Com taxa de ocupação de quase 70%, janeiro registra o melhor mês para a hotelaria de Salvador

Cidade cheia de gente de fora - Nem mesmo as altas taxas de contaminação impediram os turistas de viajarem para capital no primeiro mês do ano

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  • Priscila Natividade

Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 06:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Arisson Marinho

A alta de casos de covid durante o mês de janeiro não impediu os turistas de curtirem as férias e a temporada de verão em Salvador. Isto porque, de acordo com números registrados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis  (ABIH-BA), 2022 começou registrando uma taxa média de ocupação de 69,31%, bem acima da observada no mesmo período do ano passado (54,25%), o que tornou janeiro o melhor mês para a hotelaria na capital, desde quando a  pandemia começou.

Segundo o presidente da ABIH-BA, Luciano Lopes, o avanço da vacinação e a demanda reprimida das férias escolares foram os principais fatores que contribuíram para que o setor alcançasse esse resultado. O aumento da procura foi também impulsionado pela maior disponibilidade de voos domésticos, que trouxeram de volta os turistas dos principais mercados emissores do país, sobretudo,  São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília.“Mesmo a ocupação seja inferior à de janeiro de 2020 (73,5%) - período anterior à pandemia - o avanço da vacinação e os cuidados redobrados dos hotéis trazem otimismo. No entanto, é necessário estar atento para as incertezas e novidades impostas pela pandemia, que nos obriga a adaptações constantes para atender às demandas sanitárias”, destaca.Na última semana, a Bahia registrou recorde de casos ativos quando chegou a mais de 36 mil registros no estado, ou seja, o maior número do início da pandemia até agora. Luciano Lopes não nega que o cancelamento de voos e as notícias sobre a alta dos casos de infecção pela variante ômicron a partir da segunda quinzena de janeiro afetaram diretamente o desempenho dos hotéis com o cancelamento de reservas.

Porém, ainda assim, janeiro foi um mês mais positivo do que se esperava: “Enquanto em outros anos a ocupação se mostrava relativamente estável ao longo do mês, em janeiro de 2022 a taxa de ocupação da primeira quinzena foi de 75,83%, enquanto na segunda quinzena a ocupação caiu para 63,19%”, complementa Lopes.

Entre os que mantiveram os planos de vir à Salvador está a empresária carioca, Simone Araújo, 45 anos, que está na cidade para trabalhar e aproveitar o fim de semana. “Acredito que já vim aqui mais de oito vezes. Além do trabalho, precisava rever alguns amigos”, conta.  Entretanto, ela tem evitado bares cheios, aglomerações na piscina e locais de passeio. “Estou vacinada e mantendo todos os cuidados possíveis”.

Já o empresário e turista do Porto Alegre (RS), Tiago Medeiros, 41 anos, veio com a família. Apesar de já conhecer a Bahia, ele trouxe, pela primeira vez, os filhos de 11 e 13 anos.

“A gente não desistiu de viajar até porque está todo mundo vacinado e já pegamos covid, então, estamos bem tranquilos com relação a isso. Não queríamos mexer na programação porque já tínhamos essa viagem agendada há um bom tempo e não queríamos perder”.

Eles estão hospedados em um resort na Praia do Forte e aproveitaram o domingo (06) para visitar o Pelourinho. “Nada faria com que mudássemos de ideia. Em momento nenhum pensamos em alterar o roteiro”, garante.  

Expectativas A assessora parlamentar, Ângela Cristina Alcântara, 55 anos, também não abriu mão de vir à Salvador.  Ela é  turista do Rio de Janeiro e está de férias. É a sua primeira vez na cidade. “A ômicron não me assustou porque estou vacinada, mas tenho evitado lugares com aglomerações”.  

Para o secretário de Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Fábio Mota, a expectativa é um ano de 2022 melhor do que 2021 foi para o setor. “Entendemos desde cedo que o turismo seria doméstico e investimos muito na promoção do destino Salvador junto às entidades e também com parcerias com companhias áreas como a Gol, o que deu muito certo. Esperamos um fevereiro ainda mais movimentado e com uma boa ocupação, mesmo sem o feriado de Carnaval”, comenta.

Mota acrescenta que o selo sanitário em bares, restaurantes e estabelecimentos de turismo desde o primeiro momento da pandemia, dá mais segurança para o turista visitar a cidade.“Com a pandemia, o turismo precisou mudar com todos os cuidados que as pessoas passaram a ter ao viajar. Recebemos elogios dos próprios turistas com relação ao Selo de Segurança Sanitária e de Saúde. E isso deu um ‘upgrade’ no turismo de Salvador”.Estabelecimentos como o NovoHotel, no Rio Vermelho, comemoraram o desempenho de janeiro. “Foi um mês excepcional, realmente muito bom. Nós fizemos a melhor taxa de ocupação entre os nossos concorrentes. Houveram sim, alguns cancelamentos por conta da covid, mas poucos. Foi realmente muito acima do que nós tínhamos previsto”, avalia o gerente geral do hotel, Mil Vieira.

Entretanto, fevereiro traz algumas preocupações, como complementa o gerente. Antes, o hotel estava lotado para o carnaval e hoje, até o momento, a ocupação está em 30%:

“Nós estamos com dificuldade de vender o destino para o Carnaval e o mês de fevereiro todo não está se dando na mesma dinâmica que foi janeiro. E a gente está esperando, sinceramente, que as pessoas continuem se vacinando e que o poder público também, possa voltar a atrair feiras e eventos para a Bahia”.

No Piza Plaza Hotel, localizado no Stiep, no primeiro mês do ano, a disponibilidade foi de 65 apartamentos (130 leitos) e a ocupação chegou a 77%, como afirma o gerente de operação, Fernando Araújo. “Ainda temos alguns cancelamentos devido a covid, mas o hotel mantém os protocolos de prevenção. O que têm ocasionado as solicitações de cancelamento, na verdade, é a necessidade de cancelar o carnaval e a restrição de público em eventos”.

Salvador fecha o ano de 2021 com 45,6% de ocupação

Em 2021, o setor hoteleiro de Salvador  alcançou uma ocupação média de 45,61%,  conforme aponta o balanço divulgado pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis  (ABIH-BA).  Ainda de acordo com o levantamento,  a diária média no período foi de R$ 361,74 e o Revpar (indicador ponderado da diária e taxa de ocupação) chegou a  R$ 165,01. 

Os números são resultado da Pesquisa Conjuntural de Desempenho (Taxinfo), realizada pela ABIH, a partir de dados são fornecidos diariamente pelos hotéis ao Portal Cesta Competitiva. O cenário é melhor que o ano anterior, quando em 2020 ocupação média de 37,4%, diária de R$ 255,58 e Revpar de R$ 95,58% - índices inferiores aos observados antes da pandemia, como destaca o presidente da entidade, Luciano Lopes. 

“Com o início da segunda onda da pandemia em dezembro de 2020, os primeiros meses de 2021 foram duramente afetados. O setor de hotelaria da capital só veio apresentar sinais de recuperação a partir de julho, com o avanço da vacinação e a reabertura de praias e pontos turísticos”.

Mesmo com cancelamento do Festival da Virada, no réveillon, o mês de dezembro fechou o ano trazendo expectativas positivas para o segmento em 2022. O último mês do ano registrou ocupação de 61,18%, cerca de 13% maior que dezembro 2020. Em 31 de dezembro, os hotéis de lazer em frente ou próximos às praias tiveram taxa de ocupação de 90%, com diária média de R$ 1.016,57. “Com isso, esperamos um desempenho hoteleiro crescente ao logo do ano”, completa Lopes.