Conheça o Ativa Atelier, espaço aberto aos projetos de arte e economia criativa

Localizado no Rio Vermelho, ateliê foi criado pela artista visual Lanussi Pasquali

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 24 de novembro de 2019 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Salvador é uma cidade encantadora porque, entre outras coisas, é composta por seus pontos turísticos consagrados e tradicionais, mas também abriga uma série de lugares escondidos, que pouca gente conhece, mas com iniciativas, espaços e histórias muito legais. É o caso do Ativa Atelier.

O espaço fica na Rua Tupinambás, no Rio Vermelho. A ruazinha tem um estilo bem residencial. Muitos prédios, casas e sequer tem saída. Todo mundo entra e sai pelo mesmo lugar. O Ativa se propõe a convergir uma série de iniciativas, desde oficinas e cursos livres das mais diversas manifestações artísticas a  estúdio de tatuagem, biblioteca, feira orgânica e até padaria.

Fundadora do espaço, a artista visual Lanussi Pasquali conta que, apesar de o ateliê só ter nascido em março deste ano, o lugar já tem uma movimentação muito interessante e serve como um centro de formação de artistas para além da academia. Segundo Lanussi, a ideia do espaço floresceu após a morte de seu marido, o também artista Joãozito Lanussi, em 2017, após uma luta contra um câncer de vesícula.

“Quando João faleceu há dois anos, eu fiquei pensando o que ia fazer da minha vida. A gente já tinha comprado esse espaço, mas o ateliê ficou enorme pra mim sozinha. Decidi me colocar no território onde me sinto feliz, que é nas artes”, contou a artista.

O espaço é aberto para todo tipo de gente - artista ou não. Há, também, uma espécie de política de abrir turmas para jovens e adolescentes em boa parte dos cursos e oficinas que acontecem por lá. Um exemplo é a oficina de desenho ministrada pelo artista Pedro Marighella. O curso, com duração de um mês, possui uma turma de adultos e outra para os mais jovens. É uma forma de complementar a formação dos adolescentes com conteúdos que a escola não costuma oferecer.

Além disso, Lanussi conta que não é incomum que o ateliê abra espaço para bolsistas ou dê descontos nas atividades que acontecem no Ativa. Normalmente, espera-se apenas um número mínimo de inscritos ser alcançado para oferecer as bolsas.

“O artista vive disso. É como ele sobrevive, paga as contas. Quando um curso é ministrado, há toda uma trajetória de estudo, preparação da pessoa que está ali compartilhando seu conhecimento. Nós temos essa proposta de dar um espaço para que essa roda de economia criativa gire e as pessoas que trabalham com arte sejam remuneradas por isso”, defendeu Lanussi. Impressoes na Risograph tem uma aparência vintage e de serigrafia (Foto: Marina Silva/CORREIO) Espaço Feminino

Além do ateliê, o casarão onde o Ativa se localiza também abriga um estúdio de tatuagem que é tocado por Manu (@respiroink), tatuadora que trabalha apenas com desenhos autorais e transita entre as capitais baiana e paulista. 

O estúdio é formado exclusivamente por mulheres. Lanussi teve essa ideia por entender que os estúdios de tatuagem costumam ser ambientes machistas e até um pouco hostis para mulheres. Portanto, ter um estúdio formado apenas por elas é uma forma de ir na contramão desse sentimento.

O ateliê também tem uma garagem imensa, onde, aos sábados, acontece uma feira orgânica. Mas também é possível usar o espaço para exposições e cursos. Por sinal, no próximo mês de dezembro, o Ativa coloca na rua a Feira de Artes e Afins (Festiva). Serão três dias de atividade, entre os dias 6 e 8. O evento reúne shows, palestras e oficinas. Vai ter de tudo um pouco: malabares na rua para crianças, curso de dobradura e colagem e lançamento de livro. A programação completa está disponível no Instagram @ativa_atelier.

“O Festiva é uma forma de celebrar as iniciativas que estão acontecendo aqui dentro e mostrar que o projeto está dando certo. Ainda queremos ampliar, criar mais coisas, mas para um primeiro, ano eu estou muito satisfeita”, afirma Lanussi. Acervo de livros de arte complementam formação de alunos dos cursos de desenho (Foto: Marina Silva/CORREIO) Risograph

Quem visita o ateliê pode entrar em contato com uma ‘moradora’ especial de lá. É a copiadora Risograph. Japonesa de origem, ela foi lançada em 1986 e seu objetivo era basicamente servir como uma alternativa para impressão de provas escolares, notas de tabelionato e outros documentos mais simples.

Contudo, alguns artistas perceberam que a máquina tinha capacidade de ir além. Suas impressões têm um ar de serigrafia, um toque meio vintage e, com criatividade, é possível fazer muitas coisas bonitas com ela. 

No Ativa, a Risograf sempre participa das atividades de encerramento de oficinas e todo o material de divulgação do Festiva foi pensado em suas virtudes. 

*Com supervisão da subeditora Andreia Santana