Consumo na quarentena: Cinco dicas para não gastar demais na ida supermercado

Isolamento social aumenta a compra de itens de higiene e limpeza; Segundo dados do Kantar, crescimento da venda de produtos para o cuidado com a casa chega a 98%

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  • Priscila Natividade

Publicado em 4 de maio de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

Muita coisa mudou desde o início do isolamento social na lista de compras da aposentada Iracema Plácido, de 58 anos. Principalmente, no que diz respeito aos itens de limpeza e higiene. “Por conta da pandemia, passamos a comprar em maior quantidade produtos de limpeza e higiene como, por exemplo, água sanitária e álcool em gel, já que utilizamos o primeiro para higienizar qualquer embalagem que entre em casa”, afirma. 

E a presença bem maior dos produtos de limpeza e higiene no carrinho do supermercado tem sido uma das principais mudanças de comportamento de consumo provocadas pelo novo coronavírus, quando estes itens estão disputando ali, o mesmo espaço que os alimentos na cesta de compras.

Só para ter uma ideia, segundo estudo apresentado pela Kantar, líder global em dados, insights e consultoria de Consumo, a compra de papel higiênico em todo país cresceu 211% no mês de março, quando começou a quarentena. Em seguida, cresceu também em 98% de produtos para cuidados com a casa e em 79% a compra de detergentes em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

“Em um primeiro momento, o abastecimento inicial dos lares foi principalmente com categorias básicas e não perecíveis. Gastos com papel higiênico, por exemplo, aumentaram 47% em relação à semana anterior e esse número veio crescendo mais ao longo do tempo. Em seguida vieram sabonete, com 41%, detergente (40%) e água sanitária / alvejante (38%)”, analisa o Diretor de Serviços ao Cliente & Novos Negócios da Kantar, David Fiss. 

O efeito dessa mudança chegou no orçamento do consumidor também. A fim de evitar qualquer risco de contaminação, Iracema Plácido admite que está gastando bem mais na ida ao supermercado por conta desses itens, algo que chega a quase 10%. “Justamente por conta do aumento na quantidade de vezes que os ambientes da casa e produtos são higienizados, a quantidade de produto de higiene e limpeza também passou a ser mais consumido, o que, consequentemente, me leva a comprar mais unidades”.

É nesse momento que liga o alerta das finanças, sobretudo, em tempos onde a renda de boa parte dos consumidores está reduzida pelos efeitos da pandemia, como pontua a criadora do canal Finanças Femininas, Carolina Sandler, que destaca cinco dicas para não perder o rumo do orçamento na ida ao supermercado (veja no box). 

Entre as orientações, a especialista destaca a montagem de um cardápio semanal das refeições para ajudar a guiar a lista de compras, que mais do que nunca se faz necessária. “O cardápio ajuda o consumidor a decidir exatamente quais serão todas as refeições da família naquela semana de uma forma estratégica e com isso montar uma lista de compras.  Aí ele vai ter uma lista com muito menos risco de desperdício, tanto de comida, quanto de dinheiro”.

Para os itens de higiene e limpeza, o conselho é ter uma dimensão de quanto destes produtos está sendo consumido semanalmente e não ficar preso as marcas famosas ou comprando todo tipo de material de limpeza que surge no mercado. “É muito importante que o consumidor tenha uma noção clara de quanto ele vai consumir. Tem um lado nosso que faz com que a gente queira estocar, ter produtos estocados é algo que traz uma sensação e segurança, especialmente nesses momentos. O caminho para gastar menos é saber exatamente qual a quantidade necessária e avaliar a frequência de uso destes itens na quarentena”, aconselha. 

Mudança de hábito

Na casa da assessora Luciana Amâncio, o custo com supermercado quase que dobrou não só pela compra maior de álcool e detergente, mas também porque outros produtos passaram a entrar na cesta, como chocolate, salsicha e pizza, por exemplo. 

“Não chegam a ser indispensáveis, mas são produtos que não costumávamos comprar. Chamo de kit diversão e compro pouco, sempre alternando. A gente come super bem, saudável, mas nesse momento estamos abrindo algumas brechas até porque o alimento tem relação comas emoções também”.

A frequência maior das refeições em casa foi mais um fator que alterou os gastos com o supermercado. “Como estamos a todo tempo em casa, fazendo todas as refeições, aumentou bastante acaba contribuindo. Por isso, eu tenho ido ao supermercado sempre com uma lista feita”, afirma.

Diante de todas estas mudanças, Carolina Sandler destaca que não precisa cortar o chocolate ou se privar do pote de sorvete na tentativa de economizar, e sim manter o controle quanto ao valor que realmente pode ser usado no supermercado. 

“A recomendação é se planejar em cima dos hábitos de consumo da família nesse momento de isolamento social. Vale, inclusive, incluir os lanches, itens de café da manhã dentro desse cardápio e aí montar a lista”. 

DICAS DA SEMANA: NO SUPERMERCADOPlanejamento É importante planejar bem o que você vai comprar de acordo com os seus hábitos e também com o espaço que tem na sua casa.  Não adianta fazer uma compra gigante onde não vai ter onde colocar. Não compre além, nem estoque coisas. Isso só vai gerar desperdício.

A boa e velha lista de compras Nesse momento em que é necessário equilibrar a difícil tarefa de reduzir ao gastos com supermercado, ao mesmo tempo em que, as pessoas estão ficando mais tempo em casa. A dica é programar um cardápio das refeições e não deixar de fazer uma lista do que precisa comprar. Evite ir no supermercado com a lista de cabeça na base do ‘sei de tudo que estou precisando’. 

Alimentos versáteis Dê preferência aos alimentos e congeláveis (não congelados ou processados), ou seja, que rendem vários preparos e pratos. Quanto mais versátil for um alimento mais preparo ele rende e menor os gastos. 

Experimente novas marcas Principalmente, se elas estiverem mais baratas. Esta estratégia também ajuda na hora de reduzir o peso do carrinho no orçamento. 

Fique atento aos ‘truques’ Aí é redobrar atenção diante das estratégias que os supermercados usam para que o consumidor compre mais, como cercar produtos básicos de outros complementares, dispor na prateleira os produtos mais caros no campo de visão do consumidor e aquele o apelo do corredor até o caixa, sempre abastecido de itens que, geralmente, são comprados por impulso.