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Publicado em 23 de maio de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) divulgada pelo IBGE nos últimos dias traz notícias surpreendentes tanto para a Bahia como para a comunidade negra baiana. Em que pese o tsunami de notícias ruins que o Brasil tem sido vítima nos últimos tempos, a pesquisa revela algo de positivo e que tem a ver com o trabalho incessante que o movimento negro baiano, em particular as entidades culturais negras, vem realizando há mais de 40 anos.
Refiro-me aos dados que indicam que a Bahia é o único estado do país em que houve crescimento do número de pessoas que se autodeclaram pretas (22.9%) contra 18,1% que se declaram brancas, representando um acréscimo não vegetativo da ordem 35,5%. Na mesma pesquisa é identificado que houve uma redução do número de pardos (- 3,9%) e de brancos (- 6,9%). Tudo isto ocorrendo no intervalo de 2012 a 2018, portanto um fenômeno que está em pleno acontecimento.
Esse fato auspicioso que indica claramente o sucesso das ações e iniciativas tanto do poder público quanto do movimento negro baiano em torno da auto estima da população negra é algo inquestionável e por isto mesmo temos que dar um destaque todo especial as entidades negras da área cultural, em particular a duas delas que tem desempenhado papel fundamental nesse processo: o Olodum e o Ilê Aiyê.
Essas entidades são dois exemplos marcantes de ação afirmativa na área da cultura e da educação em nosso estado. Seus trabalhos são hoje reconhecidos nacional e internacionalmente, atingindo em pouco mais de 40 anos milhares de crianças e jovens negros, possibilitando a maioria deles um horizonte distinto daquele que lhes estava reservado tradicionalmente – as ruas, a marginalidade e consequentemente a exclusão.
Não seria absurdo afirmar que foram trabalhos como estes que proporcionaram o aumento dessa assunção da condição de negro, na última pesquisa IBGE. Mais que isto, são ações como estas, que tem sido a mola propulsora da mobilização do movimento negro baiano nos últimos anos. Mais importante ainda foram as premissas adotas nestes trabalhos: Educar para combater o racismo. Educar para a cidadania. Educar para fortalecer a autoestima. Educar utilizando como instrumentos fundamentais para a transformação - a arte e a cultura de origem negra.
Toca a zabumba que a terra é nossa!
*Zulu Araújo é diretor geral da Fundação Pedro Calmon (FPC)