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Priscila Natividade
Publicado em 4 de maio de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Muita coisa mudou desde o início do isolamento social na lista de compras da aposentada Iracema Plácido, de 58 anos. Principalmente, no que diz respeito aos itens de limpeza e higiene. “Por conta da pandemia, passamos a comprar em maior quantidade produtos de limpeza e higiene como, por exemplo, água sanitária e álcool em gel, já que utilizamos o primeiro para higienizar qualquer embalagem que entre em casa”, afirma. >
E a presença bem maior dos produtos de limpeza e higiene no carrinho do supermercado tem sido uma das principais mudanças de comportamento de consumo provocadas pelo novo coronavírus, quando estes itens estão disputando ali, o mesmo espaço que os alimentos na cesta de compras.>
Só para ter uma ideia, segundo estudo apresentado pela Kantar, líder global em dados, insights e consultoria de Consumo, a compra de papel higiênico em todo país cresceu 211% no mês de março, quando começou a quarentena. Em seguida, cresceu também em 98% de produtos para cuidados com a casa e em 79% a compra de detergentes em comparação com o mesmo período do ano anterior. >
“Em um primeiro momento, o abastecimento inicial dos lares foi principalmente com categorias básicas e não perecíveis. Gastos com papel higiênico, por exemplo, aumentaram 47% em relação à semana anterior e esse número veio crescendo mais ao longo do tempo. Em seguida vieram sabonete, com 41%, detergente (40%) e água sanitária / alvejante (38%)”, analisa o Diretor de Serviços ao Cliente & Novos Negócios da Kantar, David Fiss. >
O efeito dessa mudança chegou no orçamento do consumidor também. A fim de evitar qualquer risco de contaminação, Iracema Plácido admite que está gastando bem mais na ida ao supermercado por conta desses itens, algo que chega a quase 10%. “Justamente por conta do aumento na quantidade de vezes que os ambientes da casa e produtos são higienizados, a quantidade de produto de higiene e limpeza também passou a ser mais consumido, o que, consequentemente, me leva a comprar mais unidades”.>
É nesse momento que liga o alerta das finanças, sobretudo, em tempos onde a renda de boa parte dos consumidores está reduzida pelos efeitos da pandemia, como pontua a criadora do canal Finanças Femininas, Carolina Sandler, que destaca cinco dicas para não perder o rumo do orçamento na ida ao supermercado (veja no box). >
Entre as orientações, a especialista destaca a montagem de um cardápio semanal das refeições para ajudar a guiar a lista de compras, que mais do que nunca se faz necessária. “O cardápio ajuda o consumidor a decidir exatamente quais serão todas as refeições da família naquela semana de uma forma estratégica e com isso montar uma lista de compras. Aí ele vai ter uma lista com muito menos risco de desperdício, tanto de comida, quanto de dinheiro”.>
Para os itens de higiene e limpeza, o conselho é ter uma dimensão de quanto destes produtos está sendo consumido semanalmente e não ficar preso as marcas famosas ou comprando todo tipo de material de limpeza que surge no mercado. “É muito importante que o consumidor tenha uma noção clara de quanto ele vai consumir. Tem um lado nosso que faz com que a gente queira estocar, ter produtos estocados é algo que traz uma sensação e segurança, especialmente nesses momentos. O caminho para gastar menos é saber exatamente qual a quantidade necessária e avaliar a frequência de uso destes itens na quarentena”, aconselha. >
Mudança de hábito>
Na casa da assessora Luciana Amâncio, o custo com supermercado quase que dobrou não só pela compra maior de álcool e detergente, mas também porque outros produtos passaram a entrar na cesta, como chocolate, salsicha e pizza, por exemplo. >
“Não chegam a ser indispensáveis, mas são produtos que não costumávamos comprar. Chamo de kit diversão e compro pouco, sempre alternando. A gente come super bem, saudável, mas nesse momento estamos abrindo algumas brechas até porque o alimento tem relação comas emoções também”.>
A frequência maior das refeições em casa foi mais um fator que alterou os gastos com o supermercado. “Como estamos a todo tempo em casa, fazendo todas as refeições, aumentou bastante acaba contribuindo. Por isso, eu tenho ido ao supermercado sempre com uma lista feita”, afirma.>
Diante de todas estas mudanças, Carolina Sandler destaca que não precisa cortar o chocolate ou se privar do pote de sorvete na tentativa de economizar, e sim manter o controle quanto ao valor que realmente pode ser usado no supermercado. >
“A recomendação é se planejar em cima dos hábitos de consumo da família nesse momento de isolamento social. Vale, inclusive, incluir os lanches, itens de café da manhã dentro desse cardápio e aí montar a lista”. >
DICAS DA SEMANA: NO SUPERMERCADOPlanejamento É importante planejar bem o que você vai comprar de acordo com os seus hábitos e também com o espaço que tem na sua casa. Não adianta fazer uma compra gigante onde não vai ter onde colocar. Não compre além, nem estoque coisas. Isso só vai gerar desperdício.>
A boa e velha lista de compras Nesse momento em que é necessário equilibrar a difícil tarefa de reduzir ao gastos com supermercado, ao mesmo tempo em que, as pessoas estão ficando mais tempo em casa. A dica é programar um cardápio das refeições e não deixar de fazer uma lista do que precisa comprar. Evite ir no supermercado com a lista de cabeça na base do ‘sei de tudo que estou precisando’. >
Alimentos versáteis Dê preferência aos alimentos e congeláveis (não congelados ou processados), ou seja, que rendem vários preparos e pratos. Quanto mais versátil for um alimento mais preparo ele rende e menor os gastos. >
Experimente novas marcas Principalmente, se elas estiverem mais baratas. Esta estratégia também ajuda na hora de reduzir o peso do carrinho no orçamento. >
Fique atento aos ‘truques’ Aí é redobrar atenção diante das estratégias que os supermercados usam para que o consumidor compre mais, como cercar produtos básicos de outros complementares, dispor na prateleira os produtos mais caros no campo de visão do consumidor e aquele o apelo do corredor até o caixa, sempre abastecido de itens que, geralmente, são comprados por impulso. >