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Da Redação
Publicado em 5 de agosto de 2021 às 09:41
- Atualizado há 2 anos
A variante Delta do novo coronavírus está avançando em diferentes Estados. Dados divulgados ontem pelo Rio apontaram que 45% das amostras analisadas obtiveram confirmação para a nova cepa na capital fluminense. Na Grande São Paulo, a taxa está em 23%, enquanto no Rio Grande do Sul ela é identificada em 15% dos casos sequenciados. O cenário tem chamado a atenção das autoridades.>
Essa mutação tem desacelerado planos de reabertura no Brasil e no exterior. De acordo com documento dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, pode ser tão contagiosa quanto a catapora. Pesquisas também já mostraram que uma só dose da vacina AstraZeneca ou da Pfizer não é suficiente contra a cepa - mas duas dão proteção.>
O Ministério da Saúde informa que, até 3 de agosto, 287 casos da Delta foram identificados e notificados no Brasil. Até o momento, entre esses casos, 21 óbitos foram confirmados em Maranhão (1), Paraná (12), Rio (4) e Distrito Federal (4).>
Dados de um relatório de monitoramento de linhagens do Sars-CoV-2, publicado no domingo pelo Instituto Adolfo Lutz, já apontam para quase um em cada quatro relatos na Grande São Paulo A ocorrência das cepas foi obtida por meio de sequenciamentos depositados na iniciativa Gisaid ao longo dos últimos 21 dias.>
Ao todo, segundo o instituto, a incidência da Delta no Estado agora é de 4%. Já a Gama (identificada originalmente em Manaus e predominante no Brasil) se mantém como principal em diferentes regiões de São Paulo, correspondendo a 80% dos diagnósticos positivos. Enquanto a prevalência da Gama está em queda, porém, a Delta está ganhando espaço em relação ao número total de casos>
Com 28 novas amostras detectadas, a cidade de São Paulo chegou nesta terça-feira a 50 diagnósticos positivos da Delta, conforme monitoramento ativo da Prefeitura, feito em parceria com o Butantan. O procedimento é realizado por meio de cálculo amostral, por semana epidemiológica. Após serem coletadas, as amostras vão para análise do laboratório estadual, onde é realizado o sequenciamento genético.>
Já os números do Rio foram apontados pelo programa de vigilância genômica e consideram 368 amostras coletadas entre junho e julho No período, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), 66,58% das amostras eram da Gama e 26,09% da variante Delta.>
Na rodada anterior, quando haviam sido sequenciadas 379 amostras, os números apontavam para 78,36% casos da Gama e 16,62% da Delta. "Dessa forma, é possível afirmar que a variante Delta está em circulação no Estado do Rio, com tendência de aumento e conversão para se tornar a mais frequente", diz a SES. "Ela (a Delta) se dissemina muito mais rápido e tem velocidade de transmissão muito maior", diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.>
Sul A chegada da Delta ainda preocupa as autoridades dos Estados da Região Sul do Brasil. A situação mais grave até o momento é no Rio Grande do Sul, onde acompanhamento feito pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) mostra que as detecções já representam pouco mais de 15% do total de novas amostras sequenciadas.>
O boletim mais recente apontou um total de 45 pessoas infectadas pela variante Delta no Rio Grande do Sul, e já há no Estado a contaminação comunitária, quando a transmissão ocorre entre os habitantes da região. Os dois casos mais recentes, confirmados por exame de sequenciamento genético, foram diagnosticados na cidade de Gramado, na serra gaúcha.>
Entretanto, a variante Delta já tem registros em várias regiões do Estado, mostrando uma velocidade incomum de contaminação, como alerta o especialista em saúde do Laboratório Central do Estado (Lacen/RS), Richard Salvato. "A Delta tomou um espaço muito rápido, coisa que não se tinha observado em nenhuma outra variante.">
Risco Pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), José Eduardo Levi diz que os casos de Rio e São Paulo chamam A atenção. "Parece que começou a subir Delta mesmo aqui (no Brasil), o que é preocupante", diz. Em maio e junho, relembra, houve zero casos de Delta em São Paulo e apenas um no Rio, mas agora o cenário parece mudar. "Aparentemente, estamos imitando o mesmo fenômeno que aconteceu em outros países", diz. A principal diferença, segundo ele, é que no Brasil a variante está "deslocando" a Gama, enquanto em países como o Reino Unido ela se sobrepôs à variante local, a Alfa.>
"É bastante complicado falar de qualquer tipo de flexibilização agora, principalmente do uso de máscaras. Ainda não atingimos a cobertura vacinal necessária e também não temos o controle da transmissão", alerta Mellanie Fontes Dutra, biomédica e coordenadora da Rede Análise Covid-19. Ela destaca ainda que, mesmo com a vacinação, nem todos os riscos de infecção serão abolidos.>
"A vacina reduz substancialmente os riscos, mas em um cenário de alta transmissão ainda temos algum risco", explica. "E os vacinados precisam ter em mente que a gente não sabe ainda o quanto contribuem para a transmissão. Eles podem estar expondo pessoas que são suscetíveis ou ão se vacinaram.">
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>