É ano de Copa América em Salvador

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  • Miro Palma

Publicado em 11 de janeiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Eu tinha 3 anos quando o Brasil sediou a Copa América pela primeira vez. O ano era 1989 e o campeonato já havia alcançado a sua 73ª edição. Não à toa, a Copa América é a competição entre seleções mais antiga do mundo. Não esperem nenhuma história marcante dessa época porque não lembro de absolutamente nada. A ponte entre o passado e o presente tem outro intuito: falar de ídolos. Para o garoto de 3 anos, acompanhar um evento dessa magnitude pode não ter significado muito, mas para um de 7, 8, 10 anos, ver os ídolos como Romário, Bebeto e Taffarel de perto, na antiga Fonte Nova, deve ter sido um momento mágico.

Três décadas depois, digamos que a Seleção Brasileira já não encanta como antigamente. Não pela falta de craques, mas pelo distanciamento. Um oceano separa os ídolos dos garotos de agora. É na Europa que estão os times cujas camisas enchem as salas de aulas, corredores de shoppings e parques. E talvez por isso, mais uma vez, um evento esportivo ganha contornos ainda mais místicos por aqui. Messi, Suárez, Cavani, James Rodriguez, Philippe Coutinho, Firmino e Neymar vão sair da tela da TV e do videogame para estar a alguns metros de distância dos olhares atentos nas arquibancadas. Uma experiência única.

É claro que nem tudo são flores. Afinal, estamos falando de mais um evento esportivo que promete ser custeado “100% com recursos privados” como disse o diretor de Operações do COL da Copa América, Agberto Guimarães, que também esteve na organização dos Jogos Olímpicos Rio-2016, que prometeu a mesma coisa e não se cumpriu. Antes deles, uma tal CBF prometeu uma Copa do Mundo com “um modelo de organização o mais privado possível”, além de garantir que o Comitê Organizador Local não receberia “um centavo” de dinheiro público, e nós vimos o que aconteceu. 

Sem contar que nem todos os meninos de 7, 8 ou 10 anos vão poder, efetivamente, viver essa experiência com ingressos de R$ 60 (meia entrada dos ingressos mais baratos) a R$ 890. As entradas, que começaram a ser vendidas ontem, selecionam um público incomum nos estádios e, de certa forma, afastam aqueles que costumam frequentar o local. Uma pena. Ainda podemos colocar desse outro lado da balança a era Tite. Depois de um desempenho tão fraco no último Mundial, a expectativa para esse reencontro não é das melhores. A pressão de jogar em casa  repetindo o feito de 30 anos atrás pode prejudicar a Seleção ou, quem sabe, pode se tornar um combustível para uma virada na passagem do técnico. Quem sabe não falaremos, em julho, de um divisor de águas, de uma era Tite 2.0?!

Por mais que não seja perfeito, como não foi nenhum dos grandes eventos esportivos que tivemos antes, me recuso a não comemorar mais essa competição em nossa casa. Não faço isso pela minha paixão pelo futebol, faço pela de Lucas, que completa amanhã seus 8 anos, e fica horas treinando passes no quintal da casa dos avós; pela de Miguel, que tem 9 anos e pediu para o Papai Noel figurinhas de jogadores para completar o seu álbum; pela paixão de qualquer criança que descobriu no esporte uma forma de estar perto dos heróis.

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras