Custo Brasil: ‘O governo é o principal sócio de qualquer empresa no país’

Quem empreende acaba tendo que sustentar estrutura pesada, avalia economista

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  • Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

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As coisas poderiam ser mais simples no Brasil para quem quer produzir, defende o economista Fernando Cavalcanti, vice-presidente do NWGroup. “Quando você tem uma economia se arrastando, quando vê o aumento da criminalidade, e uma coisa está atrelada a outra, percebe que falta mais simplicidade ao país. A gente tem esses problemas estruturais que nos impedem de continuar crescendo”, avalia. 

“Tem nuances na estrutura do Brasil que nós temos dificuldades de entender, imagina como se faz para explicar isso a quem vem de fora e quer investir no país”, ressaltou Cavalcanti durante a participação no programa Política & Economia ontem, apresentado pelo jornalista Donaldson Gomes, no Instagram do CORREIO (@correio24horas). 

“A gente tem sérios gargalos que precisam ser enfrentados, mas não é uma tarefa simples. Na área tributária, tem produtos que são taxados mais de uma vez, quando se contrata um funcionário, o que vai para o governo quase supera em quase duas vezes salário que é pago ao trabalhador”, diz. “O governo é o principal sócio de qualquer empresa aqui”

Segundo Fernando Cavalcanti, o NWGroup atua em todos os segmentos da economia, passando pelo agronegócio, indústria, tecnologia e o comércio, ajudando empresas a superar essas dificuldades. 

“Você imagina com quantos fundos, quantas empresas, nós temos relacionamentos. Tem pessoas que querem investir no Brasil, tem brasileiros que querem investir fora, ou precisam de recursos estrangeiros”, exemplifica. Ele conta que o grupo percebeu as demandas dos clientes e decidiu oferecer esses trabalhos. “Nós estamos presente em quase todos os estados brasileiros, conhecemos muito este país, então temos condições de identificar para o investidor quais são os melhores locais para o investimento dele”, acredita. 

Além disso, a empresa fez um estudo de viabilidade econômica e mercadológico de cada estado brasileiro, diz. “Fizemos uma busca, juntando pontas que estavam separadas”, conta. Ele cita como exemplo o interesse de um cliente em vender um shopping. Conversando com investidor posteriormente ouviu dele sobre o interesse na compra de um estabelecimento do tipo. “As coisas  são muito dinâmicas, é a vida acontecendo e não podemos deixar as oportunidades passarem”. 

O economista Fernando Cavalcanti assumiu a vice-presidência do escritório Nelson Wiliams Advocacia (NWadv) pouco antes do início da pandemia. Ele chegou ao cargo depois de ocupar o posto de assessor da presidência e do desenvolvimento de um papel executivo na firma. Durante a pandemia, percebeu que as empresas precisavam de uma assessoria além da área jurídica. 

“Nós crescemos muito, temos 31 filiais, com uma bela estrutura no Distrito Federal e em muitos estados da federação”, explica. O escritório de advocacia já existe há 22 anos, tem quase 2 mil colaboradores, quase 500 mil processos ativos em carteira. Segundo Cavalcanti, esse tamanho deu ao grupo uma capilaridade muito grande e uma enorme rede de relacionamentos. 

“A pandemia vem num momento para nos ensinar. Obviamente, estamos falando de um momento de transição da humanidade e precisamos entender como iremos sobreviver a tudo isso”, lembra. “Você olha para a Europa e vê tudo fechando, começa a ver gente morrendo e uma catástrofe se avizinhando. Neste momento, não se sabe o que vai acontecer com o seu país, com a sua empresa e com sua família”. 

Foi neste contexto que a empresa montou comitês de crise, para entender melhor a situação e pensar em como poderia servir aos clientes no momento. “Começamos a atuar, inicialmente com os clientes mais próximos, fizemos visitas, e começamos a entender as possibilidades que nós tínhamos nas mãos para ajuda-los neste momento de crise”, conta. 

Aí o trabalho passou por ajudar em negociações de aluguéis, contatos com fornecedores e em tudo o que pudesse ajudar as empresas a passar pelo momento de dificuldades. “Começamos a atuar de maneira segmentada, procurando levar a quem nos procurava num momento de crise um momento de refrigério, que pudesse ajuda-los a ultrapassar esse momento da melhor maneira”, diz. 

“Nós começamos a identificar um universo de serviços não jurídicos, mas não podíamos fazer nada porque somos um escritório jurídico. Começamos a refletir internamente e percebemos uma oportunidade”, rememora. É quando nasce o NWGroup Investimentos, uma empresa que busca atração de investimentos, faz consultorias para clientes e oferece oportunidades não jurídicas, em operações totalmente segregadas. 

A pandemia nos deu a oportunidade de enxergar novos caminhos para o nosso negócio. A necessidade de sobreviver e ajudar nossos clientes a sobreviver nos fez buscar entender melhor o nosso mercado”, ressalta. “Óbvio que a pandemia é um desastre, mas acabou nos mostrando uma oportunidade de negócios. Como eu não sou advogado de formação, para mim foi muito fácil pensar fora da caixa”.