Doria recebe flores por 'mortos nas Marginais' e as joga pela janela de carro

Ciclista abordou o prefeito na saída de evento na Paulista e diz se sentir desprotegida; segundo a PM, acidentes nas vias aumentaram 67% no 1º trimestre

Publicado em 30 de abril de 2017 às 18:30

- Atualizado há um ano

O prefeito João Doria (PSDB) jogou fora pela janela do carro flores dadas por uma cicloativista pelos “mortos nas marginais”, no início da tarde deste domingo (30), ao sair de evento na região da avenida Paulista (região central de SP). Doria saía de cerimônia de abertura da Japan House São Paulo, que contou com presença do presidente Michel Temer (PMDB). “Falei que estava entregando flores para ele em homenagem aos mortos que vieram, como de fato vieram nas marginais”, disse a ciclista Giulia Grillo, após o episódio. Questionada sobre o ato, a assessoria de imprensa de Doria afirmou que “o prefeito reagiu a um gesto invasivo e desnecessário”.

O aumento das velocidades nas pistas expressa, central e local, para 90 km/h, 70 km/h e 60 km/h, respectivamente, foi uma das promessas de campanha de Doria, que acusava a gestão Fernando Haddad (PT) de promover a “indústria da multa”. O petista havia reduzido os limites em 2015. Com a mudança, as multas caíram 57%, mas os acidentes aumentaram.

Dados obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação, mostram que, entre 25 de janeiro e 10 de março deste ano, foram realizados 186 atendimentos pelo Samu nas duas marginais. No ano passado, no mesmo período, foram 65 casos. Houve um aumento de 186,2% (ou 2,9 vezes). Após 25 meses sem mortes por atropelamentos, um homem de 76 anos morreu após ser atropelado duas vezes na marginal Tietê na madrugada do dia 25. Doria acusou o pedestre de “imprudência”.

CicloviasGiulia também afirmou estar preocupada com a intenção do prefeito de retirar ciclovias da cidade. “Eu como ciclista, como pedestre, estou me sentindo muito desprotegida. Se ele [Doria] tirar as ciclovias como ele quer, nós vamos correr muito risco”, disse. A gestão tucana quer trocar ciclovias pelas chamadas ciclorrotas, nas quais os ciclistas têm de dividir espaço com os carros e não estão protegido pela segregação das vias.