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Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2022 às 16:00
As crianças tiveram incialmente menor repercussão clínica das formas moderadas/graves da covid-19 quando comparado aos adultos. Apesar desse comportamento, elas não estiveram protegidas da ocorrência de formas mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e a Síndrome Inflamatória Multissistêmica pediátrica, associadas à covid-19. É importante lembrar que o Brasil registrou mais de 3 mil mortes de crianças e adolescentes pela doença desde o início da pandemia, em 2020. Além disso, ressaltamos os casos de covid-19 longa e as suas consequências, especialmente em relação aos aspectos cognitivos, na atenção e aprendizagem.
No auge da pandemia, a maioria das escolas realizou apenas atividades online, gerando graves prejuízos e maior vulnerabilidade emocional nas crianças e desenvolvendo alterações comportamentais, como medo excessivo da doença, irritabilidade, tédio, ansiedade, sentimento de solidão, depressão etc. As crianças precisaram sair da “clausura” imposta pela aparente proteção familiar e retornar às escolas, às brincadeiras ao ar livre, às atividades físicas, enfim, à vida! Por isso, a reabertura escolar em 2022 foi assunto que ocupou espaço significativo no noticiário, e, em grande parte, os pais estavam inicialmente temerosos, devido aos riscos implicados neste retorno. Todos queriam saber: se as escolas reabrirem, o ambiente seria seguro para alunos e professores?
No contexto de flexibilização social, foi bem estabelecido que medidas como a lavagem adequada das mãos e o uso das máscaras, de acordo com a faixa etária, são práticas fundamentais para evitar o contágio dos vírus respiratórios. Inclusive, alguns estados mantiveram a orientação do uso de máscaras no retorno das crianças nas escolas.
O sistema InfoGripe da Fiocruz, que monitora os casos de infecções respiratórias, alertou para o aumento importante de casos de SRAG em pediatria nos primeiros cinco meses do ano. Os dados mostram o aumento de cerca de 50% em comparação a 2021, especialmente em crianças de 0 a 4 anos. Nesse momento epidemiológico de aumento de vírus respiratórios, inclusive do SARS-COV-2, é necessário rediscutir a volta da orientação do uso de máscaras no ambiente escolar. Uma explicação para esse aumento de casos está relacionado ao fato de que o isolamento social durante o período da pandemia tenha ocasionado menor exposição aos outros vírus respiratórios, e, com isso, o aumento da suscetibilidade das crianças.
Em relação à vacinação contra covid-19 em pediatria, pesquisadores de todo o mundo reafirmam que há razões para indicar fortemente seu uso neste grupo. Os Estados Unidos (EUA) iniciaram ainda em 2021 o uso da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, demonstrando segurança com a apresentação pediátrica, que utiliza um terço da dose da vacina-padrão. Importante destacar que 98% dos eventos adversos monitorados com dados de vida real nos EUA foram considerados leves. A Pfizer solicitou recentemente ao Food and Drug Administration (FDA) a autorização de uma nova apresentação pediátrica para o uso em crianças de 6 meses a 5 anos, com grande chance de autorização ainda em junho. No Brasil, temos utilizado a vacina Pfizer para crianças de 5 a 11 anos e a Coronavac para os maiores de 6 anos. Estamos enfrentando um grande desafio com relação às vacinas pediátricas, em decorrência da divulgação de fake news pelos negacionistas. Dessa forma, consideramos fundamental esclarecer a população com informações corretas e claras. É necessário aumentar no nosso país a cobertura vacinal das duas doses em crianças acima de 5 anos, que ainda não chegou aos 70% da população-alvo. Estudos iniciais com a vacina CoronaVac em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos demonstraram boa resposta da vacina nessa população e ela vem sendo usada em vários países acima dos 3 anos. A Anvisa também recebeu novo pedido para liberação da CoronaVac para a faixa etária. Manteremos firmes no caminho e atentos para proteger nossas crianças e adolescentes!
*Eduardo Jorge da Fonseca Lima é médico pediatra, doutor em Saúde Materno-Infantil e membro do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)