Conscientes e por indicação: saiba como votaram jovens de Salvador

Jovem eleitores entrevistados pelo CORREIO acreditam no voto como poder de mudança 

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  • Marcela Vilar

Publicado em 15 de novembro de 2020 às 21:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Tiago Caldas/ CORREIO

As eleições municipais de 2020 foram atípicas, feitas em plena pandemia de covid-19 e também coincidiram com a data da Proclamação da República do Brasil, ocorrida em 1889. Esse dia simbólico da afirmação da democracia relembrou aos jovens de Salvador o poder do exercício da cidadania e da esperança da mudança por meio do voto. Esse sentimento foi relatado por alguns com quem o CORREIO conversou neste domingo (15).    Na hora de ir às urnas, duas palavras que mais pesaram foram representatividade e esperança, no caso, de ter um futuro melhor para cidade onde vivem. Por outro lado, alguns eleitores de primeira viagem nem sabiam em quem votar, não fizeram pesquisa e tinham muitas dúvidas sobre a representação do voto e o significado disso para o funcionamento de uma democracia. Alguns, inclusive, aceitaram a indicação de familiares ou amigos para escolher quem os representasse nos poderes Executivo e Legislativo municipal.   Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 1.897.098 eleitores aptos a votar na capital baiana, 222.024 têm entre 16 e 24 anos - o que corresponde a 11,71% do eleitorado total. Como as estatísticas do TSE não apresentam dados de quantos votaram pela primeira vez, e sim a faixa etária desses eleitores, não há como mensurar quantos de fato tiveram o primeiro contato com as urnas. 

Até porque existem eleitores como Iuri Kruschewsky, por exemplo, que votou pela primeira vez, aos 20 anos. Mesmo tendo 18 anos nas últimas eleições - as presidenciais, em 2018 - ele ainda não tinha título.   Morador do bairro da Boca do Rio, ele votou no Instituto Municipal de Educação Professor José Arapiraca, perto de casa. Acordou cedo para se liberar logo da obrigação - foi no horário recomendado às pessoas maiores de 60 anos, por volta das 8h da manhã. Segundo ele, não tinha ninguém na seção, não houve fila e o processo todo durou menos de dois minutos. Precavido, ele levou a própria caneta para assinar a documentação.    Seu voto foi para um vereador que faz trabalhos na comunidade onde mora, por isso que ele acredita na mudança e renovação da Câmara Municipal. “Acho que esse ano vai ter mudança, porque no vereador que votei, ele faz alguma coisa onde a gente mora, troca lâmpada, bota asfalto, ajuda a gente. Alguns empregos também, se a gente estiver precisando, ele indica. Acredito no poder do voto, acho que ele pode mudar muito nossa realidade”, contou Kruschewsky. 

Dúvidas na escolha No colégio Anchieta, na Pituba, era a primeira vez também da estudante de medicina Maria Luiza Barreto. Aos 19 anos, ela fez a pesquisa para conhecer o histórico do candidato. “Fiquei um pouco nervosa, mas acho que estou exercendo meu direito de cidadã, então estou feliz e quero que meu candidato ganhe. Estava bem confusa em relação a prefeito, então olhei tudo, vi todas as propostas e fui bem estudiosa em relação a isso”, avaliou. 

Ela comentou que optou por eleger mulheres e pessoas negras. “Vim com isso na cabeça, de querer eleger mais mulheres, mais pessoas negras, então acho que a juventude está com essa mente. Acho que vai ter mudança sim”, narrou a estudante. Na sua seção, os protocolos sanitários foram cumpridos, segundo ela. Maria também levou sua própria caneta, seu próprio álcool em gel e o aplicativo do E-Título, criado pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) para que os eleitores tivessem acesso ao título digital. 

O dia 15 de novembro também coincidiu com a data de aniversário de Lara Hocevar, 22 anos, estudante de medicina da Escola Bahiana de Medicina. Ela votou na Faculdade de Administração da Universidade Federal da Bahia (Ufba) pela terceira vez. “Meu aniversário é sempre feriado, então é sempre um dia de distração. E hoje (ontem) foi um dia de cumprir uma obrigação, de tentar mudar uma coisa que a gente reclama sempre e a gente precisa se posicionar”, contou. 

O operador de telemarketing Eduardo Vilas, 21, votou na Boca do Rio, no colégio Montessoriano. Ele também relatou dificuldade em escolher em quem iria votar e aceitou a indicação do padrinho. “Eu não estava sabendo em quem realmente votar, não estava vendo uma pessoa que merece nosso voto. Mas é um dia super importante, porque está decidindo os nossos representantes, quem vai melhorar nossa qualidade de vida, saúde e educação”. 

A médica Mariana Cabral, 25 anos, sempre votou no Colégio Anchieta e percebeu que nessas eleições as pessoas estão mais participativas. “A gente percebe que nas redes sociais as pessoas estão muito mais politizadas e então espero que elas reflitam esse mesmo pensamento nas eleições”, deu o recado. 

Eleitorado jovem de Salvador - aptos a votar, segundo TSE 16 anos - 500 (0,03%) 17 anos - 3.616 (0,19%) 18 anos - 11.694 (0,62%) 19 anos - 23.548 (1,24%) 20 anos - 32.811 (1,73%) 21 a 24 anos - 149.855 (7,9%) Total: 1.897.098 eleitores aptos a votar em Salvador, 222.024 têm entre 16 e 24 anos (11,79%)

*Sob orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier