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Cesar Romero
Publicado em 18 de junho de 2018 às 08:37
- Atualizado há um ano
A arte tem algo quimérico. Assim como o desejo que só quer desejar, nunca se cumpre em sua completude. Sabe-se que sonho somado à ação se transforma em realidade. O sonhar é apenas devaneio. Necessita que o artista ponha o fazer na convicção, atue, ordene o caos. Criar é organizar, decodificar e ajustar abismos, para que o sonho não se perca nas fantasias e se torne frustração. A defesa e a proteção deste território são imperativas. Mas de nada adianta se este imaginativo não contenha bases na realidade, no concreto, e mente e corpo junto conspire para um produto final, que é a obra de arte. Cada indivíduo tem sua essência, que pode ser questionável, mas sem ela não se pode ter uma arte autoral. Em arte tudo que é de todos é de ninguém. O artista para que mereça esta condição necessita ter uma linguagem peculiar que lhe caracterize. Assim foi Piet Mondrian, Joaquim Torres-García, Alfredo Volpi, Rubem Valentim, Antonio Maia, Jasper Johns, Alberto Giacometti, Alexander Calder, Lucio Fontana (foto), Sante Scaldaferri, Fernand Lèger, Jesús Soto, Josef Albers, James Ensor, entre outros.
O artista deve coerência entre seu pensamento e suas produções. Importante encontra a identidade do autor.
Quem fez? Quem é o artista? A resposta deve ser encontrada na essência da produção. A obra deve parecer com o artista, até com suas contradições enquanto humano. Hoje no mundo contemporâneo não existe divisões rígidas quanto às várias possibilidades expressivas. Mas só se expressa o que está impresso no psiquismo. Isso localiza o indivíduo. Existem diferenças negadoras dos conceitos e categorias, mas o eu criador é indivisível. A arte ganha mais nas expansões dos sentidos, com vetores, direções diversas. Mas não foge de pessoalidade e isto difere um verdadeiro artista daqueles que tem apenas habilidades. Habilidade não é arte.
Talento é uma aptidão natural, pode ser trabalhado, acrescido de informações, mas é fator determinante no fluxo criativo, no vencer desafios e estabelecer metas. Tanto o artista como o público tem que estar convencidos dos fundamentos e “verdades” do percurso artístico escolhido e aprimorado.
As escolhas pessoais, as pesquisas e reflexões, tipificam criadores.
As vaidades são vícios daninhos. O vaidoso inveja, nunca é generoso, em sua síndrome de insatisfação, persegue quem constrói e perde seu tempo ocupando-se do outro.
Muito já se falou da arte como instrumento transformador de indivíduos e do mundo. É no fazer diuturno que se formata uma obra, que em seu processo e desenvolvimento pode mudar indivíduos e sua estada no mundo.