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Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2021 às 14:00
- Atualizado há 2 anos
O escritório brasiliense de advocacia Galvão & Silva, que atende clientes nacionais e internacionais em 16 áreas do direito, teve um aumento súbito de até 386% no volume de consultas por divórcio. >
Só que isso, não ao longo de 2020, como a imprensa veio registrando: esse salto acontece agora, desde maio último. >
O aumento das separações na pandemia já foi abordado inclusive pela Folha de S.Paulo. Um desdobramento a ser melhor explorado, entretanto, é esse aumento atual das consultas a advogados especialistas – e uma segunda onda de rompimentos que ele sinaliza. >
Este aspecto chamou a atenção do especialista Daniel Silva, 35 anos e sócio do Galvão & Silva. “Esse aumento reflete o grau atingido pelos conflitos e a severidade das possíveis consequências”, afirma, referindo-se tanto a filhos, quanto a patrimônio. >
Mais separações: uma das razões do inédito déficit de bebês >
Um levantamento do assunto divórcio como motivo dos contatos na plataforma de automação de atendimento (CRM) do Galvão & Silva entre outubro de 2019 – praticamente no último trimestre pré-pandemia – e julho de 2021 aponta que a média simples até abril deste ano foi de 30 contatos com o tema das separações (veja gráfico). >
Já o recente trimestre maio/ junho/ julho marcou uma guinada súbita para cima. Seu registro médio mensal foi três vezes (300%) superior à baliza anterior. >
Julho distanciou-se mais ainda da média dos 19 meses anteriores: foi quase quatro vezes (386%) o índice deles. >
Reportagens sobre esse crescimento dos divórcios apontam sérias consequências demográficas. >
A BBC, por exemplo, informa déficit inédito de 300 mil nascimentos no Brasil em 2020, provocado pelos divórcios, entre outros fatores. >
O fato foi exposto pela CNN como o menor número de novos bebês em quase 30 anos num país em que este índice esteve sempre em expansão.>
“Infidelidade, falta de paciência, traição” >
Os conflitos gerados pelo confinamento forçado são apontados genericamente como a causa óbvia desse aumento de consultas por divórcio pelo especialista Silva. >
“Essa convivência prolongada gerou não só novos desentendimentos, como ainda agravou o que já não vinha se encaixando na vida de alguns casais”, relata. >
O advogado não tem números sobre os gatilhos específicos dos rompimentos. Diz que, profissionalmente, evita se aprofundar no lado mais pessoal. >
Mas Silva tem o inventário impressionista desses motivos: “Infidelidade, falta de paciência, de resiliência na situação difícil, traição.” Ele mesmo observa de imediato que, na verdade, repetiu um mesmo motivo sob nomes diferentes: “infidelidade” e “traição”. >
Mediação inclui lista testada de o que fazer, inclusive com filhos >
Quanto mais aguda for a separação, maior a necessidade do advogado – e de este cumprir o papel de mediador, lembra Silva. >
Se o contato com a outra parte puder se dar mediante outro advogado, melhor ainda. >
O profissional aconselha: >
● Conciliação: “Deixar para o juiz decidir pode ficar mal para um ou até para os dois.” >
● Guarda compartilhada dos filhos: “Já é praxe. O casal fica incumbido de se organizar.” >
O que evitar: >
● Guarda alternada dos filhos: “Estudos demonstram: prejudica. Menor precisa de referência.” >
● Evitar falar mal do ex para filhos: “É a tal alienação parental: o mais prejudicado é o menor.” >
● Dilapidar patrimônio: “Acontece mais em caso de traição.”>
Este conteúdo não reflete, nem total e nem parcialmente, a opinião do Jornal Correio e é de inteira responsabilidade do autor.>