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Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2022 às 21:57
As raízes históricas e sociais da violência policial foi um dos temas em discussão, nesta sexta-feira (26), quando a Defensoria Pública da Bahia (DPE - BA), exibiu gratuitamente o documentário Sem descanso, durante o Cine Debate, no Museu de Arte Moderna (MAM). >
O filme conta a história de Geovane Mascarenhas, jovem de um bairro pobre de Salvador que desapareceu após uma abordagem da Polícia Militar, em 2014, aos 22 anos, e traz a reflexão de um grande problema social brasileiro: o fato da polícia do país ser considerada a mais violenta do mundo. As vítimas dessa violência são, principalmente, jovens negros.>
Na época do sumiço de Geovane, o pai do rapaz empreendeu uma cruzada para localizar o paradeiro do filho, que foi brutalmente assassinado e esquartejado por PMs na sede da Rondesp, no Lobato. Ao verem na tela a busca travada por Seu Jurandy Silva até ter a confirmação trágica, os espectadores não conseguiram segurar a indignação.>
Durante o debate, após a exibição do documentário, o diretor da obra, Bernard Attal, usou sua fala para lamentar o crescimento da violência desde o caso de Geovane até aqui. "Infelizmente, esse filme continua muito atual, Geovane foi abordado em 2014 e a situação se tornou ainda pior do que quando fizemos esse filme. Precisam ser tomadas soluções e uma delas é colocar a câmera nas fardas dos policiais. Já aconteceu no Rio e em São Paulo, e a taxa de letalidade caiu. Não sei o que estamos esperando para fazer o mesmo aqui", questionou.>
Além dele, estiveram na mesa do debate, o repórter do CORREIO, Bruno Wendel, responsável pela série de reportagens que deu origem ao documentário, Jurandy Silva, pai de Geovane, familiares de pessoas desaparecidas após abordagem policial, como Camila Fiuza, irmã de Davi Fiuz, e Wagner Campos, o coordenador do grupo Ideas. A mediação foi de Lívia Almeida, coordenadora da especializada de Direitos Humanos da DPE.>
Emocionado ao rever o drama que viveu na época do falecimento do filho, Jurandy afirmou que ainda não consegue descansar. "Quando recebo convite, venho, mas hoje penso duas vezes antes de vir [a eventos como o debate de sexta], mas penso que eu preciso. Porque esse cara aqui é outro. A dor não passa, oito anos se passou, mas para mim tem oito dias”. >
Bruno Wendel continua apurando reportagens sobre o caso, que ainda não teve a sentença dos acusados definida. "Oito anos se passaram e queríamos fazer uma matéria dizendo que os culpados foram julgados e condenados, mas não aconteceu, a defesa deles é muito bem preparada” destacou o repórter do CORREIO. >
Busca por solução A dor do pai de Geovane é compartilhada por muitos baianos. Enquanto ele, apesar do desfecho doloroso, encontrou o paradeiro do filho, diversos familiares seguem há anos sem notícias de entes desaparecidos.>
Para ajudar aqueles que buscam informações de um parente desaparecido, a Defensoria Pública lançará cartilha com instruções sobre o que deve ser feito diante de um caso de desaparecimento. >
*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo>