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Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
O Bahia de dez anos atrás: eleição colocou Marcelo Guimarães Filho como sucessor de Petrônio Barradas, mantendo o “rodízio” informal no clube, que revezava entre um presidente mais alinhado com Paulo Maracajá e outro com Marcelo Guimarães pai, as duas grandes lideranças naquela primeira década do século XXI. Marcelinho, como o então jovem e novato dirigente era chamado na época, assumiu fazendo a promessa de “romper velhos hábitos”, como destacou o CORREIO em entrevista publicada no dia 21 de dezembro de 2008.
Em parte, verdade. MGF havia acabado de contratar, de maneira corajosa e audaciosa, Paulo Carneiro para gerir o futebol do Bahia. É sabido que o futebol tricolor deixou a desejar na temporada seguinte, a de 2009, e a passagem do ex-presidente do Vitória duraria apenas um ano – embora tenha sido útil em questões organizacionais e estruturais.
Em parte, os velhos hábitos continuavam. O time foi montado de acordo com a demanda de atletas disponibilizados por um empresário (Orlando da Hora). Em um dos trechos da citada entrevista, Marcelo Guimarães Filho disse que pensou em fazer contrato de dois anos com o técnico Alexandre Gallo, mostrando o que seria um novo conceito de planejamento que aportava no Fazendão. Gallo durou sete meses no cargo. Foi demitido após perder o Baiano e claudicar no início da Série B.
Um dia antes dessa entrevista e há exatos dez anos, o CORREIO noticiava que os funcionários do clube tinham recebido dois meses de salário atrasados, referentes a setembro e outubro. Novembro, portanto, continuava em aberto, assim como o 13º, que vencia naquele dia.
O Bahia preparava a mudança para Pituaçu, após uma temporada itinerante entre Camaçari e Feira de Santana, por causa da tragédia que matou sete pessoas e fechou a Fonte Nova, em novembro de 2007. Havia, na torcida - e em quem acompanha o futebol de modo geral - uma esperança de renascimento do clube, com fortalecimento do futebol, da marca, do respeito.
Uma parte do sucesso chegou em 2010, com o retorno à Série A e toda a catarse coletiva que o fato proporcionou. Mas o tempo mostrou também que muito se esperou em vão, pois alguns dos velhos hábitos não foram rompidos; apenas repaginados. MGF subestimou o desejo de mudança e colocou seu trabalho e seu mandato a perder.
Às vezes, ao vivenciar o cotidiano de algo ou alguém por uma década, não percebemos o quanto mudou pois estamos submersos naquela realidade. Definitivamente, este não é o caso do Bahia. Dez anos são pouco tempo dentro da história de um time de futebol, mas no caso tricolor é fácil perceber que hoje é melhor que ontem. O salto que o Bahia deu de 2008 para 2018 é enorme. Tornou-se um clube muito maior do que era há dez anos.
Onde estará o Bahia no final de 2028? Difícil prever. Certo é que os passos dados hoje farão diferença, como fizeram em 2008, os bons e os maus. Aqueles na contramão serviram de exemplo do que não pode ser repetido. O Bahia sofreu para recuperar sua estima. E, depois de quase perecer, sabe os erros que não pode mais cometer e por onde deve caminhar. Cada dia é importante.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.