Cinema feito por mulheres negras pode ser ferramenta de transformação política

Programa Conexões Negras foi ao ar nesta sexta (5), com participações de Sabrina Fidalgo e Viviane Ferreira e falou sobre a potência de mulheres negras no cinema

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  • Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2021 às 19:36

- Atualizado há um ano

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Mulheres negras precisam ter acesso à gestão de grandes orçamentos e ter a máquina na mão é fundamental para construir novas narrativas e imaginários: do cinema, para a sociedade. Essa foi a grande mensagem deixada pelas cineastas Sabrina Fidalgo e Viviane Ferreira durante o programa Conexões Negras, que foi ao ar nesta sexta (5), no Instagram do CORREIO (@correio24horas), apresentado pela jornalista Midiã Noelle e Jorge Gauthier.

O programa, com o tema "A potência das mulheres negras no cinema" integra a programação e reflexões sobre o Novembro Negro no CORREIO, que inclui série de matérias e vídeos nas redes sociais. E no dia 20 de novembro, o jornal promove a 7ª edição do Afro Fashion Day que reunirá modelos no desfile com a passarela mais negra do Brasil. O filme do desfile será transmitido nas redes sociais do veículo.

A primeira a entrar no programa ao vivo foi Viviane. Cria da Estrada Velha do Aeroporto e hoje integrante do Comitê Brasileiro de Seleção do Oscar, ela afirmou que o cinema sempre esteve em sua vida como algo além de uma manifestação artística ou pessoal. Mais do que isso, sempre foi uma ferramenta de transformação política.

"É extremamente político construir o imaginário e a simbologia que rege o pensamento das pessoas. Sempre pensei no audiovisual como uma ferramenta política", disse logo no começo da conversa. 

A menina dos quatros “C”: Coqueiro Grande, Ceafro, Cefet e Cipó, como se define, é fundadora da Odun Filmes e da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) foi convidada para presidir este importante espaço responsável por indicar o documentário Babenco, dirigido por Bárbara Paz.

Ela explicou que um longa-metragem de baixo orçamento para rodar com as mínimas necessidades custa em média R$3 milhões e essa é uma realidade muito difícil de se alcançar no Brasil. O acesso a esse dinheiro é extremamente utópico. Seu último filme, por exemplo, foi rodado com R$1,2 milhão de reais captado num edital voltado para ações afirmativas.

Antes de se despedir, Viviane ainda viu a colega, Sabrina Fidalgo, entrar na conversa e fazer a pose para um print com todas as quatro na conversa. 

Sabrina é de família de cineastas: filha  do dramaturgo Ubirajara Fidalgo e da produtora Alzira Fidalgo, estreou nos palcos aos 2 anos de idade como atriz-mirim da companhia Teatro Profissional do Negro - T.E.P.R.O.N, fundada por seus pais, onde permaneceu até os 8 anos de idade.

Durante a vida, não foram poucas as vezes em que foi perguntada se não era camareira ou trabalhava em outras funções que não atriz ou diretora. Afinal de contas, 'que história é essa de uma preta trabalhando com cinema?'.

'Pensam uma coisa dessas porque é o racismo estrutural mesmo, né? É toda uma uma sociedade que foi construída pra explorar corpos pretos. A história que conta isso, a TV que mostra assim, o tipo de televisão e do produto que está sendo produzido ao longo desses anos mostrando apenas pessoas pretas em papéis inferiores por décadas e décadas. [Tudo isso vai] formando seres humanos com esse tipo de perspectiva", afirmou. 

A saída para que esse tipo de narrativa e imaginário social seja modificado passa por conquistar mais espaços e ter acesso aos locais de tomada de decisão. Aquela coisa de ter a caneta na mão para construir novas narrativas, errar, fazer mais e produções com um backuground antirracista.

Assista à conversa na íntegra.

O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com o patrocínio do Grupo Boticário, do Hapvida com apoio Institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Sebrae, apoio do Shopping Barra, Laboratório CLAB e CCR Metrô.