Criticar Fernando Diniz é pura demagogia

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  • Darino Sena

Publicado em 9 de janeiro de 2018 às 05:16

- Atualizado há um ano

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Boa parte da imprensa tratou como absurda a atitude de Fernando Diniz, que pediu demissão do Guarani e foi para o Atlético-PR. Fizeram duras críticas ao treinador, que estava há cerca de um mês à frente do Bugre. “Quando for mandado embora do Furacão, Diniz não vai poder reclamar de instabilidade”, escreveu um jornalista no Twitter.

Na moral, me faça uma garapa! A recusa de Diniz ao Atlético-PR teria o poder de revolucionar a dinâmica do mercado de treinadores no Brasil? Claro que não. Depois de anos comandando times pequenos, nunca lembrado por equipes de maior expressão, é claro que Diniz tinha o direito de optar por aquilo que julga melhor para a carreira dele.

Será que o tal jornalista indignado ratearia um veículo de comunicação que desse muito mais visibilidade ao trabalho dele e lhe pagasse salário oito vezes maior?! No dos outros, é refresco...

O Atlético-PR, assim como a maioria dos clubes no país, tem fama de triturador de técnicos, é verdade. A média de permanência no clube nos últimos anos é de apenas quatro meses. Mas, quem garante que, no Guarani, Diniz não balançaria após a primeira sequência de maus resultados? Convenhamos, é muito melhor sofrer com a instabilidade no Atlético-PR, um clube intermediário da Série A, do que no Guarani, que entra na Série B para não cair.

O mercado de treinadores no Brasil é um mangue e as únicas vítimas dessa história são a qualidade do futebol praticado por aqui e o cofre dos clubes. Os treinadores são cobrados por resultados e se preocupam muito mais em vencer do que em jogar bem. Resultado? O nível técnico baixo dos nossos clubes que, apesar de terem muito mais grana que os vizinhos, sofrem para se impor nas competições continentais, por exemplo. Os cartolas usam a demissão de técnico para esconder a própria incompetência. Nesse processo, pagam multas milionárias para quem sai e salários exorbitantes a quem chega. Um passivo que malmente será pago pela gestão seguinte. Os técnicos, que posam como vítimas, na verdade, se beneficiam de tudo isso, caso contrário, já teriam se unido para tentar mudar o status quo.

Cobrar que essa mudança parta de um cara que nunca teve a oportunidade de treinar um clube grande no país é pura demagogia.

Rueda No contrato de Diniz havia uma cláusula que permitia a saída para um clube de Série A. Assim como o contrato de Guto Ferreira previa multa rescisória, que foi paga, quando ele decidiu deixar o Bahia para assumir o Internacional, ano passado. Movimentos de mercado absolutamente normais, transparentes e éticos.  

Estranho é o caso do técnico do Flamengo, Reinaldo Rueda. Desde o ano passado, a imprensa do Chile cravou a ida dele para a seleção daquele país. Mas, segundo os dirigentes do Flamengo, Rueda disse que permaneceria. Para os chilenos, Rueda estaria “cozinhando” os rubro-negros para esperar a virada do ano - em 2018, a multa rescisória dele cai pela metade.

Ontem, Rueda confirmou a ida para o Chile. Passou atestado de mentiroso, além de prejudicar o início de temporada flamenguista, que já poderia ter se movimentado para começar o ano de técnico novo. Todo mundo tem o direito de escolher o próprio destino. Ninguém deveria ter o direito de sacanear.

Darino Sena é jornalista e escreve às terças-feiras