Depois de polêmica fala sobre pólvora, Bolsonaro diz que papel de militar é fora da política

Atualmente, 23 ministros do governo Bolsonaro têm origem militar

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  • Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 22:52

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar sobre as Forças Armadas. Depois de insinuar que poderia usar os militares contra os Estados Unidos, ele declarou que o papel das organizações é fora da política. A afirmação do presidente segue um comentário do general Edson Leal Pujol, que tinha defendido o distanciamento dos militares.

De acordo com a opinião expressa por Bolsonaro, as Forças Armadas devem se manter apartidárias, mas ele destacou que elas têm de atuar "baseadas na hierarquia e na disciplina, debaixo da autoridade suprema do presidente da República", em resposta às falas de Pujol.

"São elas [as Forças Armadas] o maior sustentáculo e garantidores da democracia e da liberdade e destinam-se, como reza a Constituição, 'à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de quaisquer destes, da lei e da ordem'", acrescentou.

Mais cedo, durante uma tentativa de demarcar o distanciamento entre o governo de Bolsonaro e as Forças Armadas, o general Pujol disse que os militares da ativa não querem fazer parte da política. Ele afirmou, em um seminário acerca da defesa nacional, que "somos instituição de Estado, não somos instituição de governo".

"Não temos partido, nosso partido é o Brasil, independentemente de mudanças ou permanências de determinado governo por um período longo. As Forças Armadas cuidam do país, da nação, elas são instituição de Estado, permanentes, não mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar, de como cumprir as nossas missões", disse o general Edson Leal Pujol.

Também nesta sexta-feira (13), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) se manifestou sobre a polêmica que gira em torno dos membros das Forças Militares. Ele explicou que a politização deve ficar afastada dos quartéis e ser restrita a quem está na reserva. De acordo com o portal UOL, Mourão disse que, se os militares da ativa passarem a fazer política, "a disciplina e a hierarquia sairão pelas portas dos fundos".

"Nós já sofremos (com a politização) até antes do período de 1964. Foi um problema de politização da Força Militar, que só serviu para causar divisão. Não se envolver na politica está no regulamento", destacou o vice-presidente.

Governo Bolsonaro tem 23 ministros com origem militarHoje, 23 ministros do governo de Bolsonaro têm origem militar. Mais do que isso, Eduardo Pazuello, que é o titular da Saúde, foi chamado para atender a uma situação de emergência e acabou sendo efetivado no cargo. Ele é da ativa e não possui planos para ir para a reserva, e isso incomoda os militares.