Criador de experiências

Premiado paisagista Alex Hanazaki conta ao CORREIO suas fontes de inspiração e método de trabalho

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  • Victor Lahiri

Publicado em 20 de setembro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (foto de Renata Marques / Divulgação)

 Alex Hanazaki é arquiteto de formação e paisagista por vocação. Considerado um dos grandes nomes do paisagismo no Brasil, ele acredita que os projetos que desenvolve são um misto de qualidade de vida e obra de arte. Ele tem trabalhos nos EUA, Alemanha, Arábia Saudita e Marrocos; e diversos prêmios nacionais e internacionais - como o Professional Awards 2014 da ASLA. Em bate-papo com o CORREIO, ele falou sobre seus projetos e a importância do paisagismo nas cidades brasileiras.

Como você transmite o seu entendimento de paisagismo em seus projetos? Eu desenvolvo um trabalho de complementação, enxergo um conjunto arquitetônico e, através do meu olhar,  tento evidenciar coisas que acho importante no projeto e muitas vezes corrigi-lo. Quando falamos em situações nas quais o paisagismo é aplicado em um ambiente - como praças e áreas de convivência - busco trazer uma certa experiência para as pessoas que vão utilizá-lo, e essas sensações que serão despertas são fundamentais, para o efeito do meu trabalho.

Você é responsável pelo projeto paisagístico do  novo lançamento da OR, em Salvador, que vem sendo guardado a sete chaves. O que podemos esperar? Esse é um projeto que vem sendo desenvolvido em conjunto com a parte arquitetônica assinada pelo Sidney Quintela. Tem sido desafiador, pois já estamos cuidando dele há quase dois anos e vem sendo manipulado nos mínimos detalhes para oferecer algo inovador. É o meu primeiro projeto dessa magnitude em Salvador, por isso estamos lidando com ele com muita dedicação. Ele tem uma preocupação muito grande em relação à integração com a natureza, pois é um empreendimento que está localizado em uma região muito arborizada. Então, o meu trabalho foi de readequar e criar melhorias nesse cenário, que já era deslumbrante e tinha uma geografia muito bonita. A história desse terreno é muito interessante, pois era uma antiga propriedade de uma família chinesa, que morava lá há muitos anos e que desenvolveu aquele jardim ao longo do tempo. Ao visitar o local,  encontrei uma grande mata de árvores antigas, que me trouxeram um impacto muito interessante. O terreno me criou bastante surpresa, pois vi árvores bonitas que eu quis preservar.

Você cita que o Brasil ainda engatinha no sentido do paisagismo dedicado às áreas públicas. Quais as consequências disso?  O Brasil é um país que precisa de correção em muitos aspectos, inclusive em prioridades maiores do que essa, mas acho que, pela dimensão geográfica, a diversidade botânica que temos e a riqueza de todos os aspectos naturais,  teríamos condições muito mais fortes do que outros países onde noto uma iniciativa muito maior em relação à preocupação com o paisagismo e a urbanização de áreas de convivência para o cidadão em geral. Devemos caminhar para isso, do contrário as cidades vão mergulhar em um caos. 

O que podemos esperar dos seus projetos futuros? O que pode antecipar? Fico feliz que os projetos têm atraído a curiosidade das pessoas, mas acredito que ainda existe muito conteúdo guardado nas minhas gavetas referenciais a ser explorado. Iniciamos conversas para desenvolver o projeto de maior dimensão que o meu escritório já teve, e ele deve ser implantado aqui no Litoral Norte da Bahia, região de Baixio, que é um espaço novo, e fico feliz que seja nesse lugar.