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Paula Theotonio
Publicado em 14 de abril de 2022 às 05:02
Uvas Malbec são celebradas no dia 17 de abril (divulgação) A gente já sabe que o brasileiro tem um longo affair com a Malbec. Seus vinhos “classicamente” concentrados, profundos e violáceos; com aromas de frutas maduras, nuances florais, encorpados e com taninos macios são tão amados que fazem muitos se apegarem à variedade ou a marcas que produzem esse perfil.>
Mas essa não é a única faceta da uva francesa que encontrou um lar caloroso na Argentina. Ao longo dos últimos anos, enólogos, viticultores e pesquisadores vêm se debruçando sobre os efeitos da altitude, latitude e tipos de solo dentro de Mendoza e ao longo de todo o país. O resultado é uma nova onda de vinhos de Malbec com propostas diversas e saborosas.>
Essa amplitude de estilos e terroirs é, inclusive, o tema do Malbec World Day 2022, evento institucional mundial promovido pela Wines of Argentina. Além de aulas e degustações, a data comemorativa — 17 de abril — está sendo celebrada com promoções em vinhos. É o caso do Hiperideal e das lojas da Grand Cru, que têm descontos ao longo de todo o mês em rótulos selecionados.>
Que tal entender quais são os novos e diferentes estilos de Malbec disponíveis no mercado antes de aproveitar os descontos?>
DIFERENTES MENDOZAS & ALÉM>
A Argentina conta com vinhedos em pelo menos catorze de suas vinte e três províncias, o que resulta em quatro agrupações vitícolas: região Norte, Cuyo (onde está Mendoza), Patagônia e Atlântica.>
Dentro dessas macrorregiões e principalmente no Norte e em Cuyo, a Cordilheira dos Andes age como moderadora de temperatura e expõe o vinho a maior ou menor radiação.>
Um vinhedo plantado 1.000 metros acima do nível do mar, em comparação com outro a 1.600, oferece uma diferença de temperatura média em torno dos 4°C. Enquanto o primeiro estará em uma zona moderadamente quente, o segundo se localizará em uma zona fria. Este, por sua vez, terá mais influência da radiação.>
Ou seja: é possível que, em poucos quilômetros de distância, sejam produzidos vinhos com propostas bastante diferentes. Que tal explorar essas nuances?>
Já no Norte, onde está Salta, o clima é quente e com altitudes que superam os 2 mil metros. O resultado: varietais exuberantes, concentrados, com aromas de fruta vermelha e preta bem maduras, acidez destacada, taninos firmes e doces. Uma boa opção é o Anko Flor de Cardon Malbec 2018 (R$ 193 na Total Vinhos).>
Na Patagônia encontramos uma latitude extrema, clima frio e baixa altitude. A uva nessas condições tende a exibir um perfil mais fresco. Entre as vinícolas para conhecer, estão a Família Schroeder e Noemía.>
MALBEC NOUVEAU>
Inspirados nos Beaujolais Nouveau, da França, estes tintos são aromáticos, frescos e frutados, que podem facilmente ser servidos mais frios e harmonizados como se fossem brancos ou rosés.>
Estes vinhos ganham essa característica por serem elaborados através da maceração carbônica, técnica que consiste em fermentar as uvas em tanques fechados com gás carbônico. O resultado é uma bebida de baixa carga tânica, menos álcool e aromas que lembram bala.>
Um nesse estilo é o Gen del Alma Jijiji Malbec Pinot Noir (R$ 151 na Total Vinhos), do qual já falei aqui na coluna. Tem aromas vibrantes e doces de bala, frutas vermelhas, acidez viva e um final médio a longo. É de Gualtallary, região a 1.400 metros de altitude em Mendoza, na Argentina.>
NATURAIS OU DE MÍNIMA INTERVENÇÃO>
Apesar desse estilo não ter uma regulamentação no Brasil ou na Argentina, vinhos naturais são todos aqueles elaborados visando o mínimo possível de intervenção, do campo à adega.>
Isso pode significar uma produção com tratamento orgânico ou biológico das videiras; uma vinificação sem adição de sulfitos, fermentação com leveduras indígenas e engarrafamento sem filtração.>
A vinificação sem barricas, com recipientes de concreto ou barro, entra no segmento “baixa intervenção”. Esses materiais não aportam aromas ou sabores, mas permitem que o líquido respire, proporcionando uma oxigenação gradual que influencia no caráter e na textura do vinho.>
Uma excelente opção é o Riccitelli The Party 2020 (R$ 210 na Wine Brands), do Valle de Uco. Fermentado naturalmente em cubas de concreto, apresenta média intensidade, aromas de frutas vermelhas e notas florais. Em boca é fresco, com acidez média a alta, final longo e agradável. No mesmo estilo de produção tem o Amansado Joven Malbec. Orgânico, este varietal é elaborado com uvas cultivadas em vinhedos que possuem mais de 50 anos.>
BRANCOS E ROSÉS>
A Malbec vai além dos tintos. Resulta em brancos levemente rosados como o Trivento White Malbec (R$ 55,90 no Pão de Açúcar); e em rosés com diversos perfis de intensidade e cor. Vale a pena se aventurar nessa categoria!>
CUIDADO COM A ORIGEM>
As possibilidades são infinitas, mas não deixe que seu amor pela Malbec te cegue para os problemas do descaminho.>
Muitos consumidores, em busca de valores mais em conta, acabam comprando rótulos que não passaram pelos trâmites tributários na alfândega. São vinhos que foram trazidos para o Brasil em condições ilegais e obscuras. Retenção de bebidas no Rio Grande do Sul (divulgação) Além de fomentar o comércio ilegal, o consumidor quase nunca tem benefícios com essa aquisição. Transportada sem cuidados, a bebida pode sofrer danos pelo calor. Ou pior: pode ser falsificada.>
Nem sempre o enófilo sabe que está adquirindo um rótulo de descaminho. Há relatos de vinhos ilegais sendo vendidos por preços iguais aos praticados pela importadora e mascarados com notas frias.>
Para se certificar de que a sua compra é legal, peça nota fiscal e confira sempre o contrarrótulo da garrafa. Pela legislação brasileira, todo vinho importado deve conter ali as informações em português do importador, com nome, endereço e outros dados técnicos.>