Chuvas em Boipeba destroem comércio de 'paraíso isolado' na Bahia

Veja como ajudar o Pastel dos Castelhanos, barraca mais antiga do local

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  • Luana Lisboa

Publicado em 19 de abril de 2022 às 17:23

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Arquivo pessoal

A empreendedora Vanessa Mateo, moradora da Ilha de Boipeba, teve um olhar visionário para o comércio da região desde que começou a vender pastéis, em meados de 2008. Não satisfeita com os lucros que recebia com as vendas na comunidade de Cova da Onça, ela teve a ideia de empreender nos Castelhanos, praia desértica da região, visitada por turistas e celebridades. O pequeno fogão e as lonas costuradas à mão deram origem à maior barraca de vendas do "paraíso isolado", que acabou por revolucionar o comércio local. Até ontem.

As intensas chuvas que passaram pelo lugar destruíram boa parte do que ela tinha. Restaram pratos, talheres, algumas mesas e cadeiras, e, agora, Vanessa - mãe, esposa e empreendedora - precisa recomeçar o trabalho de anos."Em 2020, uma chuva dessa chegou a abrir uma cratera na minha barraca, mas não tivemos tanta perda, porque conseguimos ajuda de pessoas da comunidade. Dessa vez, aconteceu de madrugada. Foi uma surpresa que destruiu todo um trabalho de anos e estamos vendo como fazer a partir disso", lamentou.

Pastel dos Castelhanos Durante o tempo de funcionamento, o empreendimento já foi visitado por famosos globais como José Loreto e Rômulo Neto.

Arquivo pessoal

Mas antes do seu status, já foi uma pequena barraca com apenas um fogão, cadeiras de plástico, e sombreiros remendados na Comunidade de Cova da Onça. Tudo mudou quando Vanessa teve a ideia de levá-lo até Castelhanos.

"Tive a ideia de levar os pastéis em uma virada do ano. Inicialmente, meu marido não gostou da ideia. Ficamos lá até 13h do dia seguinte, sem uma alma aparecer. Na época, não tinha nenhum tipo de comércio lá. Foi quando vimos à distância, um grupo de pessoas correndo em nossa direção. Vendemos tudo. E, no dia seguinte, aparecemos de novo e vendemos o triplo".

Fritadeira, fogão de pescador, uma lona, e um conjunto de mesas. Aos poucos, ela conseguiu investir no lugar. Com o passar dos anos, o negócio cresceu tanto, que deu origem a uma grande barraca, com cerca de 10 funcionários em época de verão.

E como se não bastasse o sucesso, Vanessa acabou dando a ideia para outros comerciantes locais, que passaram a ocupar toda a região de bares e restaurantes, desde 2016. Ela costuma dizer que, graças a sua persistência, o resultado são mais de 50 empregados da Comunidade de Cova da Onça.

E o trabalho não é fácil: só para se deslocar da sua casa até lá, são 40 minutos, todos os dias. Isso se Vanessa for de canoa, durante o verão. Se for a pé, pouco mais de uma hora e meia. De quadriciclo, cerca de 15 minutos.

"E como a gente não tem água encanada, e nem energia elétrica, levamos tudo em um carrinho de mão, isopor com gelo, garrafas com água para cozinhar, temperos, recheios, todo dia mais de uma hora para ir e mais outra para voltar", conta.

Por isso, quando encontrou a barraca destruída após uma noite de chuvas, a reação foi a de desespero."Estou tentando pensar positivo, porque foi o esforço, a persistência de uma vida descendo por água abaixo. Mas com o que já conseguimos recuperar, é a chance de um novo recomeço".Para ajudar Vanessa, o pix disponível é o telefone 75 99931-9491.

*sob orientação da subeditora Carol Neves