Dados de desmatamento criticados por Bolsonaro derrubam diretor do Inpe

Ricardo Galvão será exonerado apesar de ter mandato até 2020

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  • Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 12:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: CDMF/Divulgação

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, será exonerado do cargo, após responder a críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro à divulgação de dados sobre aumento do desmatamento no Brasil durante a atual gestão.

A decisão sobre sua saída ocorreu após uma reunião de cerca de duas horas, na manhã desta sexta-feira (2), com o ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia. Segundo o jornal O Globo, a pasta confirmou a sua saída.

Apesar de Galvão ter mandato até 2020, essa foi a decisão do governo. Na quinta-feira, em entrevista coletiva, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o próprio Bolsonaro voltaram a questionar dados do instituto.

Nesta quinta-feira, o presidente da República disse que não gostaria de fazer um "mau juízo" do diretor do Inpe, mas afirmou que a divulgação dos dados "está estranha".

Ele lamentou ainda que o diretor tenha um mandato à frente do órgão, pois uma "medida mais drástica", referindo-se à demissão, iria gerar "uma confusão muito grande".

"Uma pessoa que passou informação duvidosa tem que ser responsabilizada, sim", comentou Bolsonaro.

Farpas na imprensa Ao sair da reunião com Pontes, Galvão confirmou, para jornalistas, que o motivo de sua exoneração foi porque seu discurso em relação a Bolsonaro criou constrangimento. “Diante do fato, a maneira como eu me manifestei com relação ao presidente, criou-se um constrangimento que é insustentável. Então eu serei exonerado”, afirmou ele, que disse concordar com sua substituição.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, no dia 21, o diretor do Inpe havia dito que até poderia ser demitido, mas que o instituto era cientificamente sólido o suficiente para resistir aos ataques do governo.

No dia 20, ao Jornal Nacional, da TV Globo, Galvão afirmou que o presidente da República "tem um comportamento como se estivesse em botequim. Ou seja, ele fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoas"."Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer", disse o diretor do Inpe.Nesta sexta, Galvão afirmou que tinha preocupação de que suas críticas fossem respingar no Inpe. “Não vai acontecer”, ressaltou.

Apesar de ter mandato de quatro anos com prazo para terminar no final do próximo ano, ele disse que no regimento do instituto está explícito que o ministro poderia, numa situação de perda de confiança, substituir o diretor do órgão. Com informações do O Globo e Folha.