David reivindica direitos econômicos, falta treinos e desfalca o Vitória

Proposta de time ucraniano pelo atacante foi negada pelo clube; entenda

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  • Daniela Leone

Publicado em 21 de janeiro de 2022 às 21:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: LETÍCIA MARTINS / ECVITÓRIA

David não é visto na Toca do Leão há dois dias. Ausente dos treinamentos de quinta (20) e sexta (21), ele está fora do jogo do Vitória contra o Barcelona de Ilhéus, no Campeonato Baiano. Segundo o empresário do jogador, Daniel Casagrande, o atacante só voltará a se apresentar após o imbróglio sobre seus direitos econômicos ser resolvido. De acordo com o agente, David teria direito a 10% deles. O assunto veio à tona esta semana após uma transação não realizada.

Recuperado após contrair covid-19 e passar por isolamento, David voltou a treinar na segunda-feira (17), em meio a uma negociação que poderia resultar em sua transferência para o futebol europeu. O Vitória recebeu uma proposta do Metalist, da Ucrânia, que não foi concretizada. 

De acordo com Casagrande, a proposta consistia em pagar 1,2 milhão de dólares por 80% dos direitos de David. O Vitória seguiria com 20% para uma venda futura. Desse valor, o clube baiano receberia 996 mil dólares (aproximadamente R$ 5,4 milhões), por ter 83% do jogador. O restante é dividido da seguinte forma: 7% dos empresários e 10% do empresário Luciano Cortizo, que agenciou David do começo da carreira.

O parcelamento do pagamento teria sido inicialmente um dos motivos da rejeição do Vitória à proposta. "O presidente botou muitos empecilhos durante a negociação. No futebol é praxe parcelar, ninguém compra à vista. A segunda parcela era para janeiro de 2023, mas conseguimos trazer para junho de 2022. Tudo que ele pedia, a gente fazia e, na última hora, ele repensou. O jogador já tinha passagem comprada”, afirmou Daniel Casagrande.

"O valor da negociação sempre foi o mesmo, o que mudou foram os prazos. No último minuto, a gente estava abrindo mão dos 10% a que David tinha direito, mas depois ele disse que não fechou pelo valor", completou o agente. O CORREIO tentou contato com o presidente em exercício do Vitória, Fábio Mota, mas não teve retorno. 

Um outro entrave, este sem envolver o clube ucraniano, foi a divisão de percentual dos direitos econômicos de David. Revelado no Vitória, o jogador tem contrato com a equipe baiana vai até 2024. A renovação foi feita em maio de 2021, na gestão de Paulo Carneiro. De acordo com Daniel Casagrande, na ocasião, ficou acertado que David passaria a ter 10% dos próprios direitos. No entanto, ele afirma que o acerto não constou no contrato final.

"O que aconteceu é que o David foi enganado. Nós todos fomos enganados. Durante toda a renovação de contrato dele, foi combinado que ele teria 10%. Acertamos diretamente com Paulo Carneiro e com Manoel Tanajura, eram as duas pessoas envolvidas na negociação. Nós assinamos todos os contratos e faltou o clube assinar. Eu tenho o Manoel Tanajura me encaminhando os contratos. Nesse meio tempo, teve o surto de covid-19 (em 2021) no Vitória. David pegou e foi afastado. Quando ele foi assinar no clube, eu já não estava mais com ele. Não era o mesmo contrato. Era exatamente igual, só não constavam os 10%. David foi enganado", acusa Daniel Casagrande. "Durante um tempo, eu cobrei. Agora, como começaram as negociações, nós fomos e o presidente novo disse que não tem nada no contrato”. 

O CORREIO tentou entrar em contato com o gerente de futebol Manoel Tanajura, mas também não obteve retorno. À reportagem, Paulo Carneiro disse não ter nada a declarar. No entanto, ele falou sobre o assunto em um áudio que distribuiu através de aplicativo de mensagens: "Renovei com enorme dificuldade. Ao contrário do que André (Cury, também empresário de David) está falando aí, renovei com R$ 10 mil a mais do que ele valia no mercado. Fui obrigado a dar R$ 10 mil para uma possível venda no futuro. Renovei por quatro anos. Não me lembro desses 10% que ele diz ter direito. Se assinou contrato, que não aparecem os 10%, é porque ele não tem direito. Acho que ele reivindicou isso, mas não dei. Não tenho certeza", afirmou o presidente afastado.

Através da assessoria de comunicação, o Vitória informou que o clube está em negociação com o empresário do atleta. Em entrevista à Rádio Itapoan, o presidente Fábio Mota se posicionou sobre o assunto. “Para ter 10% tem que estar escrito no contrato. O contrato que o Esporte Clube Vitória tem com o jogador David não consta lá que ele tem direito aos 10%. Se alguém prometeu a ele de dar 10%, não formalizou. O que ele colocou é que quando foi feito a renovação, foi dito que o David teria 10%, mas isso não está no contrato. O contrato que o Esporte Clube Vitória tem, o Vitória tem 83% do jogador. 7% é do empresário André Cury e 10% é do Jacuipense, alguma coisa assim. Com relação a ele treinar ou não, é decisão dele, do empresário dele. A gente vai aguardar para ver o que é que vai acontecer. O que eu não posso, como presidente do clube, é dar 10% de uma coisa que não está escrita em lugar nenhum”.