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Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2020 às 08:35
- Atualizado há 2 anos
O deputado estadual do Rio de Janeiro, Filippe Proubel (PSL), invadiu um inacabado hospital de campanha em São Gonçalo, no Rio. Ao lado de seguranças armados, ele anunciou que a "visita" não seria pacífica. "Eu ia ser calmo, brando, nessa fiscalização. Agora, vou tocar o terror", disse.>
Segundo a Folha de S. Paulo, a visita ruidosa ocorreu nesta quarta-feira (27) e foi transmitida ao vivo nas páginas do deputado nas redes sociais. Poubel esperou por meia hora antes de invadir, aos gritos, as dependências hospital que deveria ser inaugurado naquele dia.>
Da chamada ala bolsonarista do PSL carioca, Poubel chegou por volta das 15h à portaria do hospital, cuja inauguração estava prevista para horas depois. Demonstrando pouca paciência, 10 minutos depois o deputado começou a esmurrar o portão enquanto xingava o governador do Rio, o ex-aliado Wilson Witzel (PSC). "Cambada de ladrão, safado", gritava.>
O tom subia à medida que um assessor informava ao deputado o número de espectadores que o acompanhavam pelas redes sociais.>
Repetindo ter prerrogativa legal para a fiscalização surpresa, o deputado acionou a polícia e, antes mesmo da chegada deles, recomendou que dois seguranças armados acessassem a obra pelos fundos do terreno.>
Com a chegada da PM alardeada ao som das sirenes, um funcionário do Iabas, instituto responsável pela obra, abriu o portão para denunciar aos policiais a presença de dois seguranças armados dentro do prédio.>
Foi aí que Poubel entrou. Dentro das instalações, o deputado gritou com funcionários do Iabas e da secretaria estadual de Saúde, chegando a se lançar, aos berros, contra um representante do instituto.>
Contido por um policial, o deputado seguiu até a caixa d'água, afirmando que sua intenção era provar que o saneamento não estaria concluído naquele dia. Prometida para abril, a inauguração já tinha sido adiada quatro vezes.>
O Iabas é investigado no inquérito que apura irregularidades nos contratos emergenciais para combate à covid-19 no Rio. Durante toda a visita, Poubel, cuja ex-mulher foi secretária do governo Witzel, se identificava como autor do pedido de impeachment do governador.>
Outro parlamentar de oposição ao governo Witzel, o deputado Renan Ferreirinha (PSB) também vistoriou a obra naquele dia. O clima foi outro. Ele chegou ao endereço no momento em que Poubel deixava as dependências do hospital. Ciceroneado por funcionários, conheceu as instalações. A visita transcorreu com tranquilidade.>
Segundo Ferreirinha, "dá fazer política e oposição respeitando a dignidade humana e a democracia".>
"O Rio não precisa de mais confusão, truculência e agressividade. O Rio precisa que a corrupção acabe, que os hospitais de campanha sejam abertos de forma correta, e que vidas sejam salvas nessa pandemia", disse Ferreirinha a Folha.>
Em nota, Poubel negou qualquer irregularidade na vistoria. "Não há credibilidade na informação passada por um instituto envolvido reiteradamente em casos de corrupção e desvio de dinheiro público", afirmou ele ao jornal por intermédio de sua assessoria de imprensa.>
A assessoria ressaltou que a fiscalização foi acompanhada pela PM e transmitida nas redes sociais para "dar total transparência e evitar distorções".>
Ainda segundo a nota, "durante a fiscalização, funcionários da obra, sem crachá de identificação, tentaram omitir falhas, e um deles agrediu verbalmente o deputado, o que fez Filippe Poubel se exaltar verbalmente, mas em nenhum momento houve agressão física de sua parte nem de seus seguranças".>
Sobre a presença de homens armados, a assessoria do deputado afirmou que cabe esclarecer que o deputado desde o ano passado cumpre uma série de recomendações da Polícia Civil devido a um relatório da corporação apontando risco de atentado à sua vida.>
"Sendo assim, os seguranças do deputado são policiais, natural portarem armas para a defesa do parlamentar e própria proteção".>