Cozinheira Kátia Najara é a nova colunista do CORREIO

Boca Livre estreia neste fim de semana, na edição impressa e domingo na seção Só Se Vê No Correio do site

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  • Doris Miranda

Publicado em 7 de maio de 2021 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Não precisa ser o mestre do sabor para saber que cozinha não é só receita. Desde o cuidado com a lista de compras até como seu corpo reage a determinado alimento. Das empresas que testam em animais e que também não estão nem aí para a preservação do meio ambiente até a história afetiva de um prato que passa de mãe para filha. Da apresentação numa mesa bacana até o tipo de preparação que melhor se adequa ao bolso de cada um. Tudo isso, sim, também é cozinha para Kátia Najara, 50, a mais nova colunista do CORREIO.

Tudo isso ainda vira tema de Boca Livre, coluna que vai circular na edição impressa de fim de semana  (e aos domingos, na seção Só Se Vê No Correio, no site) já a partir desta semana (8 e 9). Pelo nome que ela escolheu para batizar a coluna já dá para ter uma ideia do conteúdo. “Boca Livre tem a ver com a liberdade de poder falar o que eu quiser”, explica Kátia.

 Ela conta que o título surgiu muito naturalmente na sua cabeça. “Lembrei daquelas festas típicas dos anos 80 e 90 que as pessoas iam só para comer. É uma coisa bem feia mas ainda acontece muito. Eu achava engraçado, comia também, claro, mas ficava observando aquele povo comendo tudo o que via”, se diverte, com o tipo de humor que lhe é característico - e que quem já conhece   pode esperar. 

 Aliás, quem acompanha o trabalho de Kátia Najara lembra do serviço Pitéu, Cozinha Afetiva (@piteu_cozinhafetiva) e do já extinto blog Rainhas do Lar. Deste último, ela diz que  carrega boas memórias mas que aquele já não é seu estilo. “Apesar de querer liberdade para  falar o que eu quiser, não tenho intenção de provocar maiores polêmicas. Hoje, sou mais respeitosa nas abordagens porque já fui muito arrogante e já  não tenho nenhum interesse nisso. Foi  muito gostoso mas não tinha a consciência de quem eu sou. A preocupação era agradar, ser aceita, seguida, respeitada. Não tenho mais necessidade da afirmação que tinha naquela época”, explica, Kátia.Com a parceira de blog, Fabi Zanelati, chegou a lançar um livro, o Pequeno Livro de Cozinha - Guia Para Toda Hora (Verus Editora).

Embora tenha feito da cozinha seu ganha-pão e do design de interiores sua formação acadêmica, Kátia diz que adora escrever. Tanto que chegou a se matricular na Faculdade de Comunicação da Ufba, em 1988,  mas não conseguiu cursar. “Tinha acabado de chegar em Salvador e precisava trabalhar. Naquela época, a Ufba tinha a aula os dois turnos. Tinha que me virar e não consegui conciliar. Mas sempre tive  a necessidade de escrever”, conta.  

Ela diz que quando era criança costumava escrever muito e com bastante força no papel. “Ficava muito sozinha em casa e passava o tempo escrevendo,  arrumando a casa e cozinhando, porque aprendi brincando de casinha. Percebi que hoje continuo fazendo a mesma coisa que fazia na infância, arrumar a casa, cozinhar e escrever”, pondera. Na primeira coluna, intitulada de Fome de Tudo, Katita quer ponderar sobre o exagero na comilança (divulgação) Consumo, hábitos, comportamento, doenças relacionadas à comida, o enfoque político, as escolhas, comida sintética são alguns dos temas que serão abordados na Boca Livre. Na primeira coluna, intitulada de Fome de Tudo, por exemplo, ela fala sobre o quanto passamos a comer sem que o corpo consiga dar conta: “Quero falar sobre como a gente  está viciado em consumo. Dormimos  8 horas e comemos 16. Desse jeito, não  temos tempo para digerir o que comemos e com o corpo envenenado  a gente não consegue pensar”.Já deu para perceber também que receita não será exatamente a linha editorial da coluna, né? “Acho difícil, quero sair desse modelo saturadíssimo. Receita só se for uma  coisa de memória, relatar uma receita dentro de uma experiência.  É justamente essa liberdade para falar sobre o que ocorrer que estou mais curtindo nessa experiência”, arremata.“Me qualifico como  cozinheira e não como chefe de cozinha. Primeiro que não fiz faculdade, a parte academia da coisa. A gastronomia pra mim está relacionada com esse plano do sonho distante, reservado aos grandes chefs que têm restaurante. Sou uma  cozinheira livre, gosto de falar de comida de uma forma mais próxima da vida real, sem frescuras. Faço uma uma cozinha brasielria, democrática, com muita raiz no interior e inspiração na beira de estrada”, arremata.