Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Donaldson Gomes
Publicado em 25 de setembro de 2019 às 04:16
- Atualizado há 2 anos
Durante o curso no Centro Juvenil de Ciência E Cultura (CJCC), Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Severino Vieira, Vitória Souza Santos, 17 anos, foi desafiada a tentar resolver um problema do seu dia a dia. E, mesmo sem saber, acabou inovando junto com os seus colegas. O processo que foi apresentado a ela e a seus colegas é o considerado um bom exemplo de como se deve estimular os estudantes a inovarem: sem pressão e aproximando o assunto escolar da realidade deles. >
Vitória conta que na escola tem acesso a uma disciplina cujo objetivo é ajudar os estudantes a realizarem desafios criativos. Foi lá que ela e um grupo de colegas desenvolveram uma solução robótica chamada “Bag To Rise” – um dispositivo que pode ser usado em aplicativos de transporte para fazer doações a pessoas sem teto. Com o produto, a equipe venceu o Desafio Fórum Agenda Bahia/Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). E, além disso, reforçou o processo de aprendizagem da turma. >
A ideia é usar a rede logística, o meio de transporte e os motoristas dos apps para distribuir mantimentos, roupas e material de higiene pessoal. Tudo seria colocado dentro de uma mochila, que pode se transformar também em um saco de dormir. Daí o nome do projeto.>
“Hoje eu consigo me ver como uma pessoa que pode criar coisas interessantes e me sinto mais confiante”, conta a estudante. Segundo ela, mesmo as ideias que não resultam em projetos vencedores como o dela são valorizados no processo de aprendizagem. “Nós aprendemos a analisar aquilo que nós fizemos, a rever e a buscar modificar o que for preciso”, explica a estudante. >
Aluna do terceiro ano do ensino médio, a jovem sonha em continuar a resolver problemas no futuro, mas como advogada. “Meu sonho agora é estudar Direito e ser uma advogada”, conta. >
O professor Elton Borges de Sena Barreto dá aulas de robótica. Ele diz que busca inserir o conteúdo a partir da realidade dos seus alunos. “A gente pede que o aluno identifique alguma demanda em seu dia a dia e a partir daí vamos trabalhar na resolução deste problema através de uma solução completamente nova ou melhorando alguma coisa que já existe”, explica. >
Segundo ele, a proximidade com algo do cotidiano amplia o interesse dos estudantes pelo assunto. “Para o aluno, tudo acontece de maneira muito natural, até porque a palavra inovação só vai surgir na realidade dele depois. Ele não vai tentar fazer uma grande descoberta para ganhar um Prêmio Nobel, vai tentar resolver uma demanda que é próxima à realidade dele”, diz. “A inovação se torna realidade na vida deles junto com a solução”, explica. >
Elton Barreto tomou conhecimento da ideia da bag de Vitória e mais duas colegas, Ana Clara Souza Santos e Leila de Jesus Nascimento. Daí, sugeriu a inclusão de alguns alunos do curso de robótica no processo. “A tecnologia deve ser utilizada para a resolução de problemas. E a robótica pode ser uma ferramenta neste sentido”, diz. >
Foco no professor A gerente de Educação e Cultura do Sesi na Bahia, Cléssia Lobo, conta que todo o trabalho de estímulo ao desenvolvimento da inovação nas nove unidades de ensino da rede aqui na Bahia passa pela valorização do professor. “Nós nos preocupamos muito com o profissional e com o estabelecimento de uma boa metodologia. Investimentos em estrutura? Sim, mas com a consciência de que é o educador quem faz a diferença”. >
Segundo ela, a rede de ensino busca estimular que os professores criem ambientes que estimulem os alunos a buscarem soluções de problemas. “Nosso interesse é, cada vez mais, oferecer um ambiente e um processo que favoreçam uma postura mais ativa dos alunos. Isso importa mais que laboratórios ou qualquer outro tipo de estrutura”, acredita a gestora. “Nós buscamos fazer com que os alunos se tornem protagonistas no processo de aprendizado, que não fiquem passivos, e que os professores se tornem facilitadores”, destaca. Concepção de inovação Professor Titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, Nelson Pretto, considera importante definir corretamente a concepção de inovação. Para ele, aquela ideia de “simplesmente sair correndo atrás de tecnologia de ponta para atender uma lógica de mercado” teria pouca relação com o processo educacional. >
“A relação entre a inovação e a educação pode se dar a partir do momento em que se busquem soluções criativas para questões próximas à realidade das pessoas”, acredita Pretto. >
Para o professor, a inovação em si seria na realidade a consequência de um profundo desenvolvimento criativo e tecnológico. Isso, acredita ele, só aconteceria em um contexto educacional mais amplo. >
“A disrupção (processos inovadores que causam grande mudança social) necessita de um profundo conhecimento em diversas áreas de conhecimento”, destaca Pretto. Além disso, acrescenta ele, uma visão mais ampla é necessária também para permitir avaliar diferentes consequências de mudanças tecnológicas. “Uma formação mais ampla, diferente do censo comum, vai olhar mais para as qualidades individuais e ligadas ao relacionamento social dos indivíduos”, acredita.>
O Fórum Agenda Bahia 2019 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Sotero Ambiental, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia e apoio da Braskem e DD Education.>
Alunos podem vivenciar desafios no Senai Todos os alunos que fazem cursos técnicos no Senai passam por disciplinas de inovação, empreendedorismo e gestão de projetos. Além disso, no trabalho de conclusão de curso, os estudantes têm a abertura para desenvolver o seu trabalho propondo a solução de problemas reais, explica a gerente de Educação Profissional do Senai, Patrícia Evangelista. >
“A nossa proposta é colocar o aluno o tempo inteiro diante de desafios e focado em problemas reais relacionados à indústria”, diz. Segundo ela, além de ter uma carga horária significativa de aulas práticas, a formação do aluno é enriquecida com a oportunidade de trabalhar com ferramentas de realidade aumentada e aplicações de realidade virtual. Alguns livros didáticos disponibilizados, por exemplo, possuem objetos de realidade aumentada. “O aluno consegue visualizar situações práticas do dia a dia da indústria”, conta. >
Uma nova ferramenta que vai favorecer o desenvolvimento dos alunos, acrescenta Patrícia, é o labmaker. O espaço vai permitir que os estudantes desenvolvam suas ideias até a fase de protótipo, dispondo de ferramentas como impressoras 3D, entre outras. >
Saiba como participar, gratuitamente>
O que O Agenda Bahia chega aos 10 anos promovendo discussões sobre inovação, compe- titividade, qualificação e sustentabilidade.>
Onde No Senai Cimatec, na Avenida Orlando Gomes, dia 3 de outubro, entre as 9 e 18 horas>
Inscrições Inscreva-se grátis no endereço oferta.correio24horas.com.br/agendabahia10anos>
SEMINÁRIO [A.R] EVOLUÇÃO - 03 de outubro>
MANHÃ ARENA DO CONHECIMENTO>
08h00 às 9h00 – Credenciamento>
09h00 às 09h30 – Palestra “Tudo muda o tempo todo”, com Peter Kronstrom, head para América Latina do Copenhagen Institute for Future Studies e fundador do Future Lounge>
09h30 às 10h00 – Bate-papo com Peter Kronstrom moderado por Flavia Oliveira, colunista do jornal O Globo e da Globonews>
10h00 às 10h30 – Palestra “O Futuro é agora: como o empoderamento digital transforma vidas e cidades”, com Rodrigo Baggio, presidente da Recode, organização social presente em 8 países e 689 centros de empoderamento digital>
10h30 às 11h00 – Bate-papo com Rodrigo Baggio moderado por Flavia Oliveira, colunista do jornal O Globo e da Globonews>
11h00 às 12h00 – Painel “Distopia ou disrupção: como se preparar para o amanhã?”, com os palestrantes Peter Kronstrom e Rodrigo Baggio e moderação de Flavia Oliveira.>
12h – Intervalo para almoço>
TARDE ARENA DA VIVÊNCIA 14h30 às 16h00 – Painel “Do robô ao roubo de dados: as novidades na Educação, na Agropecuária, na Construção Civil e na Saúde”, com Silas Cunha, CEO da Abitat, startup Construtech que busca a gestão mais eficiente de empreendimentos através de IoT (Internet das Coisas), Banco de dados e Machine Learning, Ana Carolina Monteiro, sócia da Hackel, consultoria em Marketing Conversacional e soluções em Educação que trabalha com tecnologias de automação e inteligência artificial. como Internet das Coisas e Chatbots, Matheus Ladeia, CEO do E-rural, o maior marketplace de pecuária do Brasil e especialista em agtech, growrth strategi e growth marketing e Vicente Vale, sócio da REP Educa, plataforma digital que utiliza Realidade Aumentada e Inteligência Artificial para ampliar a aprendizagem dos alunos.>
14h30 às 16h00 – Oficina “Como programar um robô com sentimentos”, com Peterson Lobato, fundador da Mini Maker Lab e professor na área de robótica, programação e impressão 3D.>
14h30 às 16h00 – Oficina “Circuito de Experiências em tecnologias para Educação e para Indústria”, com Fernanda Mikulski Guedes, coordenadora de ações de avaliação educacional, inovação e competições da Escola Técnica Senai-BA e Igor Nogueira Oliveira Dantas, coordenador de projetos de inovação educacional na unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais do Senai-BA, Adalício Neto, especialista em Automação no SENAI CIMATEC e responsável pelo portfólio de serviços 4.0.>
14h30 às 16h00 – Os desafios do Bitcoin no Brasil, com Thiago Avancinni, diretor de Educação e Tecnologia da DD Corporation.>
16h00 às 17h00 – Desafio “Fórum Agenda Bahia/Olimpíada Brasileira de Robótica”, uma parceria jornal Correio e Sesi.>