Conta salgada: cerca de R$ 1,3 bilhão foi investido na pandemia em Salvador

Prefeitura apresentou balanço das ações, projetos e iniciativas de 2021

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  • Gil Santos

Publicado em 30 de dezembro de 2021 às 16:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Paula Fróes/ CORREIO

As primeiras pessoas começaram a se vacinar contra a covid-19 em Salvador, em 19 de janeiro. De lá pra cá aconteceu tanta coisa. Houve pico da pandemia, o número de leitos precisou ser ampliado às pressas, cestas básicas foram distribuídas e novos hospitais de campanha foram criados. A vacinação em massa da população de 3 milhões de habitantes exigiu recurso para logística de equipamentos e de pessoal. Como se não bastasse, ainda foi necessário travar uma batalha contra os boatos envolvendo a vacina.

Nesta quinta-feira (30), o prefeito Bruno Reis (DEM) resolveu colocar a conta na ponta do lápis e apresentou um balanço das ações desenvolvidas durante o ano. Desde que a pandemia começou, em março de 2020, e até dezembro deste ano, o investimento foi de R$ 1,3 bilhão. Dinheiro que saiu dos cofres públicos para resolver aquele que foi considerado pelo prefeito o maior desafio de 2021: a saúde.

“Quando estava na condição de candidato a prefeito, eu comparava Salvador a um avião, que tinha um painel com vários botões e que eu conhecia muito bem, porque estive na condição de copiloto ao lado do prefeito ACM Neto. Mas não imaginei um cenário com tantas turbulências. Quando as primeiras doses da vacina foram aplicadas, em janeiro, eu agradeci a Deus e a Santa Dulce porque acreditava que a gente estaria livre da pandemia. Infelizmente, foi um triste engano”, contou. Bruno Reis falou sobre saúde, assistência social, obras e mais (Foto: Valter Pontes/ Secom) O ano começou com 499 leitos clínicos e de UTI dedicados exclusivamente para pacientes diagnosticados com o novo coronavírus, mas outros 80 precisaram ser abertos às pressas para dar conta da demanda que crescia de forma vertiginosa. Em alguns momentos, as taxas de ocupação se aproximaram dos 90%, para desespero das autoridades e da população.

As tendas do Wet’n Wild, fechadas em 2020, não foram reabertas, mas foi preciso ampliar a oferta de leitos no Hospital Sagrada Família, requisitar o Hospital Santa Clara e criar uma unidade em Itapuã. No telão da sala de reunião do Palácio Thomé de Souza o prefeito exibiu a planilha dos principais gastos de 2021 e a saúde foi a protagonista. Os investimentos dos últimos 12 meses somam R$ 293 milhões (R$ 242 milhões em 2020).

Em seguida, a aparece Mobilidade, com R$ 200 milhões, Educação, com R$ 83 milhões, e Assistência Social, com R$ 65 milhões. Demais despesas somaram R$ 72 milhões. “Não esperava enfrentar um ano com tantas dificuldades. Pensei que, por conhecer bem a cidade e seus problemas, nada pararia Salvador e que a cidade seguiria dentro do cronograma de êxito realizado nos anos anteriores”, desabafou o prefeito.

Cenário Pena que o verbo não pode ser usado no passado. O aumento da taxa de ocupação dos leitos exclusivos para covid na cidade revela que a pandemia não vai se encerrar em 2021. As Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão 59% ocupadas e as enfermarias 65%. Até outubro, o número não superava 35%. Para as crianças a situação é ainda mais crítica, 19 dos 20 leitos de UTI pediátrica de Salvador estão ocupados, ou seja, 95%. O prefeito anunciou a abertura de 20 leitos clínicos e 10 de UTI no Hospital Sagrada Família, no Bonfim, e afirmou que vai abrir novas vagas para as crianças.

Para complicar ainda mais a situação um surto de gripe na reta final do ano tem provocado filas nas portas das unidades de saúde. Três gripários estão em funcionamento nos Barris, no Pau Miúdo e na ilha de Bom Jesus dos Passos, mas a demanda permanece alta. Na cidade é quase impossível encontrar alguém que não tenha um amigo ou familiar que ficou doente por conta do vírus H3N2.

Já a vacinação que avançava a passos largos no meio do ano, agora, caminha sem vontade. A despeito de 80% da população estar completamente protegida, outras 216 mil não voltaram para tomar a segunda dose do imunizante, 468 mil são aguardadas para receber a dose de reforço, que teve o prazo de intervalo encurtado para quatro meses, e 34 mil sequer tomou a primeira vacina. Até o momento, foram aplicadas 4,5 milhões de doses.

Para o sistema funcionar foram disponibilizados 14 drive-thrus, 32 pontos fixos e 153 salas de vacinação. Foi criado filômetro, vacinômetro e um canal de comunicação direta para esclarecer dúvidas pelo 160. A operadora de caixa Ana Lívia Souza, 28 anos, que já recebeu as duas doses e foi responsável por levar a avó, os pais e um irmão para se vacinar, classificou as ações como operação de guerra.

“São muitos trabalhadores, vários pontos de vacinação e tudo funcionando o dia todo, inclusive aos fins de semana. Eu não sei como eles conseguiram organizar essa logística, porque tem idosos, gente com comorbidade, gestantes, o pessoal da saúde, os sindicatos que conseguiram passar na frente da fila, enfim. A sensação é de uma operação de guerra. Agora, a nossa luta é para se proteger da gripe e do desemprego” afirmou.

Economia E por falar em desemprego, a economia foi atingida em cheio pela crise sanitária. Sem trabalho e isoladas, muitas famílias precisam de ajuda para ter o básico, como o direito de se alimentar. O balanço apresentado pela prefeitura aponta que foram distribuídas 215.325 refeições e criadas cinco Unidades de Acolhimento Emergencial para pessoas em situação de rua.

Foram entregues 2,3 milhões de cestas básicas para alunos da rede municipal, da rede conveniada e do programa Pé na Escola e 60.650 para pessoas carentes, mães de crianças com microcefalia e trabalhadores autônomos, dentre outros. Já o SOS Cultura beneficiou 6 mil pessoas dessa área com o pagamento de auxílio.

Para evitar o caos completo, o Município abriu mão de impostos com o objetivo de ajudar empreendedores e empresários a manterem os negócios abertos. O IPTU de 1.254 estabelecimentos hoteleiros foi reduzido em 40%, até 2023, e houve redução de ISS para as agências de turismo. Foi oferecida isenção da Taxa de Vigilância Sanitária, Limpeza e Trânsito, 50% de desconto na outorga onerosa e abatimento de 20% do ITIV de imóveis novos.

Vendedores ambulantes tiveram as dívidas de 2020 e 2021 com a prefeitura perdoadas e o CredSalvador está oferecendo empréstimos de até R$ 15 mil para microempreendedores, com menos burocracia, possibilidade de parcelar o débito em 24 vezes e carência de seis meses para o pagamento da primeira parcela. O prefeito encerrou afirmando que, mesmo com as despesas extras, as contas estão equilibradas.

“Apesar dos cenários de adversidade tivemos planejamento para não atrasar nossos compromissos e vamos fechar o ano com o caixa nas mesmas condições do ano passado, mas conseguindo investir R$ 600 milhões na pandemia, manter os serviços essenciais e desenvolvendo novos projetos. Se hoje não temos motivos para comemorar, temos para agradecer por termos evitado um colapso no sistema de saúde, pelo fato de não ter tido vítimas por conta da chuva, e por termos uma cidade organizada e planejada”, disse.

O município foi responsável por arcar com R$ 1,1 bilhão das despesas, 600 milhões apenas em 2021, e o governo federal liberou os R$ 200 milhões restantes. Questionado sobre qual a melhor palavra para definir o ano que está ficando para atrás, Bruno Reis foi rápido na resposta: “Superação”, disse. E a de 2022: “Com fé em Deus, realização”, concluiu.

Obras municipais  Uma das poucas coisas não afetadas pela pandemia foram as obras municipais. Os canteiros continuaram a rotina e aproveitaram a redução na circulação de pessoas nas ruas para intensificar as intervenções.

O programa Tá no Grau destinou R$ 43 milhões para ações de manutenção na cidade, como recapeamento de asfalto, recuperação da orla, reforma de praças, parques, viadutos e passeios públicos, melhoria de iluminação e outros serviços. Parte dessas intervenções foram sugeridas pela população através do programa Ouvindo Nosso Bairro.

Além disso, foram entregues o Museu Cidade da Música e o novo Polo de Economia Criativa. Foram requalificadas a Avenida Milton Santos (Adhemar de Barros), a Estrada das Pedreiras, o novo Terminal da Barroquinha e o Elevador do Taboão. Mais 31 contenções de encosta construída, cerca de 2 mil apartamentos populares entregues, como o Residencial Novo Mané Dendê, Vivendas do Mar, Sol Nascente e Mar Azul, e 3 mil casas foram reformadas através do programa Morar Melhor.

Confira outras obras em execução:Requalificação do trecho de orla Stella Mares – Flamengo (trecho I) Restauração e ampliação do Museu da Misericórdia 1ª etapa do Mané Dendê Trincheira bidirecional que ligará as avenidas Tancredo Neves e Magalhães Neto 2ª etapa das obras de urbanização e macrodrenagem do Canal Paraguari Casa da História e Arquivo Público Parque Pedra de Xangô 3ª etapa do Farol de Itapuã Infraestrutura do Cais do Chico, em Bom Jesus dos Passos Requalificação do canal Doralice Pereira Dórea 2ª etapa da requalificação da Rua Prof. Sabino Silva Revitalização do Memorial das Baianas Requalificação urbana da Lagoa da Timbalada, Cabula 2ª etapa da Av. Adhemar de Barros 2ª etapa da drenagem da Rua Henrique Dias (contempla Largo de Roma e Rua Roberto Corrêa) Requalificação da Estrada dos Fidalgos, Cassange (nova via) Rua São Lucas (Ligação Av. 20 de Março – Jaguaripe)