Como curar a ressaca do Natal

Hidratação é metade do caminho; especialistas alertam para dietas e exercícios “milagrosos”

Publicado em 26 de dezembro de 2021 às 11:00

- Atualizado há 10 meses

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Peru, farofa, panetone e muita uva passa depois de um dezembro regado a comidas gordurosas e bebidas, é comum sentir o corpo mais pesado ou inchado no dia seguinte ao Natal. Pudera: segundo pesquisa do site Treated.com, a ceia natalina brasileira tem uma média de 2.930 calorias, a sexta mais engordativa do mundo. Boa notícia: é possível minimizar os efeitos da comilança nos dias seguintes. Mas é necessário um pouco de disciplina a longo prazo: não adianta correr da Barra até o aeroporto, ou passar dias a base de água e alface. A ressaca natalina não é apenas moral, e passar por ela requer alguns cuidados.

O primeiro deles, segundo a nutricionista Maria Melo, é reforçar a hidratação. A especialista - que também é proprietária do Pratododia, restaurante vegetariano em Santo Antônio de Jesus, na região do Recôncavo - diz que o corpo precisa de mais água do que o normal quando “enfrenta” comidas mais pesadas e, principalmente, álcool. “Os órgãos digestivos como os rins, fígado e intestino, ficam mais sobrecarregados quando a pessoa ingere uma quantidade maior de gorduras e bebidas alcoólicas. São pelo menos três dias para que eles consigam voltar a trabalhar normalmente, então o ideal é abusar da hidratação com água, sucos naturais e água de coco”. Para acelerar o processo, um copo d’água morna com sumo de limão e um suco verde são boas pedidas.

Outra dica é dar preferência a comidas mais leves, como saladas, frutas e verduras frescas. “São ricas em fibras, que funcionam como esponjas e ajudam a faxinar o organismo. Dá para manter algumas oleaginosas do cardápio natalino, como nozes e castanhas, porque são fontes de gordura boa. Mas o ideal é evitar frituras e proteínas de origem animal, que são de absorção mais lenta. Ou então preferir carnes brancas grelhadas ou assadas”. 

Exercícios são aliados  E quem não abre mão do treino? Aliás, é para abrir mão do treino? Faça chuva, faça sol ou faça feriado, Aline Zamira, estudante de medicina, está firme na rotina de atividade física. Desde que passou por uma reeducação alimentar, ela buscou orientação para fazer exercícios regularmente. “Eu tento não ficar ‘noiada’ com comida e treino, já fui de fazer dietas restritivas e hoje não ligo muito para o peso. Gosto de ter uma rotina de alimentação e atividade física. Mas respeito os limites do meu corpo, hoje sei que não adianta fazer um treino pesado quando eu acordo muito cansada ou sem energia”. 

O médico veterinário João Gabriel Mascarenhas segue a mesma linha. Assim como Aline, ele passou por uma reeducação alimentar e mudou hábitos que fizeram com que ele e a noiva engordassem 10 kg durante a pandemia. “Mudamos a alimentação e buscamos uma rede de academias que tem filiais em vários bairros e até cidades diferentes. Viajamos para a casa do meu pai, no interior, mas, mesmo assim, conseguimos manter a rotina de treinos”, explicou. Segundo Paulo Tuchê, profissional da educação física e vice-presidente do Conselho Regional de Educação Física da Bahia, a atividade física pode ser uma ótima aliada para combater a ressaca das festas se feita com responsabilidade. 

“O que eu recomendo é, neste momento de verão, com festas e mais calor, alternar os tipos de atividades. Trabalho com gente que faz maratona, então troco os treinos longos por treinos mais leves, na areia, funcional ou crossfit. Na musculação tem como fazer isso também, reduzindo a carga e diminuindo as repetições. Exercício tem que ser uma rotina, uma disciplina, mas tem que ter prazer também”. Além disso, a alimentação também tem impacto direto na relação com a atividade física. “Se a pessoa quer fazer um detox mais radical, com poucas calorias, o ideal é fazer atividade leve ou nenhuma atividade, já que o risco de desidratação é alto”, explicou. 

Aline sabe bem o que é isso. “Teve uma vez que fiz um exercício cardiorrespiratório depois de um dia de festa, tive uma hipoglicemia, a visão ficou preta e percebi que ia desmaiar. Fui para casa, fiquei quietinha e, a partir desse dia, resolvi respeitar os limites do meu corpo”. Entender que não tem problema exagerar pontualmente ajuda a controlar a ansiedade. João Gabriel explicou que se manter saudável ficou mais fácil depois que ele entendeu que “é normal um dia ou outro sair da dieta. Quer comer panetone? Pode comer um pedaço, não precisa comer um inteiro. Outro dia estávamos cansados do trabalho, da rotina e comemos brigadeiro de boa. Mas sabemos que é uma vez, no outro dia é vida normal”.

Maria Melo concorda e alerta para outros problemas que podem surgir a partir da culpa. “Não adianta sair de um exagero, o de excesso de comida, para outro, de quase passar fome e praticar atividade física incompatível com a nutrição. Isso pode abrir caminho para transtornos alimentares e hábitos poucos saudáveis a longo prazo”, explicou. Para a nutricionista, vale aproveitar a chegada de 2022 para dar atenção especial ao corpo. “O ideal é manter uma alimentação equilibrada, com a orientação de nutricionista, e a prática de exercícios com profissionais da área. Para fechar com chave de ouro, vale buscar acompanhamento psicológico”, completou.