Efeito corona: 10 atitudes para adequar as contas à crise da covid-19

Cortar, renegociar e diminuir. Mais do que nunca o consumidor vai precisar repensar o orçamento

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  • Priscila Natividade

Publicado em 20 de abril de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Quem diria que a mesa de jantar ia virar estação de trabalho. O computador passou a ser compartilhado com as atividades escolares dos filhos. E o doguinho, sem dúvida, está mais animado em ver o dono o dia inteiro em casa. O novo coronavírus só não parou os boletos. Se tanta coisa ficou diferente nesse último mês, a relação com o dinheiro vai precisar passar por mudanças também.  

Cortar, renegociar e diminuir. Mais do que nunca o consumidor vai ter que adotar esta postura para não contaminar o bolso em tempos de pandemia. Pessoas estão perdendo parte da renda por conta contratos suspensos, redução de carga horária e do desemprego, impactos que nem água e sabão, mais álcool em gel podem amenizar diante desta crise.

Por isso, especialistas em finanças pessoais destacam 10 atitudes urgentes que acabam funcionando com um remédio para lidar com os gastos com durante a pandemia do Covid-19. Aí entram medidas como, por exemplo, mapear os excessos, aumentar o controle e até compartilhar os custo de serviços pra tentar fechar a conta no final do mês. Ainda não se sabe quando essa crise vai acabar, mas até lá é preservar o orçamento. Veja as dicas a seguir.

DEZ ATITUDES FINANCEIRAS PARA DETER O EFEITO COVID-19

1. Despesas essenciais, negociáveis e postergáveis Analise a sua renda: ela diminuiu: foi totalmente cortada ou há perspectivas de sofrer alterações na próxima semana? Se antes o orçamento estava baseado em custos fixos e variáveis, o esquema vai ter que ser revisto nestas três categorias, como explica a educadora financeira Carol Stenge. “Para quem se vê diante de uma situação complicada financeiramente, sugiro separar as despesas em essenciais (pagamentos em dia), negociáveis (financiamentos, compras parceladas e empréstimos) e postergáveis (a troca de um bem). É essencial saber para onde seu dinheiro está indo”.

2. Médio a longo prazo A gente até queria que isso acontecesse, mas a crise não vai terminar amanhã. A recomendação é que todo esse replanejamento do orçamento seja pensado levando em consideração, no mínimo, os próximos três meses.“Temos que ir acompanhando diariamente as receitas e despesas futuras, se programando para um período de 3 à 6 meses à frente”, afirma o consultor financeiro, Alex Cruz.  Alex Cruz recomenda ajustar as contas pensando nos próximos três meses (Foto: Divulgação/ Lorena Venturini) 3. Compartilhe É tudo nosso.Aí entram os pacotes de celular e internet, televisão, serviços de streaming. Junte o combo e faça a divisão das despesas, como recomenda o economista e professor do UniRuy Wyden, Raimundo Sousa Filho. “Nós não vamos sair de uma crise dessas da mesma maneira que entramos. Uma das alternativas é pesquisar opções de combos e compartilhar os custos com membros da família das assinaturas de serviços entre eles, o celular e a tevê a cabo, por exemplo”.

4. Renegocie Embora nessa área a margem para “manobrar” seja menor, é importante negociar sempre. O planejador financeiro sócio da Fiduc, Valter Police, destaca a necessidade de rever prazos, taxas, tarifas bancárias cobradas por empréstimos, financiamentos, cartões e também do cheque especial. “São negociações que podem dar um fôlego extra no orçamento. Busque junto a instituição financeira reduções de valor ou aumento dos prazos. O momento de agir é agora”. A dica de Valter Police é rever prazos, taxas de todos os financiamentos e empréstimos (Foto: Divulgação) 5. No supermercado Só vá com a listinha na mão. Saia de casa com uma média de valor bem definida e evite comprar muito de uma vez só. Planeje suas compras levando em consideração o que vai consumir nos próximos 15 dias. Outra recomendação é não se apegar a marcas, mas sim, ao custo benefício daquele produto. E se esse consumidor for do tipo que não resiste a um corredor de supermercado, use o serviço delivery para não correr o risco de se exceder. “Faça listas bem pensadas nas suas necessidades. Nesse ponto, também ressaltamos a consciência com o próximo para não fazer estoques de produtos”, aconselha o fundador do aplicativo de finanças pessoais Mobills, Carlos Terceiro. Na hora de ir ao supermercado, só siga adiante se estiver com uma listinha na mão. É o que recomenda Carlos Terceiro (Foto: Divulgação/ Yago Sampaio) 6. Se não pode eliminar, reduza A dica do consultor financeiro Alex Cruz é adaptar, ao máximo. “Se não conseguir reduzir, que você substitua por outro bem ou serviço que seja similar e tenha um custo menor. Não vale manter o mesmo padrão de vida que você tinha antes e ter que sacrificar lá na frente”. Isso inclui mudar hábitos de consumo, como acrescenta o especialista.“Temos que entender que estamos em um momento de contenção e que isso exige abrir mão de algumas coisas”, completa.  

7. Não se esqueça dos programas de fidelização Para o economista e professor do UniRuy Wyden, Raimundo Sousa Filho, aproveitar esses benefícios é mais uma estratégia para economizar nets momento de pandemia. Muita gente acaba associando esses programas só a passagens áreas, mas alguns conta com possibilidades de abatimento na anuidade do cartão, compras e descontos em lojas parceiras.“Confira as condições e aproveite esses benefícios”.  Raimundo Sousa Filho chama atenção para os programas de fidelidade, que não devem ser esquecidos neste momento (Foto: Divulgação) 8. Controle redobrado Sobretudo, dos aplicativos de comida e nas compras online. R$ 20 aqui no almoço, R$ 30 ali no jantar. O monitoramento desses pequenos gastos precisa ser efetivo. Das compras online e parceladas em várias vezes, então nem se fala. São duas coisas que estão muito relacionadas com a ansiedade e tendem a aumentar bastante nesses tempos de quarentena.“Um custo pequeno repetido muitas vezes acaba se tornando grande e esse problema se torna maior ainda em um cenário onde as pessoas terão menos dinheiro”, diz o planejador financeiro sócio da Fiduc, Valter Police.

9. Metas atingíveis Não dá para colocar no orçamento que o gasto com cartão de crédito vai ser R$ 500 e acabar dobrando este valor. A educadora financeira Carol Stenge reforça o quanto é importante ser sincero com suas contas e definir metas realistas na reformulação deste orçamento.“Mapear as despesas, classificá-las, definir metas verdadeiras será decisivo neste momento, principalmente para aqueles que estão vindo de uma situação financeira que já era complicada”, orienta. Carol Stenge destaca que as metas precisam ser atingíveis: seja honesto com seu orçamento (Foto: Divulgação) 10. Reserva de emergência Como o nome mesmo diz, só use este recurso em situações de extrema necessidade. E quem ainda não tem uma, mais importante ainda começar. Esta atitude vai fazer a diferença caso seja necessário complementar o pagamento de uma despesa ou cobrir um gasto com saúde. O fundador do aplicativo de finanças pessoais Mobills, Carlos Terceiro, lembra que não precisa de muito, por mais apertado que esteja o orçamento. “Comece com pouco, se puder. Pode ser 1% da sua renda ou mesmo R$1 por dia, contanto que mantenha a disciplina de guardar este valor”.