'Cismou com meu filho', diz mãe de jovem morto a facadas em bar de Coutos

Família acredita que rapaz foi vítima de homofobia

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  • Fernanda Varela

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 19:12

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Rodrigo foi atacado por criminoso em bar (Foto: Acervo pessoal) Cinco dias após ser esfaqueado no bar Boteco da Negona, em Fazenda Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, Rodrigo Abreu Santos, 23 anos, teve morte cerebral. Ele ficou cinco dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Subúrbio, quando teve a morte cerebral decretada na manhã dessa quarta-feira (6). Ao CORREIO, a família diz se tratar de um crime de homofobia.

A mãe do rapaz, dona Geovania Maria, conversou com a reportagem e contou que o filho foi ao estabelecimento na noite de sexta (1º), na companhia de um amigo, Herick Deivid, quando começou a ser perseguido. "Lá é um bar frequentado por homossexuais, é um bar LGBT.  Os dois estavam bebendo cerveja e esse cara ficou perseguindo, pedindo bebida a eles. Meu filho disse que não ia dar e que não tinha obrigação de pagar nada para ele. Não sei o que aconteceu, ele cismou com meu filho. Ficou provocando, xingou ele".

Herick detalhou que dois homens chegaram no bar e pediram para que ele pagasse cerveja para eles. Com medo, o jovem obedeceu, mas Rodrigo se recusou a fazer o mesmo, o que teria irritado o autor do crime.

Segundo Geovania, já na madrugada, seu filho decidiu ir ao banheiro antes de pagar a conta. Foi nesse momento que o criminoso, que estava escondido no local, atacou o rapaz com uma faca. Ele ficou ferido no rosto e no pescoço. Rodrigo tinha 23 anos e trabalhava com serviços de estética (Foto: Acervo Pessoal) "Todo mundo que viu me disse que o criminoso é um homofóbico, que já está acostumado a agredir as pessoas. Eu não conheço ele, mas todo mundo me disse que não é a primeira vez que ele faz isso. Meu filho nunca sofreu ameaça, nada. Ele está acostumado a fazer isso e ficar por isso mesmo, mas a morte do meu filho não vai ser em vão. Meu filho era minha vida, me ajudava tanto", desabafa a dona de casa, que também é mãe de Rafaela, 22, e Davi, 4.

Ainda segundo a família do jovem, durante o ataque, o amigo que estava com ele, e que não teve o nome revelado, tentou defendê-lo e ficou ferido na perna. "Ele ainda quebrou uma garrafa e tentou furar o homem que atacou  meu filho, chegou até a tomar a faca dele, mas não conseguiu fazer nada. O cara fugiu", revela a mãe.

Ferido, Rodrigo foi socorrido para o Hospital do Subúrbio, onde estava internado em estado grave. Ele não resistiu, teve morte cerebral decretada e o corpo foi levado para o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), onde passou por perícia. 

O enterro do jovem será nesta sexta-feira (8), às 11h, no Cemitério Municipal de Plataforma. À tarde, a mãe do garoto e Herick Deivid irão depor no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

De acordo com a Polícia Civil, inicialmente, quando Rodrigo ainda estava vivo, a investigação estava sob responsabilidade da 5ª Delegacia (Periperi). Com o óbito da vítima, o crime será investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS). O criminoso ainda não foi identificado e está foragido.

Rodrigo não era casado e não tinha filhos. O jovem atuava como autônomo e trabalhava com serviços de salão de beleza, como manicure e aplique de megahair. Além disso, fez cursos de administração e gastronomia.