Duelos de sangue em Diablo Canyon

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  • Paulo Leandro

Publicado em 16 de março de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Pontos corridos, todos contra todos, quem chegar mais longe, classifica-se, quem ficar para trás, pode cair. A aparência de ser esta a fórmula perfeita foi denunciada pelo Jacuipense, ao curtir a liderança isolada, inalcançável, iniludível.

Ficou exposto o desequilíbrio do regulamento, em análise qualitativa, porque a posição privilegiada do disparado líder acomodou o time e, assim, feriu de morte o princípio de igualdade, como nunca mais tinha ocorrido desde os últimos duelos em Diablo Canyon.

Com 21 pontos em 7 jogos (agora oito), o time de Riachão deu uma caidinha, submetendo-se de quatro ao Bahia, cujo ataque capengava até adentrar as redes do Leão do Sisal com tal facilidade a ponto de atuar em valsa de coletivo-apronto.

Seria de esperar a abertura dos portões da cidadela grená para alegrar o também já classificado Atlético de Alagoinhas, bem defendido por Fábio Lima, tendo Dionísio como cérebro articulador e Miller, para estufar. 

Miller difere na escrita mas tem o mesmo som de outros dois grandes ‘milleres’ da história, o Muller do São Paulo e da Seleção, financeiramente arruinado por causa de problema com mulher (não é chiste), e Gerd Müller, o pequeno grande alemão, artilheiro da camisa 13. 

O Carcará recupera com seu Miller o perfil de clube revelador desde os primórdios, quando Merica e Dendê saíram do Carneirão para o Maracanã de verdade, aquele com geral e tudo, para jogarem no Flamengo.

Vitória e Bahia podem dar o abraço da morte, sepultados numa só cova rasa, basta o Leão não passar pelo Bahia de Feira e o Peixe se autofisgar no Primeiro Passo de Vitória da Conquista (o nome certo do clube é esse, reclame no cartório de registros).

A tentação de ajeitar o mata-mata ao gosto dos administradores não deve ser pequena, mas se considerarmos apenas o lado virtuoso da vida, o mal-assombrado Vitória não tem chance diante do Bahia de Feira da dupla sertaneja Diones e Deon. 

Dependem os grandes em declínio dos favos do Doce Mel, ao enfrentar o time da colmeia o Barcelona, favorito ao título, como já adivinhara esta coluna na apresentação do campeonato. O Barça tem a chance de vingar os ancestrais roubados do interior, ao encaçapar Vi e Bah em uma só tacada.

A briga lá embaixo tem Conquista, Doce e Unirb, 7 pontos, e um pouquinho abaixo, a Juazeirense, com seis. O time acadêmico pega a Querida Etiópia, no clima daquele clássico do far west “Entardecer sangrento”, pois quem perder desce ao Hades da segundona 2023.

De um modo geral, o Campeonato Baiano tem jogos mais interessantes, se comparado com Champions e outras fraudes super-badaladas; foram ótimas as arbitragens e valeu mesmo o passeio virtual aos nossos aconchegantes estádios.

O povo aprende a se dar valor, por meio da tevê, tem o recurso da interatividade, e com o envio de vídeos caseiros, podemos verificar melhor quem somos: ao vermos nossos times, em transmissões diretas, reinventamos os próprios times em ‘positive vibration’ baiana.

Aumentamos a estima dos jogadores e torcedores, atraímos a cidadania para o desporto e termina todo mundo ganhando, até mesmo por este novo cenário, acabando a chatice de ficar na dependência de Vitória e Bahia.

Torço para o Atlético de Alagoinhas de vovó Fernanda!

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade