'Coisa boa, ele não fazia, não posso mentir', lamenta tio de morto em ação policial

Raildo conta que família tentou salvar Cleiton das drogas, mas não conseguiu

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  • Eduardo Dias

Publicado em 10 de maio de 2019 às 15:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/SSP-BA

A manhã desta sexta-feira (10) foi difícil para o comerciante Raildo Pereira dos Santos, 38 anos, que esteve no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) para aguardar a liberação do corpo do sobrinho Cleiton de Jesus Santos, 18. Ele foi morto a tiros durante uma operação da Polícia Civil, na localidade do Vale das Pedrinhas, no Complexo do Nordeste de Amaralina, em Salvador, na última quarta-feira (8).

Cleiton e a mãe moravam em Teolândia, no Sul da Bahia, e vieram para Salvador quando o jovem tinha apenas três anos, para morar com a avó materna dele.

Segundo Raildo, o envolvimento do sobrinho com o mundo do crime começou cedo. “Ele andava com os meninos lá e coisa boa ele não fazia, não posso mentir. Mas, quando os outros começam a aliciar os jovens ainda crianças, para fazer aviãozinho, essas coisas, já era. Quando os filhos ficam à vontade, infelizmente acontece isso. É a realidade da favela”, explicou ele. 

O tio lembra ainda que a família tentou tirar o sobrinho dele do tráfico, mas não conseguiu. “Fizemos de tudo, mas não conseguimos salvar ele, não teve jeito. Mandamos ele de volta para o interior por um tempo, para ver se melhorava, mas parece que essas coisas são como doença na cabeça dos jovens”, lamentou.Não há informações sobre o enterro de Cleiton.

Relembre o caso Cleiton era suspeito de homicídios no Vale das Pedrinhas e acumulava passagens pela polícia desde a adolescência, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). 

Ele foi morto durante uma ação policial na localidade que tinha, segundo a polícia, o objetivo de cumprir um mandado de prisão contra Cleiton, que foi encontrado escondido em uma residência na região da Chapada do Rio Vermelho. Na ação, no entanto, os policiais dizem que foram surpreendidos por traficantes armados e, durante uma troca de tiros, o suspeito foi baleado no peito, abdômen, perna direita, tórax.

Cleiton chegou a ser socorrido por uma viatura para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde já chegou morto.

Ainda segundo a polícia, Cleiton era conhecido como Interior e costumava postar fotos com armas nas redes sociais. Em uma das imagens publicadas pelo próprio jovem, ele segura uma submetralhadora, uma pistola e ainda carrega um revólver no colete que vestia.

Na mesma ação, de acordo com a polícia, Willian Batista da Silva, 28 anos, foi preso. “Willian, que possuía mandado de prisão em aberto, era investigado desde 2015, após as mortes de Álvaro Arruda Soares, Jônatas dos Reis Cerqueira e Juraci Oliveira Andrade que tiveram como motivação disputa pelo comércio de entorpecentes. Cleiton acumulava passagens pela polícia na adolescência e costumava postar fotos com armas nas redes sociais. Em uma das imagens, ele segura uma submetralhadora, uma pistola e ainda carrega um revólver no colete que vestia”, afirmou a SSP-BA, em nota. 

* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier