É loucura, mas há método nela

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Armando Avena
  • Armando Avena

Publicado em 19 de julho de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

“É loucura, mas há método nela”.  Com essas palavras, Polônio descreve, no Ato II da tragédia de Hamlet, o comportamento enlouquecido do Príncipe da Dinamarca, cujo plano era fazer com que todos acreditassem que ele estava louco, para assim alcançar seu objetivo: vingar-se daqueles que assassinaram seu pai e tomar de volta o reino que lhe pertencia.

Lembrei-me da frase de Polônio quando o presidente Jair Bolsonaro, após ter massacrado a oposição, obtendo uma vitória espetacular na Câmara de Deputados, anunciou, sem sequer comemorar a aprovação, sem ao menos anunciar a perspectiva de retomada do crescimento econômico, que iria indicar seu filho Eduardo Bolsonaro para ser embaixador nos Estados Unidos. Ora, a indicação, por si só disparatada, parecia uma loucura, pois causaria furor na  imprensa que, colocaria em segundo plano a  reforma da Previdência e ressuscitaria a oposição reacendendo o debate político. Sim, é loucura, mas há método nela. E a loucura de Bolsonaro, assim como a de Hamlet, parece ter um objetivo definido. 

Os objetivos principais do presidente são, ao que tudo indica, manter a polarização política entre esquerda e direita e manter vivo e inflamado o antipetismo, na certeza de que foi essa polarização que o levou à Presidência da República e que será com ela que vencerá as eleições municipais de 2020, o seu primeiro teste político pós-eleições. O objetivo secundário, mas não menos importante, foi dar poder político a sua linhagem e para isso o presidente manteve aberta a vaga de  embaixador nos EUA por meses, esperou o filho completar 35 anos, idade mínima para ocupar o cargo, e só então,  com a nação satisfeita com a aprovação da reforma da Previdência, fez a indicação obtendo da imprensa toda a repercussão de que necessitava para pôr no ringue os  bolsominions e os esquerdopatas.  Muitos argumentarão que o presidente Bolsonaro não tem neurônios suficientes para planejar tal armação, mas não é o que parece. 

A política transforma os homens simples, sejam eles oriundos de sindicatos ou das hordas militares. Lula era um homem simples, sem curso superior, forjado nas lutas sindicais, mas nem por isso deixou de arquitetar ou aceitar um monstruoso plano que corrompeu políticos e empresários no intuito de eternizar seu grupo no poder. Bolsonaro é um homem simples, um capitão do Exército com pouco brilho, mas passou quase 30 anos no Congresso e, ao que parece, aprendeu a manipular a imprensa e os políticos (agora a bola está com o parlamento) no intuito de manter-se no poder.  Ambos são homens simples, mas animais políticos. 

O presidente precisava de 308 votos para aprovar sua principal reforma, mas isso não o impediu de atacar o Congresso, propondo uma nova política. Parecia loucura, mas havia método nela, pois o discurso não impediu a liberação de bilhões em emendas, como sempre se fez, só que desta vez a figura do presidente saiu preservada. Bolsonaro tem um objetivo claro e já não esconde de ninguém que é candidatíssimo à reeleição e suas ações, que parecem moldar uma usina de crises,  estão na verdade pavimentando esse caminho. Assim, rapidamente desvencilhou-se  dos militares que pretendiam tutelá-lo, calou o vice-presidente que agora se move pisando em ovos, destronou Onix Lorenzoni , o braço político do seu governo, desbaratou a oposição e deixou que seu ministro da  Justiça, Sérgio Moro,  o candidato dos sonhos de milhões de brasileiros, fosse moído por essas crises. E agora só resta a Moro tornar-se terrivelmente evangélico se quiser entrar no Supremo Tribunal Federal. É loucura, mas há método nela.

Seis meses após ser eleito, Bolsonaro manietou a imprensa, usando-a para estimular a divisão entre a direita e a esquerda,  (“se a mídia está contra é sinal de que é a pessoa adequada”), implodiu a oposição, fez o jogo da velha política, mas aparece como o arauto da nova política, e coroou o trabalho com um pacto com o presidente do Supremo Tribunal Federal. Até o momento, apenas o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, teve coragem de  contrapor-se aos seus ditames. E, diferente daqueles que demonizam a política, só o Congresso Nacional terá poder para evitar uma tragédia shakespeariana, pois tornou-se a única instituição capaz de conter os arroubos e a loucura do presidente e, ao mesmo tempo, apoiar sua política econômica que é a única perspectiva de crescimento que o Brasil tem no curto prazo.

PROJETO AVANÇA A TV Bahia colocou no ar uma campanha da maior importância para a economia baiana. Trata-se do ‘Avança: os caminhos do desenvolvimento,  que pretende mostrar a força da economia baiana e suas perspectivas’. Esta semana, a campanha deu destaque à indústria em Salvador, mostrando que, diferente do que se pensa, a capital baiana tem indústrias, é o segundo maior polo industrial da Bahia, depois de Camaçari,  e está entre os 20 maiores PIBs industriais do país.

MORAR EM MIAMI? A classe média alta e parcela do empresariado falam muito em morar e empreender em Miami. Sob o ponto de vista econômico, é um grande equívoco.  Quem investe no mercado financeiro, por exemplo, se aplicar seus recursos no Brasil vai auferir com segurança total, no mínimo, 2% ao ano de juros reais, já se aplicar nos Estados Unidos estará dilapidando seu capital, pois o juro real lá é negativo. E na Bolsa nem falar, a Bovespa cresce muito mais que a Bolsa americana. Aliás, não é por outro motivo que os investidores do mundo inteiro vêm investir no mercado financeiro brasileiro. Já um empresário que não quer viver de renda, mas produzir, não vai ter mole em Miami, onde a competição é muito mais acirrada e, no mais das vezes, os empresários brasileiros que montam negócios por lá ou possuem clientes brasileiros ou ficam nas margens do mercado, atendendo imigrantes e coisa e tal. Além de ter de conseguir um green card pagando caro aos advogados. Em resumo: o Brasil é um país difícil para se viver, mas ganhar dinheiro aqui ainda é mais fácil.

CONQUISTA: A CAPITAL DO SUDOESTE Na próxima semana será inaugurado o novo aeroporto de Vitória da Conquista, um dos municípios mais dinâmicos do estado. Vitória da Conquista é a 3ª  maior cidade da Bahia, com quase 400 mil habitantes, e a 4ª maior do Nordeste, tirando as capitais. Por sua localização, pode ser considerada  a capital do Sudoeste, sendo a metrópole de uma região que abrange 96 municípios,  16 deles situados no norte de Minas Gerais, e que abriga uma população de 2 milhões de pessoas.  

O PIB de Vitória da Conquista já supera os R$ 8 bilhões e vem crescendo a taxas maiores que a da Bahia. Especializada em serviços, a cidade possui um polo de educação e saúde, inclusive de alta complexidade, shoppings centers e um mercado imobiliário  em expansão. Com o novo aeroporto, um investimentos de R$ 140 milhões, Conquista ficará mais perto de São Paulo, Minas e Salvador e mais perto ainda dos investidores.