Com raízes baianas, a boa banda carioca de rap 3030 alça voo

Hagamenon Brito

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de março de 2018 às 07:30

- Atualizado há um ano

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O tempo passa, o tempo voa e o rap brasileiro se fortalece em força e em diversidade no mercado. Ainda bem, como prova o terceiro e bom álbum de estúdio da banda independente carioca 3030, Alquimia, com participações especiais dos rappers MV Bill  (em A Verdade Tem Que Ser Dita) e Emicida (Febre da Mudança). LK, Bruno e Rod viveram em Arraial d’Ajuda (Bahia) e formam a banda carioca 3030, que lança álbum com participações de Emicida e MV Bill (foto/Daryan Dornelles/div.) “O 3030 é um grupo que eu respeito bastante. Eles são autênticos, diferenciados e com muita qualidade”, afirma MV Bill sobre a banda que lota shows no eixo Rio-S.Paulo-Minas e tem mais de 220 milhões de visualizações dos seus vídeos no YouTube.

“Construímos uma relação de amizade com Bill. Eu era pequeno e ouvia ele, é uma referência”, conta o produtor e vocalista LK, 27 anos. “Já Emicida é uma grande inspiração do novo rap brasileiro, por todas as suas conquistas”, completa.  

Conexão baiana - Com canções que falam de transformações (social, inclusive), espiritualidade, amor e boas vibrações, Alquimia é o trabalho mais conceitual e bem produzido da banda.

“Representa a maturidade musical do que queríamos desde a estreia, é fruto dessa experiência”, explica LK que, assim como os outros dois vocalistas, Bruno Chelles, 30, e Rod, 26, tem raízes baianas.  Mais precisamente em Arraial d’Ajuda, distrito de Porto Seguro. LK e Bruno chegaram a viver 15 e 20 anos, respectivamente, em Arraial, e todos têm familiares no lugar. “Somos de famílias cariocas e baianas. Nascemos no Rio, porque não tinha maternidade em Arraial e nossas mães vinham parir no Rio”, conta Rod. O nome 3030, aliás, vem de “Brenfa 3030”, gíria que significa se unir, fazer um som, fumar um baseado e comer algo gostoso - e que também era o nome de uma oportuna pizzaria em Arraial.

A banda faz rap com sotaque brasileiro, gosta de melodias (como o rap americano atual, que se misturou forte com o R&B) e possui uma qualidade que se explica até pelo nível dos músicos que participaram da gravação do álbum.

Entre eles, o lendário maestro Arthur Verocai (cordas), Pretinho da Serrinha (cavaco), Marlon Sette (sopro) e Chico Brown (violão), filho de Carlinhos Brown e amigo do trio.

Veja os videoclipes de "Reis e tronos" e "Meu Deus"...

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DRIK BARBOSA ESTREIA ENTRE O RAP E O R&B

Cantora, compositora e integrante do coletivo feminino Rimas & Melodias, a paulista Drik Barbosa, 25 anos, estreia bem com o EP Espelho, com 5 faixas. É o primeiro disco gravado no novo estúdio da Lab Fantasma, de Emicida, com quem a rapper tem colaborações. “Foi um processo bem íntimo. Cada faixa é como se fosse uma conversa comigo mesmo, sobre estar encarando meus sentimentos, lutas e pensamentos. Por isso o nome Espelho, por eu estar diante de mim e expondo essas emoções e vivências sem medo”, explica Drik (Adriana) sobre o trabalho que tem participações de Rincon Sapiência e Stefanie Roberta.

Com direção musical de Grou (Emicida, Criolo) e sonoridade que transita entre o rap e o R&B, Espelho mostra uma compositora promissora e tem pontos altos nas faixas Melanina e Inconsequente (com romantismo R&B).

Veja o videoclipe de "Melanina", com participação especial de Rincon Sapiência

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FREESTYLE 1. Emicida - A mil em 2018, o rapper integra o programa Papo de Segunda (GNT), lança o DVD 10 Anos de Triunfo (com participações de Caetano Veloso, Pitty e Karol Conka) em maio e terá cinebiografia dirigida pelo baiano Aly Muritiba. Vai interpretar a si mesmo no filme que será lançado em 2019. 2. Hiran - Negro, gay e baiano, o rapper de 22 anos apresenta as suas armas no bom álbum de estreia Tem Mana no Rap, com oito canções. Destaques para a faixa título, Bastardo, Baile de Ideia e Escapar, que tem o sagaz verso: “Estou precisando escapar pra voar/ estou precisando amar pra sarar”. Veja o videoclipe de "Tem mana no rap".