'Cidadão não, engenheiro' diz que não se arrepende de ter dado carteirada em fiscal

'Nosso único arrependimento é ter saído de casa', diz Nívea Valle Del Maestro

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  • Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2020 às 13:18

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Nívea Valle Del Maestro, mulher que viralizou após discutir com um fiscal argumentando que, por ser engenheira, era melhor do que ele, disse que não se arrepende da briga.

“Não é arrependimento. Hoje posso reconhecer minha alteração de voz e meu tom foi mal interpretado. Se a gente se arrepende de alguma coisa é de ter saído de casa", disse ela em entrevista ao G1.

As cenas da discussão com um fiscal da Prefeitura do Rio durante uma fiscalização no fim de semana após a reabertura de bares na cidade foram exibidas no Fantástico. Nas redes sociais a reação foi extremente negativa sobre a postura do casal.

No momento da inspeção, Nívea questiona o fato de Leonardo ter sido chamado de "cidadão" pelo superintendente de Inovação, Pesquisa e Educação em Vigilância Sanitária, Fiscalização e Controle de Zoonoses da prefeitura, Flávio Graça, durante a inspeção.

"Cidadão não, engenheiro civil, formado, melhor do que você", disse, em frase que provocou repercussão nas redes sociais e na vida do casal.

“Ele [o fiscal] respondia: ‘Cidadão, vai lá na prefeitura para ver o procedimento’. Aquilo dava a entender que ele não tinha obrigação de responder. Então, esse ‘cidadão’ se tornou algo pejorativo, não era um substantivo. Senti aquilo de uma forma agressiva. Naquele momento, eu interferi e disse que ela um engenheiro civil formado. Quando disse “melhor do que você”, quis dizer que ele sabe o que fazer aqui e fiscal, não. Ele não dava provas técnicas do que estava fazendo. O que eu quis naquele momento foi, de forma alguma, humilhar aquela pessoa. Eu nem conheço aquela pessoa. Ali, eu estava nervosa, queria defender meu marido”, contou Nívea.

“Minha frase ficou descontextualizada. Sei que tenho tom de voz alta, tenho sangue italiano, e às vezes se torna agressivo no calor da emoção. Mas em momento algum eu desacatei ou quis diminuir o rapaz”, disse Nívea, que acabou demitida após o episódio.

Leonardo diz que não houve desrespeito às normas da prefeitura, que estabelecem, entre os protocolos de segurança, um distanciamento mínimo de 2 metros entre as pessoas.

“É um bar que sempre frequentamos. Ficamos algumas horas lá, bebendo e conversando. Notei que começou a se formar uma fila. Foi quando também vi que a Vigilância Sanitária a e Guarda Municipal chegaram e disseram que tínhamos que sair. Queria entender por que não podíamos mais ficar no bar, uma vez que eu estava respeitando todo o espaçamento - usei o celular porque não sabia o que poderia acontecer. É o momento em que fui de encontro ao Flávio Graça”, contou.

Nívea diz ainda que o episódio trouxe sequelas. Ela perdeu o emprego e disse que os dois vêm sofrendo ameaças, no que classifica de "linchamento virtual".

“Nós já estamos sendo condenados sem direito de defesa. Nossa vida acabou. Perdemos nossos empregos e estamos sendo achincalhados. Estou recebendo ameaças por telefone e todos os nossos dados pessoais foram parar na internet. Os efeitos que isso causou na gente são desproporcionais. Há um linchamento virtual, todas as mensagens que recebo no celular de pessoas me agredindo. A coisa chegou a um nível no qual, além de perdermos nossos empregos, querem que não trabalhemos nunca mais. O que querem mais? Querem que a gente morra?”, questiona.