Conjecturas sobre o quinto metatarso

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  • Da Redação

Publicado em 3 de março de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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É impressão minha ou, tirando o porre da Globo, a contusão do principal jogador da Seleção Brasileira nos meses que antecedem a Copa do Mundo não gera mais a comoção que outrora gerava?

Veja bem, caro leitor ou bela leitora, não vai aqui neste bilhete nenhuma incitação para que as pessoas cancelem os afazeres, fechem as ruas ou façam vigília na porta do hospital em que Neymar será operado. Pelo contrário, a vida tem mais é que seguir mesmo. Só faço o questionamento porque tal dúvida me pegou esses dias.

Tão mimado quanto habilidoso, é Neymar que não comove as massas ou é a Seleção que não desperta mais tanto interesse? Será que o problema é a Copa do Mundo, que perdeu um pouco da graça depois que vimos de perto como ela é feita? Por outro lado, seria esta relativa passividade mais um reflexo da crise, posto que temos muito mais com o que nos preocupar do que com o ossinho fissurado do atacante? Aliás, em última análise, será que não é este bendito osso o culpado pela calmaria? Há de se refletir.

Se Neymar tivesse machucado o joelho ou o tornozelo, esses pedaços do corpo que todo mundo conhece, talvez a preocupação tomasse boa parte dos lares brasileiros. Acontece que o “menino Ney” foi inventar de fissurar um negócio que é mais um xingamento que um osso. Sejamos francos: não dá para esquentar muito o juízo com algo que se chama quinto metatarso.

Façamos um exercício fácil de memória. Em 1998, a grande questão nacional era se Romário jogaria ou não a Copa da França. Após grande expectativa, o Baixinho foi cortado. Passados quatro anos, o Brasil queria saber como estaria o joelho de Ronaldo. Estava ótimo. Já em 2006, a indagação sobre Ronaldo não tinha a ver com seu joelho - o que todos se perguntavam é se ele caberia no uniforme.

Naquele ano, quem chegou à Alemanha meio baqueado foi Ronaldinho Gaúcho, melhor do mundo à época, mas com atuações sonolentas na Copa. Em 2010, as dúvidas estavam com Kaká, que terminou jogando o Mundial com joelho e púbis bichados, na base da infiltração – e nunca mais foi o mesmo. 

Pode ser, claro, que eu esteja enganado ou frequentando os lugares errados, mas, até onde minha percepção alcança, os casos acima causaram um rebuliço bem maior que a cirurgia de Neymar. Outra conclusão possível é a de que os avanços da medicina e das técnicas de fisioterapia deixam os torcedores mais tranquilos, mas eu ainda prefiro a teoria de que a culpa é do metatarso. Do quinto, para ser mais exato.

Neymar, dizem os entendidos, vai chegar muito bem na Copa, e com a vantagem de estar mais descansado que os craques das seleções rivais. Pelo sim, pelo não, temos ainda alguns meses daqui até lá para conseguir pronunciar quinto metatarso sem tropeços. Vai que o caldo entorna na Rússia, já deixamos o osso separadinho, como primeira opção para ser o culpado.

Sem fundo Por um momento, achei que as patacoadas do Ba-Vi ficariam restritas ao jogo e seus reflexos mais imediatos. Só que aí surgiu uma postagem cretina de Kanu simulando socos, um vídeo idiota de Vinícius, o julgamento mandrake do TJD e alguns tricolores (próximos da gestão) querendo criar caso com o Barradão na Justiça. O poço não tem fundo.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados.