprendido muito com sua diversidade”.

Marco Caria – Sardenha/Itália - Isola dei Sapori   Marco Caria (Foto: Leonardo Freire/Divulgação) “Cheguei à Bahia trazido pela paixão por uma baiana. A princípio nos instalamos em Feira de Santana, mas sempre sonhando com o mar, com algo parecido com a ilha de onde vim. Quando decidimos mudar pra Salvador, escolhemos um lugar em frente à praia, no Rio Vermelho, o que ajuda a não sentir tanta falta da minha terra. Aos poucos, fui descobrindo uma cidade acolhedora, e que tem uma grande beleza, com mistura de cores, cheiros, sabores, cultura, além de ser um lugar turístico onde a gente recebe gente do mundo inteiro. É uma troca contínua”.

Vinicius Figueira – Rio de Janeiro - Vini Figueira Gastronomia Vinícius Figureira (Foto: Divulgação) “Eu morava na Europa e voltei ao Brasil para tirar as férias de um chef no Rio. Na época, este restaurante estava dando consultoria para o Zen, um tailandês que estava abrindo em Salvador, e acabei vindo e assumindo a cozinha da nova casa. Como já amava a cidade, desde sua atmosfera até o jeito de viver, acabei me fixando aqui e decidi que Salvador é minha terra. A gente costuma escutar que as pessoas quando morrem querem ser enterradas na sua terra, eu já informei a minha família que quero ser enterrado em Salvador, porque aqui é a minha terra”.

Alessandro Narduzzi – Itália - Casa Mia Alessandro Narduzzi (Foto: Divulgação) “Vim visitar uns amigos e acabei ficando. Me apaixonei pelos sabores, ingredientes e, claro, pelas mulheres. Fui aos poucos entendendo as tradições, co- nhecendo e reconhecendo os cheiros, os sabores e a diversidade da gastronomia, que me remetia a Roma, como a buchada, o sarapatel, a dobradinha e por aí vai. Não à toa Salvador é considerada a Roma Negra. Fui me adaptando a este jeito especial de viver e me tornei um local. Hoje me sinto totalmente inserido na vida local e me sinto privilegiado de ter escolhido Salvador para morar”.