Como a Reserva aumentou as vendas online e chegou à fusão com a Arezzo

'Somos obcecados pelos clientes’, afirma Roney Meisler, ceo da marca que cresceu mais de 20% na pandemia

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  • Priscila Natividade

Publicado em 6 de fevereiro de 2021 às 16:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Antes da pandemia, o e-commerce da Reserva representava 25% das vendas do grupo. Em julho, em plena crise, a marca já tinha alcançado 95% da venda on e offline total de 2019. “Em setembro, crescemos 25% e em outubro 20%, contra 2019. Pousamos o avião no Rio Hudson. Todos sãos e salvos.  Vendemos mais de R$ 2 milhões em máscaras, única com atestado de inativação dado pela Fiocruz. Todas vendidas ao custo de produção, sem lucro. Muito orgulho”, destaca o CEO e co-fundador da Reserva, Rony Meisler. 

A marca carioca é conhecida no mercado da moda como não só uma grife de roupas, mas um laboratório de inovação.  Também fazem parte do grupo a Reserva Mini, a feminina Eva e a Oficina. No final de 2020, a Reserva anunciou a fusão com a Arezzo&Co - aumentando o braço da companhia para outros setores da moda. “O grupo Reserva passa a se chamar AR&Co, eu e meus sócios (as) seguimos na liderança da expansão de nossas marcas e na consolidação do mercado de vestuário e lifestyle. Quando grandes marcas se juntam, não tem como dar errado”, garante. O que o esperar do futuro do varejo? Veja na entrevista a seguir.   

CORREIO: A Reserva transformou uma lojinha de roupa masculina carioca em um grupo de várias marcas, lojas próprias, e multimarcas  em todo o país. O que é determinante para vender bem no varejo? Rony Meisler: Vender com propósito e sempre pensando no melhor para os nossos clientes. Atualmente, as pessoas buscam muito mais do que comprar uma roupa, elas buscam experiência de compra e um bom atendimento.Nós somos obcecados pelos clientes. E quem é obcecado por algo normalmente o estuda muito, descobre seus problemas e desenvolve soluções para eles.C: O consumidor passou por muitas mudanças nesse momento de pandemia? Quem é esse consumidor e como você percebe a nova jornada que ele está disposto a buscar na hora de gastar? RM: Após o início da pandemia, o consumidor passou a olhar com mais atenção, principalmente, para a importância de cuidarmos do nosso planeta. Hoje, isso faz parte da decisão do consumo por grande parte dos clientes. Recebo diversas mensagens de pessoas me contando que passaram na loja dizendo que contribuíram com o nosso projeto 1P5P - 1 peça vendida, 5 pratos de comidas doados.O futuro do varejo, além de garantir uma experiência de excelência para o cliente, deve ser construído de forma colaborativa e, principalmente, sustentável.  C: Como ser inovador neste momento de pandemia? Que experiências da Reserva se destacam e antecipam esse novo futuro do varejo? RM: Posso citar a Reserva.Ink. - uma plataforma através da qual todo empreendedor pode montar a sua marca de camisetas em poucos minutos e só se preocupar com o marketing digital. De todo o resto nós cuidamos: sourcing, logística e etc... Além disso, citaria nosso investimento recente na TROC, brechó online, que hoje é responsável pela logística reversa de peças usadas da Reserva e Reserva Mini de nossos clientes. 'Tecnologia é meio e não fim', defende o CEO da Reserva (Foto: Divulgação) C: Por que se tornar sócio da Arezzo? De que maneira isso deve impactar a posição da Reserva e também, o setor de vestuário no país com a participação dentro marca referência em calçados na América Latina?  RM: A Arezzo&Co é um grupo calçadista, uma casa de empreendedores incríveis com os quais nos identificamos muito. Na pandemia, colaboramos (ações de cross sell/ venda cruzada) no Dia das Mães, Namorados e Pais e nossos times se deram muito bem. Daí surgiu a ideia de unir forças.   

C: As collabs viraram um fenômeno dentro do mercado de moda, principalmente em tempos de redes sociais. Essa é mais uma estratégia que pode favorecer esta nova fase? RM: Com certeza. O público de ambas se conecta e gosta de ver coisas novas e diferentes sendo feitas. A nossa @rsvmais, célula criativa de colaboração de marca, lança uma collab incrível por mês. Para além da boa venda aprendemos absurdos a cada collab lançada.A marca já fez collabs com a Amazon, Fila, Keith Haring, Félix, Mamonas Assassinas, Umbro, Heinz, Snoop. Essa troca é ótima para estreitar os laços com empresas diversas, trabalhar com pessoas diferentes e atingir outros públicos diferentes. Sempre bom para os dois lados.  C: O que a pandemia deixa de lição para o setor? RM: Não conheço nenhuma maneira melhor de ser diferente do que ser de verdade. Erros, para o empreendedor, são apenas as etapas necessárias no caminho para o acerto. Fomos aprendendo, crescendo e amadurecendo.Não há mais dúvidas de que a loja física não vai morrer e, sim, ocupar um papel relevantíssimo na construção da experiência e nível de serviço da marca.Os bots (programas que realizam tarefas repetitivas) não substituirão jamais as pessoas que, além de vendedores passam a ser concierges (profissionais que fazem o primeiro atendimento) da comodidade dos consumidores. Não fazemos apenas roupas, mas, sim, usamos moda e tecnologia para melhorar a vida das pessoas. As pessoas confundem tecnologia com inovação. Tecnologia é meio e, não, fim. O que fizemos ao longo do tempo foi resultado de nossa paixão pelo cliente e da nossa vontade de entregar uma experiência de marca muito acima do seu nível de expectativa.

QUEM É

Rony Meisler é o CEO e um dos co-fundadores da marca carioca lifestyle Reserva. O grupo conta com 106 lojas, cerca de 2 mil funcionários, além da presença em mais de 1,4 mil multimarcas pelo país. Em 2015, a Reserva foi eleita uma das empresas mais inovadoras do mundo pela revista ame- ricana FastCompany, em meio a nomes como Apple, Google, Netflix, Ikea e L’Oréal.