Desafios na migração para o ensino online

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Publicado em 18 de junho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O avanço do vírus Covid-19 representa um momento de ruptura total em praticamente todos os aspectos da vida humana. Não é diferente na educação. Praticamente todas as escolas e universidades tiveram que cancelar suas aulas presenciais.  Muitas optaram por migrar para o ambiente virtual, o que no Brasil é conhecido como EAD (ensino à distância). A mudança da sala de aula física para a virtual não é simples e traz grandes desafios para todos os envolvidos: as escolas e universidades, os professores, além dos pais e alunos. Alguns desafios são sinteticamente tratados neste texto.

Suporte psicológico. A crise afeta a todos, uns mais e outros menos. É importante refletir sobre o apoio psicológico necessário aos envolvidos. Muitos poderão ter perdas de amigos e familiares. É um momento de suporte mútuo, não de cobranças e mais pressão, bem comuns no ambiente educacional brasileiro. Apoio dos pais/familiares na tentativa de criar um ambiente em casa propício ao estudo é muito importante.

Preparação dos professores. Ter milhares de escolas e universidades no mundo migrando para o ambiente online de forma tão rápida e no meio do curso é algo sem precedentes. Inicialmente requer que professores repensem seus cursos numa nova lógica, usando novas técnicas ou materiais, sendo que muitos não possuem capacitação para tal. Além disso, são muito mais horas de trabalho e preparo de aulas, o que pode ser bem estressante em função do desafio tecnológico existente.

Infraestrutura e segurança. Mover toda uma estrutura pensada para o presencial para o virtual exige infraestrutura tecnológica e de segurança. Estou me referindo ao que dá suporte para que o ensino ocorra e que, em geral, custa caro. Além disso, há que pensar nos cuidados necessários com a exposição de professores e alunos. Casos de invasão de aulas online por grupos extremistas, de divulgação de imagens racistas e pornográficas já foram relatados nos Estados Unidos (zoombombing).

Atenção dos alunos. Pesquisas indicam que estudantes param de prestar atenção nas aulas online após um período curto de tempo (após 10 a 18 minutos). Existem formas de contornar este problema com atividades online, mas isto nos leva ao desafio da preparação dos professores. Conscientização acerca da disciplina necessária para o estudo online também é importante.

Avaliação. Provas/testes e trabalhos são as duas formas avaliativas mais comuns em escolas e universidades. Evitar a “cola” é um grande desafio no ambiente virtual. Controles de acesso e IP, Captcha ou câmeras ajudam, mas ainda assim, novos formatos avaliativos precisam ser repensados, dado que a avaliação é uma parte importante do processo educativo e exige confiabilidade no resultado.

Suporte financeiro.  Economistas apontam que a crise financeira é certa, uma recessão que deve durar alguns anos. Isso afeta as pessoas, no sentido das suas capacidades de manterem o pagamento de mensalidades e, consequentemente, as instituições, que precisam pagar seus custos, remunerar seus professores e investir no EAD. Podem existir muitas soluções para estes desafios, mas nenhuma delas será de fácil implantação. Trata-se de uma crise e não precisamos de mais tensão nas nossas vidas além do que já temos agora. Estamos diante de um momento que exige, acima de tudo, união, respeito e muito cuidado com o próximo, especialmente quando estamos tratando de educação. Roberto Brazileiro, professor adjunto da Escola de Administração da Ufba