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Editorial
Publicado em 17 de agosto de 2019 às 04:54
- Atualizado há um ano
Uma série de reportagens publicadas pelo CORREIO a partir do último dia 30 retratou com profundidade o atual panorama da mineração na Bahia e o otimismo do setor com as possibilidades reais de crescimento para o futuro não muito distante. Aliadas à descoberta relativamente recente de jazidas de ferro, níquel, ouro, cobre, chumbo, zinco e grafeno, dezenas de novos projetos relacionados à produção mineral no vasto interior do estado alimentam tais expectativas positivas. Elas, no entanto, só se tornarão realidade quando as deficiências na infraestrutura forem resolvidas.
Entre os grandes gargalos à espera de solução, a logística de escoamento lidera a fila com folga. Na mineração, o custo para que toda a riqueza extraída das minas chegue ao destino final é fator preponderante. A viabilidade de um negócio nesse setor está atrelado ao preço pago para levar os produtos de uma ponta a outra. Hoje, os gastos para o transporte através de rodovias, considerados bastante elevados, afugentam grandes investidores e paralisam projetos promissores na Bahia.
Diante desse panorama, tornou-se questão fundamental implantar, o quanto antes, modelos dotados de alta capacidade de carga e menos onerosos do que o transporte feito em carretas e caminhões. A importância de eliminar a barreira imposta por dificuldades logísticas foi abordada por todos os especialistas e autoridades do setor ouvidos pelo jornalista Donaldson Gomes, editor de economia do CORREIO e autor da série de reportagens sobre a mineração no estado.
Tanto que o esperado boom da produção mineral baiana se torna cada vez mais nítido no horizonte à medida em que as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) avançam. Sua conclusão pode levar a Bahia da quarta para a terceira posição no ranking dos maiores produtores de minério, hoje liderado, respectivamente, por Minas Gerais, Pará e São Paulo.
De imediato, a finalização do primeiro trecho da Fiol, que ligará Caetité a Ilhéus através de uma linha de 537 quilômetros, vai destravar dois grandes negócios que estão em modo de espera, ambos voltados à produção de minério de ferro. Um deles é o projeto Pedra de Ferro, sob responsabilidade da Bahia Mineração (Bamin). O outro é tocado pela Companhia Vale do Paramirim (CVP).
Juntas, Bamin e CVP teriam capacidade de produzir, de maneira gradual, até 40 milhões de toneladas de ferro por ano. O que permitiria ocupar uma lacuna deixada no mercado internacional após o fechamento de unidades da Vale do Rio Doce em Minas Gerais, no rastro do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho. Como a venda do minério é praticamente nula na Bahia, a Fiol tem poder para transformar o estado em um player importante da mineração.
Após anos de atraso e paralisações nas obras, o primeiro trecho da ferrovia já está 80% concluído. Restam menos de 100 quilômetros para que ela chegue ao litoral com condições de entrar em operação. Contudo, a Fiol, sozinha, não possui capacidade para consolidar o crescimento da mineração baiana. É aí que entra outro projeto crucial para alavancar o setor nos próximos anos: o Porto Sul.
Sem um terminal marítimo adequado para levar a produção mineral baiana aos grandes compradores do exterior, a ferrovia terá sua utilidade bastante reduzida. Será necessário acelerar etapas relativas à licitação e início da obras para que o porto, localizado no Litoral Norte de Ilhéus, possa se conectar à Fiol já em 2023, abrindo de vez os caminhos para impulsionar a mineração na Bahia e todos os benefícios econômicos que o setor pode trazer, principalmente, em um estado carente de empregos.