Conheça os 10 maiores erros financeiros e faça as pazes com o orçamento

Confira o guia prático para gastar menos do que recebe e não enfrentar problemas com dívidas no ano que vem

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  • Priscila Natividade

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 05:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Evandro Veiga ? Arquivo Correio)

Atire a primeira moeda quem nunca passou por um aperto financeiro nesta vida. E aí se ajusta aqui, corta algumas coisas ali, abre mão de uma coisa de um lado, economiza do outro, mas lá na frente... acaba repetindo o mesmo erro. É aí que mora o principal motivo para não conseguir tirar as contas do vermelho. Errar, todo mundo erra. Mas é preciso aprender com ele, até mesmo no que diz respeito às finanças pessoais. 

Por isso, especialistas em educação financeira listaram para o CORREIO, os 10 principais erros que comprometem o orçamento e não deixam que o consumidor saia da dependência do cheque especial ou que o impeça de guardar algum dinheiro (veja abaixo). São comportamentos que muitas vezes parecem ingênuos e nem se percebe: como não saber quanto paga de juros no cartão de crédito e  não sonhar em conquistar algo  em curto médio e longo prazo. 

“Primeiro é preciso entender que aprendemos a fazer errado um orçamento. Muita gente pensa que ‘Ganhos - Despesas = Lucro ou Prejuízo’. A grande questão é nem sequer colocar os sonhos nessa conta”, afirma o educador financeiro da Dsop, Allan Andrade, que propõe ao consumidor outro exercício: “Vamos mudar este cálculo para ‘Ganhos - Sonhos - Despesas’ e vejam como tudo vai mudar. No entanto, tem muita gente que nem ao menos possui sonhos, por isso, esse é o primeiro passo para combater esses grandes vilões”, completa. 

É daí vai se tirar o estímulo para planejar e organizar as contas, como destaca o mesmo especialista. “Pratique esse orçamento financeiro de forma diferente. Quando se coloca um sonho como prioridade os gastos são readequados e junto com eles o padrão de vida da família. O que não pode é não saber para onde vai o dinheiro e nem ter controle sobre ele”. 

Sinal de alerta

O presidente do aplicativo Renda Fixa, Francis Wagner, chama atenção para outros erros, entre eles as “suaves prestações”. E aí entra os riscos do consumismo e aquele equívoco de viver bem, mas fora do padrão de vida que se pode sustentar. 

“Isso pode sobrecarregar sua fatura no cartão e até colocá-lo em um mar de dívidas. Fazer um planejamento antes de adquirir um bem pode ser a chave para não terminar tendo que pagar por muitos meses e acumular dezenas de parcelas sem necessidade”, recomenda.

A solução: ter foco sobre as reais necessidades para conter qualquer que seja o impulso. “A gente é impactado a todo o momento por ações de publicidade de diferentes empresas, isso acaba gerando nas pessoas aquela falsa sensação de necessidade. Não use o que ganha para manter status”, afirma. 

Outro ponto que não pode ser deixado de lado em 2019 tem haver com o futuro. Sim, guardar dinheiro tem que ser uma das metas - o ideal é que esteja acima até mesmo das promessas de começar uma dieta depois do feriado. “Existe uma certa limitação quando o assunto é o futuro, nós somos extremamente imediatistas e acreditamos excessivamente no nosso eu do amanhã, como se ele fosse resolver todos os nossos problemas de hoje. Porém, o amanhã é logo ali e se não agirmos hoje será muito complicado ter uma tranquilidade financeira no futuro”, aconselha Francis Wagner.  Monitoramento

Para garantir que tudo dê certo, o consumidor vai ter que monitorar suas contas. O conselho é da educadora financeira comportamental Meire Cardeal. “Não é só jogar tudo na planilha e deixar que ela faça o trabalho sozinha. Acompanhe, monitore o dinheiro que entrou e o que saiu”, afirma. 

Ainda de acordo com ela, para entender o que acontece com o seu dinheiro vale a pena dominar as ferramentas financeiras. “Desorganização e ausência de informações sobre educação financeira leva o consumidor a pagar juros altos que corroem o salário, a renda mensal”, pontua.

Outra dica importante está em não fugir das contas, ou deixar para amanhã o que se pode organizar hoje. “Não realizar o orçamento mensal e o controle financeiro é um dos problemas que levam a todos os outros erros. A ausência da organização e controle das receitas e despesas mensais pode transformar a vida financeira do cidadão em um precipício. Não detone o seu salário pagando juros abusivos”.

Relato

Hoje, ela é youtuber e em seu canal ensina sobre finanças pessoais. Até chegar nesta posição, que lhe permite ajudar muitas pessoas que enfrentam  dívidas, Julia Mendonça teve de resolver seus próprios problemas. Abaixo ela mostra como superou uma dívida acumulada de R$ 80 mil em dois anos e ainda conseguiu juntar dinheiro para poder casar.  Hoje ela é youtuber de sucesso ensinando finanças pessoais. Mas antes, Júlia Mendonça precisou pagar R$ 80 mil em dívidas (Foto: Divulgação) "Sim, todo mundo erra, mas não precisa errar sempre  Eu tinha 19 anos quando eu conheci o Felipe, que hoje é o meu marido. A gente não tinha experiência nenhuma com o dinheiro e ganhava bem como estagiário, mas não ganhava tão bem como imaginávamos. Comíamos fora todos os dias e até roupa pra mergulhar no gelo compramos. E aí ficamos noivos e mais uma sucessão de erros (financeiros) antes de chegar ao fundo do poço: apartamento, carro novo... Compramos tudo que não dava para comprar. Íamos ao banco e saíamos de lá com um empréstimo e no mês seguinte – olha nós lá no vermelho de novo. Quando percebemos já não tinha mais de onde tirar dinheiro. A única coisa que ficou foi uma dívida de R$ 80 mil: dois limites de cheque especial de dois bancos diferentes, oito meses de financiamento do imóvel em atraso, empréstimo, prestações do carro, faculdade. Foi então que eu falei chega e começamos a conseguir quitar todas as dívidas em dois anos e ainda casar. A estratégia foi a seguinte: primeiro eu comecei a estudar mais sobre finanças porque antes eu não sabia nem o que era cheque especial, quanto mais o impacto dos juros nisso. Comecei anotando tudo que estava devendo na planilha e outros gastos mensais necessários. E então comecei a perceber o peso que os juros tinham em tudo isso. Quando voltei ao banco eu já tinha mais conhecimento e não caía mais no papo do crédito caro ou em qualquer produto que o gerente vinha me oferecer. Fui aprendendo a negociar e ver o que nós tínhamos que pagar todo mês. O que ajudou muito neste período foi buscar uma renda extra que incrementasse o meu salário e do meu marido.  Então, todo esse dinheiro que entrava era automaticamente direcionado para pagar as dívidas. A gente não percebe o estrago que os juros faz até ter que pagar por ele.   Depois disso eu não me endividei mais. Tudo isso despertou em mim um interesse em finanças pessoais e planejamento financeiro. Deixei de lado minha profissão na área de comércio exterior e fui atrás de uma especialização na área financeira. Virei planejadora e daí para frente veio o canal no Youtube e não parei mais. Me apaixonei.  Acho que o que mais aprendi a valorizar foram as perguntas ‘eu preciso mesmo disso?’, ‘Tem que ser agora?’, ‘Eu tenho esse dinheiro para pagar?’. Quando respondo a estas perguntas eu tiro aí 70% da minha vontade em comprar". O canal de Juliana está há dois anos no ar e atualmente  tem198.695 inscritos onde posta vídeos que já passaram de 300 mil visualizações.

Os 10 maiores erros financeiros

1) Não entender suas  finanças  Estude. Busque informações  sobre tudo que precisa pagar, ganhar e investir. Conheça a fatura do seu cartão, compare custos. Também não aceite qualquer coisa que o banco te ofereça.

2) Não controlar as receitas e despesas mensais   Não é só anotar tudo o que gasta, mas também comparar o comportamento dos gastos: onde eu gastei mais, aqui dá para cortar, ali deu para economizar, etc.

3 ) Confundir  crédito com renda Cartão de crédito, empréstimo ou limite do cheque especial não fazem parte do salário. No acumulado ano, a taxa de juros do cartão chega a 214,49%. Não tem orçamento que suporte.

4) Viver de aparência  Todo mundo quer conforto e viver bem, mas é preciso ajustar as contas ao que você realmente ganha. Então, reveja seu padrão de vida e se coloque no degrau que realmente pode alcançar.

5) Não buscar alternativas de compensar a renda  Se o orçamento entrou no vermelho vai ter que cortar despesas. Mas se o caso é de endividamento busque uma renda extra. Pense em algo que complemente sua receita.

6) Não  pesquisar preços   Acompanhe o desempenho dos preços dos produtos e serviços que consome, fique atento a promoções e, de fato, torne um hábito pesquisar tudo antes de decidir pela compra.

7) Não sonhar  Reflita sobre o que se quer em curto prazo (nos próximos doze meses), no médio (entre um e dez anos) e no longo prazo (a partir de dez anos). Com sonhos é difícil cair no consumismo e no crédito fácil.

8) Comprar por impulso Algumas perguntas devem ser feitas antes de fazer uma compra, como: ‘eu realmente preciso disso?’,  ‘Tenho dinheiro para pagar?’. Fique alerta e avalie sempre a  necessidade de ter ou não.

9) Não pensar no futuro  Entenda seu perfil de investidor e não precisa de muito para começar. Com R$ 30, por exemplo, é possível adquirir títulos do Tesouro Direto, que rendem mais do que a poupança.

10) Não saber investir  Planeje seus investimentos em cima do tipo de ativo que está adequado ao seu aporte mensal, a finalidade e o prazo que deseja manter aquele dinheiro guardado.  Entenda a sua aplicação.