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Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 05:21
- Atualizado há um ano
“Trump não é a pessoa mais importante do mundo”. Foi assim que, na sexta-feira (06/11), o presidente Jair Bolsonaro comentou as eleições nos EUA. O presidente brasileiro moderou o tom sobre as eleições presidenciais norte-americanas pois, mesmo publicamente demonstrando sua simpatia pela reeleição de Donald Trump, percebeu que a chegada de Joe Biden à Casa Branca era o cenário mais provável.
A agenda de Joe Biden, próxima daquela proposta por Obama, apresenta uma tendência mais negociadora e aberta à participação em regimes internacionais. Na corrida presidencial, Biden anunciou o retorno à Conferência de Paris que versa sobre questões ambientais. Esse é um tema importante para os EUA, que perde protagonismo nessa questão e abre espaço para que os europeus e até mesmo os chineses se tornem a voz que direciona as decisões.
No primeiro debate na TV, o democrata citou as queimadas na Amazônia como tema importante se fosse eleito. Chegou a mencionar duas direções para a questão: possibilidade da criação de um fundo para a região, ou, se não houvesse acordo com o governo brasileiro, a implementação de sanções econômica ao país. O presidente Bolsonaro twittou no dia seguinte que a soberania brasileira era inegociável.
A vitória do Biden aponta para um cenário de menor entusiasmo para o presidente Bolsonaro e para seu chanceler Ernesto Araújo, que abertamente demonstraram apoio à reeleição do Trump, e talvez um processo de descontinuidade no padrão de alinhamento que havia sido inaugurado na “dobradinha” Trump/Bolsonaro.
As sinalizações de Joe Biden e as ações concretas do democrata em temas como a Amazônia serão importantes para balizar as relações Brasil-EUA no próximo ano. Dois caminhos são possíveis: um maior distanciamento brasileiro das discussões internacionais ou ainda uma postura mais pragmática e com tom mais moderado quanto aos temas que serão abordados pelos EUA. No entanto, algo é certo, mesmo com essa “troca de farpas” iniciais entre Biden e Bolsonaro: as relações entre os dois países vão continuar sendo vitais para a diplomacia brasileira e a equipe do governo vai precisar buscar novas formas de se adaptar à nova realidade com o Biden na presidência.
A relação Brasil-EUA é uma das mais tradicionais em termos de política externa brasileira e tem sua importância definida desde o período conhecido como I República ou República Velha. Nesse período, os EUA conseguem se tornar os principais parceiros comerciais do Brasil. Na atualidade, os EUA são o segundo parceiro comercial brasileiro, perdendo somente para a China, que nos anos 2000 chegou ao primeiro lugar. Mesmo assim, os EUA ainda são importantes investidores no Brasil e definitivamente têm influência política e cultural em nosso país.
Sâmia Franco é coordenadora do Escritório Internacional e professora do curso de bacharelado em Relações Internacionais da Unijorge