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Priscila Natividade
Publicado em 9 de março de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Há quem diga que fazer planilha é uma coisa chata ou que não tem lá muito tempo para anotar os gastos, há aqueles que garantem ser bons de memória, mas a verdade é que quase metade dos consumidores não consegue controlar seu orçamento. Segundo uma pesquisa recente feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 48% dos consumidores confessam que falta disposição para organizar suas finanças com regularidade. >
Queridinha por uns, odiada por outros, a planilha de despesas está mesmo sem moral, visto que 25% preferem confiar só na memória para controlar as despesas. Ainda de acordo com o mesmo levantamento, outros 16% reconhecem não ter disciplina e 16% alegam não ter um rendimento fixo ou nem sabem exatamente o quanto ganham por mês. >
“O que a gente percebe é que as pessoas até sabem da importância de fazer o gerenciamento das finanças, mas têm dificuldade em colocar isso em prática. O que mais chama atenção na pesquisa é confiar na memória para lembrar o quanto gastou”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. >
Outro risco está nos pequenos gastos, que Marcela chama de “invisíveis” - ou seja, que costumam ser ignorados, como o refrigerante ou a sobremesa do almoço. Seis em cada dez não levam em consideração no orçamento os gastos extras, sobretudo, com lazer, transporte, salão de beleza, compras de roupas e alimentação fora de casa.>
“Quando não se anota os gastos, ainda que pequenos, as pessoas ficam naquela de estimar valores e no final do mês a conta não fecha e elas ficam sem saber por quê. Se não conseguimos lembrar nem o que almoçamos hoje, quem dirá, quanto gastamos com isso. É preciso se organizar neste sentido se não quiser cair no endividamento”, argumenta Marcela.>
Fica a dica>
Entre os que controlam as despesas, 39% afirmam que só passou a ter essa iniciativa quando ficou com o nome negativado. Para não passar aperto ou sofrer da síndrome de viver só para pagar boleto, o CORREIO montou, junto com especialistas, cinco técnicas para gerir o orçamento. Elas vão desde a caderneta de anotações mais simples até os aplicativos de finanças gratuitos, que permitem uma visão bem mais ampla do seu orçamento (veja abaixo).>
No entanto, a economista -chefe do SPC Brasil reforça que se não houver disciplina ou mudança de hábito na relação com o dinheiro, a gestão das despesas sempre vai dar preguiça. Pensar nos gastos com antecedência ajuda o consumidor a não ser surpreendido no fim do mês pela falta de dinheiro. >
“Quem conhece sua relação de receitas e despesas está mais preparado, tanto para traçar planos, como para agir em uma situação de imprevisto, como um gasto inesperado ou a perda do emprego”, acrescenta Marcela. >
CINCO FERRAMENTAS PARA GERIR O SEU ORÇAMENTO>
1. Planilha eficiente O método, que é o mais comum, compete diretamente com o velho e bom caderninho e pode ser também um dos mais personalizáveis, segundo a especialista em planejamento financeiro pessoal, Carol Stange. “Dá para criar campos, objetivos, classificar despesas, inserir e excluir campos ao gosto do usuário”, afirma. E até o Google pode dar uma ajudinha extra. “Para quem não sabe montar uma planilha, o Google Planilhas tem algumas opções com layouts prontos para controle de orçamento pessoal e ainda é possível acessar a planilha a qualquer gadget”, completa. Carol Stenge aconselha o uso de planilhas para ajudar no controle do orçamento (Foto: Divulgação) Atenção O exercício exige mudanças de hábitos e criação de rotinas. “São ferramentas que ajudam a entender a razão da necessidade do controle financeiro”.>
2. Planejamento financeiro passo a passo O orçamento financeiro nada mais é que uma projeção dos seus gastos ou objetivos financeiros futuros, facilitando a criação de metas e, por exemplo, de um teto de gastos, como explica o fundador do aplicativo Mobills, Carlos Terceiro. “O primeiro passo é fazer um diagóstico das suas finanças. A partir daí, o consumidor vai destacar estes gastos, definir metas e um teto de até quanto pode gastar, seja mensalmente ou por semana”. O primeiro passo é fazer um bom diagnóstico do seu orçamento, destaca Carlos Terceiro (Foto: Divulgação) Atenção É importante acompanhar estes dados e projeções e não deixar que o aplicativo faça isso sozinho. “Com base na sua receita , você projeta as despesas, desejos pessoais, investimentos e/ou pagamento de dívidas.Tudo isso facilita realização dos seus objetivos”. >
3. Apps de controle e orientação financeira Para o diretor de Produto e Tecnologia do Guiabolso, Julio Duram, a principal vantagem dos aplicativos é sincronizar faturas e extratos de todas as contas e cartões de crédito, e consolidar tudo isso em uma única tela, sem precisar fazer muito esforço. Muitas destas ferramentas, inclusive, são gratuitas e podem ser baixadas tanto na versão Android como na iOS. “Com todas essas informações, o dispositivo ainda pode usar inteligência artificial para dar conselhos e indicar produtos financeiros que façam sentido naquele momento”, diz. Julio Duram recomenda o uso de aplicativos na gestão das contas (Foto: Divulgação) Atenção Outro ponto positivo está na possibilidade de traçar metas financeiras e acompanhá-las pelo dispositvo. “Isso ajuda muito a monitorar o que está sendo feito com o seu dinheiro”.>
4. Teoria do Envelope A dica da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, consiste em estimular limites de gastos para cada categoria e colocar cada um desses valores em um envelope, ainda que seja imaginário. “Primeiro é importante o consumidor anotar tudo que ganha e recebe. E aí estipular, por exemplo: R$ 500 com alimentação, R$ 200 com gastos invisíveis (aqueles que a gente não se dá conta que gastou) e por aí vai. Definir esses limites acaba com a desculpa de não ter tempo para anotar”. É importante anotar todos os gastos, afirma Marcela Kawauti (Foto: Divulgação) Atenção A estratégia só dá certo se o consumidor respeitar os limites que estipulou para cada gasto após avaliar as despesas do seu orçamento, como alerta Marcela. “E lembre-se: tudo que termina com ‘-inho’ tem um peso lá na frente”.>
50, 30, 20 A técnica consiste em separar os gastos em três categorias: essenciais, supérfluos e reserva financeira ou pagamento de parcelas das dívidas. “ Primeiro mês, o consumidor vai anotar todos os gastos no caderninho ou no bloco de notas do celular, chegar a noite em casa e passar para uma planilha quanto gastou com cada um dentro destes grupos”, explica a criadora do canal Finanças Femininas, Carolina Sandler. Carol Sandler aconselha dividir o orçamento em categorias (Foto: Divulgação) Atenção O ideal é que 50% do seu salário seja usado para os gastos essenciais, 30% com supérfluos e 20% na reserva. Caso esteja endividado, a conta muda um pouco: essenciais mantêm os 50%, supérfluos 20% e 30% para pagamento das dívidas."O exercício ajuda a criar uma disciplina e permite fazer os ajustes necessários no seu orçamento”. >
DE 0 A 10: FAÇA O TESTE>
1. Você sabe quanto ganha?>
a) Confiro os valores e sei exatamente, centavo por centavo, quanto ganho todo mês b) Acredito que sim, mas sempre esqueço que o meu salário sofre descontos antes de cair na contac) Além de não ganhar um valor fixo regularmente, não me preocupo com qualquer um desses detalhes >
2. Você consegue avaliar como está sua situação hoje? E nos próximos meses?>
a) Tenho tudo monitorado e isso me ajuda a planejar o que quero e como posso fazer pra conseguir b) Tento ter um controle mais rígido, mas sempre escapa alguma coisa e de vez em quando levo alguns sustos quando alguma fatura chega c) Não sei como minha conta está. Qualquer coisa posso usar o cheque especial ou o parcelar a fatura do cartão de crédito e resolvo mais pra frente >
3. Que método você usa pra gerenciar sua vida financeira? Ele realmente te ajuda?>
a) Atualizo religiosamente minha planilha ou admito que não consigo e me rendo à tecnologia, usando um app pra fazer isso por mimb) Uso uma planilha ou um app de controle, mas não atualizo com a regularidade necessária ou não informo tudo que deveria ao sistema automáticoc) Confio na minha memória e tenho como lema que no final tudo se arranja>
4. Como você se planeja para tirar os sonhos do papel?>
a) Consulto minha atual situação e avalio a melhor opção pra não comprometer meu orçamento no futurob) Faço as contas, mas se realmente desejo muito aquilo cometo alguns deslizes e escolho o caminho que não é adequadoc) Não me importo em me endividar pra realizar uma compra. Gasto mesmo e vejo como pagar depois>
5. O que você faz quando tem aquela vontade de sair da linha e exagerar nos gastos?>
a) Não saio da linha todas as vezes, mas quando acontece tento compensar com um ajuste em outras despesasb) Até me arrependo de algumas situações, mas não deveria esperar o problema se acentuar pra correr atrás de resolver minha pendência c) Faço sem dor na consciência, afinal vivo como se não tivesse amanhã>
Pontuação>
Orientações: Pra cada letra “a”, marque 10 pontos. Em caso de letra “b”, você leva 5 pontos e se optou pela “c”, não ganha nada.>
Resultado>
Entre 0 e 5 Sua no ta é zero - Perigo total. Você é muito negligente com o próprio orçamento.>
Entre 5 e 15 Sua nota não chega a 4. Ainda é bastante irresponsável com a gestão das finanças e só se prejudica. >
Entre 15 e 25 Nota 5,5 - Já está indo no caminho certo, mas ainda precisa ser mais focado.>
Entre 25 e 35 Nota 7 - Com um pouco mais de concentração vai chegar lá. Entre 35 e 40 Nota 8,5 - Já controla o orçamento muito bem e é quase um expert no assunto. Entre 40 e 50 nota 10!!! Você é bom nisso. Já pode aconselhar e ajudar outras pessoas nesse assunto.>
(Teste elaborado pelo Guia Bolso)>