e-Agro: Inovar é caminho para superar as incertezas

Evento apresenta as novidades tecnológicas para os produtores rurais da Bahia

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 26 de novembro de 2020 às 04:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Agência Brasil

Há um ano, nenhum analista econômico conseguiu prever que a população brasileira teria que adotar uma série de medidas de distanciamento, passar os últimos nove meses de máscara e que a atividade produtiva entraria numa depressão. O mesmo se deu em relação à rápida e expressiva recuperação do setor agrícola, sobretudo por conta do apetite estrangeiro – literalmente falando – para os produtos agrícolas brasileiros. Sobreviver em um cenário com tantas e tão rápidas mudanças exige conhecimento e a capacidade de inovar. 

Hoje, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins e o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), Humberto Miranda, serão os destaques do painel O Agro Brasileiro e suas Políticas Públicas: Oportunidades e Desafios, às 18h30 (Confira abaixo a programação completa). Para participar, basta acessar www.eagrodigital.com.br/ e se inscrever gratuitamente. 

[[galeria]]

“O empresário rural é o responsável pelos grandes números que a economia tem hoje”, destacou Humberto Miranda, na abertura oficial da e-Agro Bahia – Feira de Inovação e Tecnologia Agropecuária. Ele destacou a importância de contar com a parceria do Sebrae no projeto.  “Temos um setor agropecuário que representa mais da metade das exportações da Bahia, mais de 20% do PIB, mais de 30% dos empregos. O setor interfere na movimentação econômica inclusive dos outros setores e tem um grande poder de impacto”, completou Miranda. 

Ele explicou que a e-Agro atende uma demanda do setor agrícola não apenas na Bahia. Humberto Miranda lembrou um dado da Fundação Getúlio Vargas, de que 70% dos empreendimentos que obtêm êxito incorporaram tecnologia e inovação para alcançar o resultado.  “Sentimos a necessidade de ter um evento para fazer parte do calendário da Bahia, com foco em desenvolvimento. A tecnologia precisa permear não apenas os grandes negócios, mas os pequenos. Mais de 80% dos produtores baianos são pequenos”, lembra. 

Aproximação O evento, que está em sua segunda edição acontece pela primeira vez em um formato 100% digital, em virtude da pandemia do novo coronavírus. Superintendente do Sebrae-Bahia, Jorge Khouri destacou a importância de o poder público se aproximar do setor neste momento de dificuldades. “Temos na agricultura a nossa principal atividade econômica. É importante fazer um trabalho tanto com o grande produtor quando com  os que vivem da agricultura familiar e o médio produtor”, acredita. 

Khouri cita uma pesquisa realizada pelo Sebrae nacionalmente para lembrar que  mais de 80% dos produtores já trabalham com uma visão digital.  “Meu pai dizia que o comércio só vai bem se a safra for boa. Pode ser diferente em alguns estados brasileiros, mas aqui na Bahia a principal atividade é a agricultura”. 

Perspectivas econômicas  O analista e consultor de mercado Alcides Torres e o especialista em planejamento e gestão estratégica Marcos Fava Neves apresentaram a perspectiva de um bom 2021 para quem vive do campo. Eles participaram do painel Cenário e Tendências do Mercado para Agropecuária, mediado pelo jornalista Jose Luiz Tejon.  Torres avaliou que a crise fez a pecuária brasileira dar um salto em 2020, movimento que deve se repetir no próximo ano, apesar de algumas dificuldades pelo caminho. “A preocupação é com o clima no próximo ano, que pode nos prejudicar. A seca apertou a janela de plantio do milho. A segunda safra ficou apertada e estoque de passagem, curto. Os preços elevados devem afetar custos de produção de suínos, frangos e bovinos”, avalia. 

“Estamos num ciclo de alta de preços e isso leva à retenção de fêmeas e matrizes. Há uma busca de proteção do capital. Existe uma expectativa de crise e o sujeito tende  a se defender neste cenário. No caso da pecuária de corte, comprando animais de reposição”, explica. O mercado de grãos também tende a permanecer aquecido, acredita. “Temos 60% da soja e 40% do milho da próxima safra comercializados”, conta. 

Fava Neves lembra que tudo muda muito rápido no agro. “Temos três Vs na agricultura”, brinca. “Variáveis variam violentamente. As nossas fábricas estão a céu aberto”. Ele lembra que as expectativas em 2020 se deterioraram muito no primeiro semestre, mas o cenário foi diverso do esperado no setor. “Houve um estímulo exportador e o estímulo cambial que ninguém imaginava. O açúcar sumiu do mercado”, exemplifica. 

Para ele, as perspectivas para 2021 são boas, apesar de ressaltar que tudo pode mudar muito rapidamente. Os fatores críticos para determinar como será o ano são o clima, o mercado chinês e a taxa de câmbio. “O grão continua a preço bom, a safra deve chegar perto de 230 milhões de toneladas. Na minha opinião, o real está muito desvalorizado”, avalia. “Se o Brasil se acalmar na questão política, não tendo uma segunda onda como a primeira e a vacina chegando, o real se valoriza e ficamos com uma cotação de R$ 5 ou R$ 4,90”, projeta. 

Drones, georreferenciamento, sensores e agricultura de precisão são apenas alguns exemplos da inovação no campo, mas numa realidade tão diversa quanto a da agropecuária baiana, que se desenvolve em três grandes biomas diferentes, há casos que a adoção de planilhas para auxiliar a gestão da propriedade, ou o celular para buscar informações já podem fazer diferença. Se o conhecimento tecnológico já era importante antes e ajudou a impulsionar o desenvolvimento da agropecuária brasileira, cada vez mais novas estratégias de produção e gestão ganharão importância capital. 

“Quando a gente trata a questão tecnológica, temos que olhar da maneira mais ampla possível. Tudo aquilo que impacta o produtor rural precisa ser trabalhado”, avaliou o vice-presidente da FAEB, Guilherme Moura, durante a live da AgEvolution, ontem à tarde para apresentar o e-Agro. 

Ele destacou que a região do Semiárido está entre as principais apostas para o desenvolvimento de tecnologia e inovação nos próximos anos. “Acreditamos que pode ser uma nova fronteira agrícola porque a pecuária está investindo em tecnologia. Acredito que pode ser novo polo de desenvolvimento agrícola”, avaliou. 

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DE HOJE E AMANHÃ DO E-AGRO

Dia 26

10:00 Dia de campo: Pecuária de Corte

12:00 Painel: Agro Sustentável - Moderador: Eduardo Bastos – diretor de Sustentabilidade da divisão agrícola da Bayer para América Latina - Debatedores: Andre Guimarães –  Cofacilitador da Coalizão, Brasil, Clima, Floresta e Agricultura e Diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM); Renata Nogueira –  coordenadora de Sustentabilidade do CASC na Cargill América do Sul; Marcello Brito – presidente ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio)

14:00 Dia de campo: Cacau

16:00 Como é a jornada digital do produtor no campo e como a tecnologia ajuda o produtor - Syngenta Amanda Moura - consultora na Bahia

17:00 Agricultura digital – a tomada de decisão com base em dados - (Bayer)  Paula Rodrigues - Representante Técnica de Vendas da Climate

18:30 Painel: Painel: O Agro Brasileiro e suas Políticas Públicas: Oportunidades e Desafios - Moderador: Jose Luiz Tejon – Jornalista - Debatedores: Tereza Cristina – Ministra da Agricultura; João Martins – Presidente CNA; Humberto Miranda – Presidente FAEB

19:00 Leilão: Pecuária de corte

Dia 27

10:00 Dia de campo: Pecuária de Leite

10:00 Leilão de máquinas usadas

11:00 Dia de campo: Café

14:00 Batalha de Pitch: Facilitador Tauan – Coordenador de inovação do Sebrae

15:30 Rodada de investimentos: Moderador Pompeo Scola – CEO Aceleradora Cyklo

16:00 Live com Chef (produtos regionais): Fabricio Lemos

18:30 Painel: Agricultura 4.0 - Moderador: Gil Giardelli – Professor e difusor de conceitos e atividades ligados à inovação radical, sociedade em rede, colaboração humana, economia criativa, digital. - Debatedores: Rodrigo Bonato - Diretor de Agricultura de Precisão de América Latina da John Deere, empresa líder mundial em  máquinas e equipamentos agrícolas; Paulo Dancieri Filho- Ex-CEO da Coimma, eleita pela Forbes como uma das 10 empresas mais inovadoras do Brasil. Fundador e CEO da BovExo do Brasil