Elas dão a receita para se contar uma boa história

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  • Flavia Azevedo

Publicado em 14 de fevereiro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Nesta sexta-feira (14), tem debate no auditório da FACOM, em Ondina, das 9h às 13h. “Os Caminhos do processo criativo: produção e criação de ficção seriada” tem entrada gratuita e pontua o lançamento da segunda edição do Usina do Drama. O projeto que, que pretende formar um pelotão de bons/boas roteiristas, em Salvador, está com as inscrições abertas até o próximo dia oito. São 28 vagas para o Usina do Drama 2020 que tem foco no processo criativo de narrativas seriadas televisivas. As informações você encontra no www.usina.estacaododrama.com.br. Algumas das mulheres envolvidas com o projeto você conhece aqui, claro. Amanda Aouad será professora e roteirista tutora, no Usina. Doutora e mestra em Comunicação e Cultura Contemporâneas, pela UFBA. Publicitária pela UNIFACS. Membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE), professora de Comunicação na UNIFACS e roteirista inserida no mercado do audiovisual nacional.

Quanta - O Curso Livre de Teatro da UFBA colocou no mercado grandes nomes da área. É o que se espera da Estação do Drama?Amanda - A expectativa é formar um bom grupo de roteiristas com projetos de série prontos para o mercado.Q - Por que saber roteirizar virou uma habilidade tão desejada, na atualidade?A - Na verdade, sempre foi. O sonho de contar histórias sempre acompanhou o ser humano. O roteiro é a base de uma boa obra audiovisual e na televisão o roteirista sempre teve uma valorização maior que no cinema, por exemplo, vide os autores de telenovela. Com o aumento de produção de séries e outros programas televisivos de ficção no Brasil, as oportunidades para novos roteiristas aumentaram.Q - No cenário de roteiristas, qual o percentual de homens/mulheres?A - Não sei dizer precisamente, mas há um equilíbrio entre homens e mulheres roteiristas. O desequilíbrio se dá nas posições de destaque, ainda tem mais homens consagrados que mulheres nessa função. Ainda há mais homens chefes de sala de roteiro, roteiristas principais de uma obra ou mesmo consultor. Parafraseando Lulu Wang no discurso do Spirit Awards não precisamos encorajar as mulheres a ser roteiristas, elas estão aí escrevendo, estudando, o que precisa é dar oportunidade, emprego, dinheiro para elas desenvolverem e produzirem suas ideias. Ludmila Carvalho será professora dentro da Usina do Drama. É doutora em Estudos Cinematográficos, pela Universidade de Montreal. Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas e Jornalista, pela Faculdade de Comunicação da UFBA. Atualmente, é professora da UFRB.Quanta - Você tem ideia de qual a proporção de homens e mulheres, na Bahia, produzindo roteiros?Ludmila - Eu não tenho dados muitos concretos para te dar, mas eu posso dizer que é um espelho do cenário nacional como um todo. Considerando um lugar onde o espaço do audiovisual ainda está muito em disputa, mas eu vejo diretoras, roteiristas, produtoras editoras, diretoras de fotografia, surgindo aí também nos últimos anos.Q - Que mercado se abre para quem aprende a escrever roteiros?L - Eu só posso falar ao mercado do audiovisual. (...) É um mercado que está em crescimento, não só olhando para as séries norte-americanas, mas para um mercado brasileiro. A Netflix está investindo em séries brasileiras, a Globoplay está investindo em séries brasileiras e os canais grandes estão investindo em parcerias com produtoras menores, com produtoras independentes. Então, a televisão tende a ser um espaço mais aberto. Porque faz parte, inclusive, da estratégia de negócio da televisão apontar para várias direções. Então, isso naturalmente já possibilita uma abertura. O mercado está em crescimento, sim.Q - Quais habilidades específicas são exigidas de roteiristas, na atualidade?L - Em relação a produção de séries televisivas, de séries ficcionais ou não, essas habilidades são muito relacionadas ao modo da complexidade da narrativa das séries contemporâneas. Então, são habilidades de narrativa basicamente. De construção de mundo, de um mundo ficcional que possibilita um universo transmídia, por exemplo. Então, essa é uma habilidade específica bastante privilegiada hoje em dia. A criação não só de uma história finita e autocontida, mas uma história aberta e que possibilite ser explorada em diversas plataformas, a coisa do transmídia. A construção de uma história que vai potencialmente se expandir no tempo que pode durar duas, mas que podem durar 16 temporadas. São habilidades de roteiristas bem específicas e que são exigidas hoje em dia. Que não são coisas simples, não são coisas muito fáceis. Realmente, são habilidades. Não é qualquer um que consegue. Outra coisa que eu diria, é que no nosso contexto da produção de séries, hoje em dia, da habilidade muito importante é a de trabalhar em equipe. Andréa Rabelo é egressa do Usina do Drama de 2017, primeira edição do projeto. Doutoranda, Mestre e Bacharel em Artes Cênicas, pela UFBA. Quanta - O que há de especial no jeito de mulheres contarem histórias?Andréa - Eu entendo que a principal questão neste sentido de ser uma mulher ao contar a história é que o nosso ponto de vista, pegando essa expressão tão usada, é o nosso lugar de fala, é o nosso enquadramento que será dado para uma história. Então, se é a história de uma mulher, se é a história de uma mãe, de um relacionamento, que fala, que lugar que vai ser colocado essa mulher ou aquele homem dentro de uma relação, numa história entre dois homens, duas mulheres ou enfim... Eu entendo que é dar a voz a mulher para além de um ponto de vista masculino que sempre foi o dominante. Uma narrativa nossa e isso é muito importante nesse momento, que a gente possa assumir o controle das narrativas.Q - O que define, pra você, um/a bom/a roteirista?A - Eu acredito que o roteirista precisa estar em sintonia com o nosso tempo, dialogar, levar essas demandas, esses temas que estão em nossa conjuntura para dentro da narrativa, a partir da sua forma de contar essa história. Trazer uma forma peculiar, porque muitas histórias já foram contadas, parecem repetitivas, mas a forma como se conta, a singularidade que a roteirista leva para essa história é que vai torná-la diferente ou marcante para alguém que estiver acompanhando.