Contratar jogador de futebol é uma arte

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  • Miro Palma

Publicado em 4 de janeiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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“Torcedor não gosta de futebol, gosta de contratações”. Não sei quem foi o autor da polêmica frase, mas temos que concordar que ela tem um bom índice de verdade. Talvez exista uma explicação coerente para o mercado da bola fazer tanto sucesso entre a galera: a resenha e o nosso desejo quase que possessivo por avaliar as pessoas. No caso do futebol, todo mundo tem um pouquinho de técnico dentro de si. 

Aqui na redação, a cada nome ventilado, um amigo corre para o YouTube atrás de informações do novo contratado. Alguém aí já viu algum “DVD” de jogador com os piores momentos? Amigos e amigas, a primeira lição que fica é essa: todo boleiro vira craque no vídeo. Me recordo, por exemplo, do meia-atacante Zezinho, contratado pelo Bahia na temporada 2011. Craque! Ao menos foi assim a avaliação de muita gente ao ver os lances do cara pela internet. O resultado? Zezinho não chegou nem perto de se firmar na equipe tricolor e foi embora sem deixar saudade.   

Para a temporada atual, o Esquadrão se movimentou no mercado. Trouxe, entre outros, nomes pouco conhecidos como o lateral-direito Matheus Silva (Paysandu) e o atacante Iago (CRB). Pronto, foi o estopim para a corneta entrar em ação. Não fiz cálculos, porém imagino que a probabilidade de um jogador desse tipo dar certo é menor do que um atleta já renomado. E nessa conta imaginária não entra a idade ou o histórico recente dele. Todavia, no cenário atual, cada vez mais a pesquisa é necessária para minimizar os erros. Como disputar de igual para igual um campeonato onde o Bahia tem um orçamento de R$ 140 milhões e o Flamengo, por exemplo, projeta R$ 750 milhões? Errando menos.  

Por isso, é preciso ter muita calma antes de abrir a boca para criticar e crucificar um profissional antes mesmo dele entrar em campo. Para minimizar as falhas, os clubes brasileiros têm recorrido mais vezes ao departamento de análise e desempenho. Na Europa, esse setor já é uma realidade há anos. Por aqui, aos poucos vai substituindo os cartolas. E quem não se atualiza realmente fica para trás. 

Hoje, com o aumento do uso da tecnologia, é possível esmiuçar uma partida de futebol nos mínimos detalhes, fornecendo dados e gráficos para a comissão técnica diagnosticar e trabalhar da melhor forma para treinar a equipe. Na análise do perfil de um jogador, são dissecados os fundamentos de forma individual e também coletiva, diagnosticando tópicos importantes como defesa, ataque e transição. 

O volante Gregore talvez seja o melhor exemplo dessa “nova fase” do futebol. Segundo os números do Footstats, em 35 jogos disputados, o cão de guarda do Bahia conseguiu 130 desarmes e liderou o quesito no Brasileirão 2018. Ainda foram 1.638 passes certos, o sexto colocado no ranking que teve o lateral-esquerdo Renê, do Flamengo, como líder, com 1.929. 

Portanto, antes mesmo de criticar, é bom pesquisar um pouco sobre quem está sendo contratado. Erros irão acontecer, afinal, futebol não é uma ciência exata e inúmeras variáveis entram em campo. Não sei vocês, mas eu prefiro apostar dessa forma, com um baixo custo-benefício, do que acreditar em “medalhões” de outros tempos como Kleberson, Carlos Alberto, Ricardinho e por aí vai... Os tempos são outros. 

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras