De Salvador, 1ª miraculada de Dulce acompanha canonização

Cláudia Araújo está desde ontem às 18h em vigília no Santuário de Irmã Dulce

  • D
  • Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2019 às 05:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO

A funcionária pública Cláudia Araújo, primeira pessoa a receber um milagre de Irmã Dulce, participa desde às 18h do sábado (12) de uma vigília no Santuário de Irmã Dulce, no Largo de Roma. "Não tenho palavras para descrever esse momento com Deus e, agora, com Santa Dulce", diz a miraculada, que veio de Sergipe para acompanhar da capital baiana esse momento.

A advogada Ana Lúcia Aguiar, 55, conta com orgulho que "participou" do primeiro milagre de Dulce. "Porque fui eu quem apresentei Dulce ao padre Almir. Quando ele viu o estado dela, colou a imagem da freira e foi aí que tudo mudou. Na época, eu nem conhecia Claudia, agora somos irmãs", diz a cearense que veio de Sergipe com a miraculada.

Veja fotos dos fiéis na vigília:

[[galeria]]

A adolescente Júlia de Jesus, 15 anos, também está desde ontem na vigília. De família católica, a jovem conta que fez questão de participar da vigília, onde chegou às 22h. "Para nós, jovens católicos, é milagroso e mágico participar disso aqui, talvez eu não tenha palavras", disse, emocionada. (Foto: Tailane Muniz/CORREIO) Miraculada Então com 31 anos, Cláudia estava grávida de segundo filho quando, sem saber, virou instrumento para o reconhecimento do primeiro milagre de Irmã Dulce. O seu caso significou a beatificação de Irmã Dulce pela Igreja Católica - um dos passos para a santidade.

“Eu ia morrer. Não tinha salvação. Minha família toda foi desenganada e ela me concedeu o milagre da minha cura. Eu nunca imaginei, na minha vida, poder ter recebido uma graça tão grande quanto essa”, comenta Cláudia, hoje com 50 anos. O milagre, pela crença da Igreja Católica, aconteceu no dia 12 de janeiro de 2001, na Casa de Saúde e Maternidade São José, na cidade de Itabaiana, no estado de Sergipe quando Claudia deu a luz ao pequeno Gabriel em um parto normal, depois de um pré-natal feito com regularidade. Nenhuma anomalia havia sido identificada. Cláudia e os filhos (Foto: Yuri Rosat/CORREIO) Cláudia nasceu na cidade do Rio de Janeiro, mas desde os 12 anos morava na pequena cidade de Malhador, perto de Itabaiana, no interior de Sergipe. Tudo corria bem, mas, após o parto, as coisas começaram a mudar e uma forte hemorragia acometeu o corpo de Cláudia. Foram três cirurgias, em vão, no intervalo de 18 horas para conter o sangramento.

O médico Antônio Cardoso Moura, responsável pela cirurgia, no prontuário da paciente, segundo registro do livro, descreveu a caminhada da Claudia pela sobrevivência. A primeira cirurgia realizada foi a histerectomia total abdominal, retirada total do útero, após agravamento da hemorragia genital e uterina. Seis horas após a retirada do útero, segundo o médico, “a paciente apresentou sangramento nos locais de punção venosa, ferida operatória, tecido celular subcutâneo, sufusões hemorrágicas, distensão abdominal, sudorese, palidez, choque hipovolêmico”. Com esse quadro, foi necessária a segunda intervenção cirúrgica para conter os coágulos e limpeza da cavidade abdominal. Doze horas após o início da segunda cirurgia, Cláudia voltou a apresentar sangramentos. Acumulavam-se até 500 ml de sangue na cavidade abdominal. Em seguida, a terceira cirurgia.

Diretora médica da maternidade na época do parto, a Irmã Augustinha Ferreira Santos estima que pelo menos 20 bolsas de hemoderivados foram usadas na paciente. “O sangue não fixava no corpo dela. Era aplicado pelas veias e saía pelo útero, que acumulava sangramento. Tecnicamente falando, a única esperança naquele momento era uma UTI, mas a maternidade não tinha. Os rins dela pararam e não tínhamos um nefrologista para atender. Era impossível transferi-la naquele estado”, relembrou a freira ao livro Irmã Dulce: os milagres pela fé.

Distante 50 quilômetros da maternidade, em Aracaju, capital de Sergipe, o padre José Almí de Menezes – que já havia sido pároco da cidade de Malhador, onde Claudia residia - atende uma ligação na casa paroquial de sua irmã relatando o sofrimento da funcionária pública. “Naquela hora, peguei uma foto de Irmã Dulce que eu tinha guardado comigo há vários anos e comecei a rezar mentalizando a salvação daquela mulher que agonizava depois de ter dado o dom da vida ao seu segundo filho”, conta o padre.

Anos após a cura, em depoimento para o livro em 2012, Cláudia relatou que recorda com dificuldade os momentos vividos na maternidade. “Tenho poucas lembranças. Mas uma coisa de que me lembro é que senti, em algum momento, uma paz muito grande no meu coração. Tenho lapsos na memória de muita gritaria dos médicos, coisas desesperadas, mas não lembro com precisão desses momentos. Só me lembro de ter acordado e pedido para ver meu filho”.

O projeto Pelos Olhos de Dulce tem o oferecimento do Jornal CORREIO e patrocínio do Hapvida.