Competição justa: nivelando as regras do jogo

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  • Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 09:47

- Atualizado há um ano

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É racional para um sistema produtivo que cada indivíduo ou nação concentre investimentos nas atividades em que possuem vantagem comparativa, para produzir com mais eficiência e ética o bem ou serviço demandado. O ganho geral se dá justamente pelo fato de cada um fazer aquilo que faz melhor no ambiente competitivo a que chamamos de mercado.

A globalização, em certa medida, é uma extensão saudável dessa realidade, ou seja, um livre mercado em âmbito mundial, o que permite maior eficiência ainda. Países como o Brasil e a Austrália podem focar em setores dependentes, por exemplo, de recursos naturais, energia eficiente e indústria, ao passo que a Índia investiu em educação e se tornou altamente competitiva em determinadas atividades profissionais, como as ligadas à tecnologia. Investimento em educação cria os melhores profissionais do mundo.

A premissa para o adequado funcionamento desse mercado global, porém, é a preservação das regras do jogo, ou seja, um equilíbrio daquilo que se exige dos players. Quando alguns países precisam obedecer regras rigorosas enquanto outros as ignoram, temos um jogo enviesado, injusto e ineficiente. Sai o investimento de qualidade, sobram distorções no mercado.

O caso do meio ambiente é sintomático. Países que hoje recorrem a processos produtivos poluentes não são cobrados quanto a questões ambientais, sabe-se lá por quais motivos. Nações que produzem sob os melhores padrões são mais cobradas do que as que fazem o pior. Trata-se de tratar a preservação ambiental como aspecto fundamental. Mas seria injusto cobrar um comportamento de certos países e de outros não. E pode parecer até hipócrita.

No mercado de crédito de carbono está implícita essa ideia. Os países mais ricos devem pagar para que os mais pobres poluam menos exatamente porque todos reconhecem que, ou as regras devem ser isonômicas, ou deve existir uma recompensa para quem joga com defasagem. 

Infelizmente, alguns países não cumprem as mesmas regras vigentes no mercado global. São normalmente países de democracia frágil ou mesmo ausente, sem imprensa livre para cobrar desvios e sem mecanismos de liberdade aos trabalhadores. Em regimes opacos assim a vantagem artificial de produtores locais vem às custas de seus cidadãos e dos competidores internacionais. 

Nesse ambiente, destrói-se a natureza, flerta-se com trabalho escravo e pratica-se pirataria. De novo, curiosamente esses países não são tão visados pela sociedade.

Aqui, enfrentam-se o custo Brasil, vácuos de infraestrutura, burocracia asfixiante e impostos escorchantes e complexos. Somar a isso zelo demasiado aos cuidados nunca demandados de seus concorrentes soa estranho. Isso não significa que os brasileiros deveriam ignorar malfeitos de seus produtores, e, sim, que deveriam lutar com mais afinco para nivelar as regras do jogo global. É uma questão de proporção, prioridade e justiça. Competição justa é do interesse de todos.

*Frank Geyer é controlador e presidente do Conselho de Administração da Unipar