Coronavírus derruba número de corridas de taxistas e app em Salvador

Passageiros estão com medo de sair de casa por conta da pandemia do covid-19

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  • Gil Santos

Publicado em 17 de março de 2020 às 05:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/ CORREIO

O taxista José Rubens Carvalho, 57 anos, trabalha há 39 anos na praça e contou que está assustado com a disseminação do novo coronavírus e com as consequências da doença. A cooperativa na qual ele atua, no aeroporto internacional de Salvador, distribuiu kits com álcool gel e máscaras para eles usarem nas viagens. O problema é que não está tendo viagens.

“O movimento caiu muito. Os voos estão chegando cada vez mais vazios e algumas companhias falaram em cancelar alguns deles. As pessoas estão com medo, não estão viajando. Levei um casal na semana passada até um hotel no Pelourinho e eles estavam de máscaras, pediram para eu baixar os vidros e usaram álcool gel. Está todo mundo com medo e deixando para viajar em outro momento”, contou. José Rubens está há 39 anos na praça e nunca viu nada igual (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Enquanto ele aguardava por uma corrida do lado de fora do terminal, do lado de dentro do aeroporto pouco movimento no saguão, mas muitos passageiros com máscara. Alguns não retiravam o equipamento de proteção nem para falar ao celular. Um cenário bastante diferente do encontrado pelo CORREIO na semana passada durante outra reportagem.

A Associação Geral dos Taxistas (AGT) registrou queda de 40% no número de viagens nas últimas semanas. O presidente da instituição, Dênis Paim, orientou a categoria a não ligar o ar condicionado durante as viagens, manter as janelas do carro abertas, ter sempre álcool gel, e lavar as mãos com frequência. Ele também pediu que antes de sair de casa os taxistas limpem a maçaneta, o volante e os bancos do veículo.“São medidas importante tanto para os motoristas como para os passageiros. O movimento diminuiu no aeroporto, rodoviária, lanchinhas, e nos shoppings e cinemas. As pessoas estão ficando mais em casa, elas estão com medo de sair por conta desse vírus. Nós, taxistas, que dependemos desse movimento, estamos muito preocupados com essa queda”, afirmou.  0 Passageiros usam máscaras no aeroporto de Salvador (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) Para os motoristas por aplicativo o cenário não é muito diferente.  Pai de gêmeos de 2 anos, Victor Lemos, 40, aguardava na manhã desta segunda-feira (16) por uma corrida nas imediações do aeroporto, mas precisou de muita paciência. Ele contou que o vírus alterou a rotina dele com as crianças.

“Quando eu chego em casa, primeiro, tomo banho e, só depois, eu abraço eles. Comprei álcool gel e deixei no carro. Paguei R$ 29,90 por um frasco que eu comprava de R$ 12. Tenho sabonete anticéptico e comecei a lavar as mãos com mais frequência. Algumas vezes eu trago outra roupa no carro, para trocar quando estiver indo para casa, mas o que está preocupando também é a queda nas corridas. Estive no Rio Vermelho, Barra, aqui no aeroporto, o movimento está muito fraco”, disse. Ele atua há 4 anos nessa área. Motoristas reclamaram do preço do álcool gel (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO) O presidente do Sindicato dos Motoristas por Aplicativos e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter), Átila Santana, divulgou um vídeo que ele fez com uma infectologista esclarecendo dúvidas sobre a Covid-19 e os cuidados para evitar contaminação durante as viagens. Ele lamentou a redução no número de corridas, mas disse que já era esperado.“As pessoas estão com medo de sair de casa e o carro por aplicativo, ou qualquer tipo de transporte que seja público e que muitas pessoas usem, é uma agente contaminador. Não tem jeito”, afirmou.Até a tarde desta segunda-feira (16), a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) havia registrado nove casos do novo coronavírus na Bahia, sendo cinco em Feira de Santana e outros quatro em Salvador.

A Covid-19 é uma doença provocara por um coronavírus e tem os mesmos sintomas de uma gripe comum, febre, tosse e dificuldade para respirar. Nos casos mais graves é necessário internação, mas a maioria das ocorrências é tratada em casa. Para isso, o paciente precisa ficar em isolamento.

Como a transmissão acontece através do contato de gotículas de saliva e secreção de pessoas contaminadas com a mucosa de pessoas sadias, a recomendação é sempre que for tossi ou espirrar cobrir a boca e o nariz, e lavar as mãos com frequência. A doença ainda não tem vacina e o grupo de maior risco são os idosos.