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Bruno Wendel
Publicado em 19 de abril de 2022 às 12:49
Sete pessoas foram presas nesta terça-feira (19) em uma operação da Polícia Federal que combate o tráfico internacional de drogas - cinco no Brasil e duas em Portugal, incluindo a doleira Nelma Kodama, ex-namorada do também doleiro Alberto Yousseff, que foi detida em um hotel de luxo no país europeu. Também foi preso o ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Mato Grosso, Nilton Borges Borgato.>
Os nomes foram confirmados pela TV Globo. A Polícia Federal diz que não fala na identidade dos presos. O delegado Adair Gregório, responsável pela investigação na Bahia, diz: "São pessoas bem sucedidas, mas que eram lideranças da organização. Todos os presos hoje são peças fundamentais na organização". >
A Operação Descobrimento cumpriu mandados, além da Bahia, em outros quatro estados brasileiros: São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. >
As investigações começaram em fevereiro de 2021, quando um jato executivo que pertence a uma empresa portuguesa de táxi aéreo pousou no Aeroporto de Salvador para abastecer. Uma fiscalização encontrou cerca de 595 kg de cocaína na fuselagem da aeronave.>
Apesar dessa apreensão, a PF constatou que a mesma aeronave já tinha feito outras cinco viagens semelhantes, o que indica que o tráfico já vinha sendo feito há algum tempo. >
Salvador era usada apenas como ponto de abastecimento da aeronave. "A droga saia de São Paulo e aeronave parava em Salvador para repôr o combustível porque é a cidade mais próxima de Portugal", explicou o delegado Adair Gregório.>
Em fevereiro do ano passado, quando parou para abastecer, a aeronave apresentou um problema . "Houve uma pane no sistema elétrico por causa da cocaína, o que chamou a atenção e a apreensão do carregamento", disse o delegado. Na ocasião, foi comprovado que o piloto não sabia que estava transportando a droga na fuselagem. >
Ainda segundo as investigações, ficou comprovado que a empresa também não tinha conhecimento que a aeronave era usada para o tráfico internacional. "As pessoas que pagaram pelo transporte exigiram à empresa e ao piloto que a aeronave permanecesse em um hangar por uns três dias. O dono da empresa e o piloto comprovaram através de documentos que não concordaram, mas cederam por insistência do contratante", disse o delegado. >
As prisões que ocorreram no Brasil foram em São Paulo (2) , Cuiabá (1), Jundiaí (1) e Recife (1). Outros dois mandados não foram cumpridos. Em Portugal, as 2 aconteceram em Lisboa. Todos os presos tiveram prisão preventiva decretada. >
Entre os 46 mandados de busca e apreensão, um foi cumprido em Vitória da Conquista. "O mandando estava relacionado a um doleiro. A justiça não decretou a prisão dele porque nessa fase o alvo foram as lideranças", explica o delegado.>
Doleira Nelma foi acusada de agir em parceria com Yousseff em um esquema para lavar dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões. Ela cumpriu pena de cinco anos por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa, variando entre o regime fechado e o domiciliar. Em 2019, ela parou de usar uma tornozeleira eletrônica, após três anos de monitoramento.>
Segundo O Globo, por conta de dívidas, na época a doleira chegou a organizar um bazar em que oferecia peças de várias grifes. Ela chegou a dever mais de R$ 100 milhões em multas por sonegação fiscal e reparação de danos, entre outros crimes investigados pela Lava Jato. >
Ela foi presa no âmbito da operação em 2014, quando estava com 200 mil euros escondidos na calcinha tentando embarcar no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.>
Ex-secretário O ex-secretário Nilton Borgato foi preso pela manhã em Cuiabá e está na Polícia Federal. Ele será encaminhado ao Centro de Custódia de Cuiabá enquanto aguarda a audiência de custódia. Ao G1 MT, o advogado dele, Luiz Derze, disse que não teve acesso ao processo e que o mandado de prisão não cita pelo que Borgato é investigado. Disse que o cliente está à disposição da Justiça para esclarecimentos.>
O ex-secretário foi preso no apartamento em que mora, no bairro Jardim Aclimação. Ele assumiu a pasta em janeiro de 2019 e deixou o cargo em março desse ano, para se dedicar a uma candidatura a deputado federal pelo PSD. >
O PSD divulgou nota afirmando que tomou conhecimento das medidas contra o ex-secretário pela imprensa e que aguarda o desenrolar da investigação para tomar qualquer tipo de decisão. >