Eleições do Bahia: confira entrevista com Abílio Freire

Advogado quer buscar recursos públicos para utilização da Cidade Tricolor

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  • Ivan Dias Marques

Publicado em 7 de dezembro de 2017 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr./CORREIO

Com o fim da Série A, o CORREIO iniciou na terça (5) uma série de entrevistas com os cinco candidatos à presidência do Bahia, em eleição que ocorre no sábado (9). O entrevistado desta quinta (7), encerrando a série, é o advogado Abílio Freire.

Em texto, os leitores conferem as respostas das perguntas básicas e comuns aos candidatos de forma editada. Em áudio sem cortes, no Bate-Pronto Podcast Especial (ao fim da entrevista escrita), os candidatos respondem também a perguntas específicas e aditivos às perguntas básicas. No caso de Abílio, a entrevista em áudio também tem a participação de seu candidato a vice, Virgílio Elísio. 

Abílio Freire Líder do movimento Mais Um, Baêa! (MUB), o advogado Abílio Freire vem trabalhando sua campanha para a presidência do Bahia há quase dois anos. Seu grupo, surgido em 2015, disputará pela primeira vez o Conselho Deliberativo, assim como ele, que estreia no pleito. O candidato tem como promessa reaproximar o clube do torcedor, principalmente os de menor renda, e ir em busca de recursos públicos para utilizar a Cidade Tricolor:   CORREIO: Caso você seja eleito, a ideia é dar continuidade ou reformular o trabalho da gestão anterior? 

Abílio Freire: Dar continuidade. Entendemos que o trabalho tem sido bom e pretendemos dar continuidade, mas com melhorias. Tanto, que nosso plano de gestão chama-se “Decola Esquadrão”. Se as coisas não estivessem boas, seria algo como “Ressuscita Esquadrão”. Vejo que o Bahia paga 50% da parcela do Profut. É uma liberdade que a lei dá, mas é uma questão muito próxima da dos cartões de crédito. Se você paga apenas a metade e deixa o restante para depois, os juros são da taxa Selic mais 1% ao mês. Isso é muito pesado. Se for analisar, estaríamos praticamente pagando nada, nem os juros. Queremos começar a pagar o Profut de fato e renegociar dívidas, por exemplo oferecer pagá-las à vista e liquidá-las de imediato.

C: Qual a estrutura diretiva ideal que você imagina e pretende aplicar no Bahia? Quantos diretores?

AF: Acreditamos que o organograma atual (diretores de futebol, mercado e administrativo) seja eficiente. O que precisamos é mudar algumas pessoas. Marcelo Barros (diretor administrativo) ficaria, não só ele como sua equipe. Só não ficam se não quiserem. Para a de marketing e mercado, queremos que o novo diretor seja apenas de mercado. Não há necessidade porque enxergamos que o marketing tem que ser entregue, assim como é feito nos Estados Unidos ou na Alemanha, para quem é especialista. E os especialistas em Marketing estão dentro das agências. São profissionais caríssimos, que nenhum clube tem a condição de trazer.

C: Qual o projeto para a Cidade  Tricolor e o Fazendão?

AF: Nós fomos visitar a Cidade Tricolor e ela infelizmente está totalmente sucateada. O matagal tomou conta, os prédios por fora estão totalmente rachados. A sensação é de abandono. A atual diretoria fez um levantamento de que o valor para a recuperação seria de R$ 15  a R$ 20 milhões. Sabemos que o Bahia não tem dinheiro para isso. Fala-se muito de levar capital privado para lá. Eu já tentei imaginar de todas as formas qual a visibilidade que um centro de treinamentos teria para empresas e não encontrei. Só nos resta a hipótese da utilização da Lei do Incentivo ao Esporte. O Ministério dos Esportes tem R$ 500 milhões por ano disponíveis. No Brasil todo, usa-se em torno de R$ 250 milhões. Já temos um projeto pronto para criar lá um centro de formação de atletas, conforme o que aconteceu no São Paulo, em Cotia, no Fluminense, em Xerém, e no Cruzeiro, na Toca 1. No Fazendão ficariam o futebol profissional e o sub-20, que precisa estar integrado ao time.

C: Você vê o Bahia em qual patamar hoje e onde o clube pode chegar em três anos? 

AF: O Bahia é um clube grande, e para o sentimento da torcida ele é imenso. Agora, o Bahia precisa que as pessoas acreditem no tamanho que ele tem. Não adianta virar e dizer “eu sou bom”. O Bahia, de fato, é bom, mas no momento que ele precisa de uma autoafirmação, quando ele se olha no espelho, não acredita no que está falando. O Bahia precisa começar a ter o comportamento de time grande. Nós queremos que o Bahia, nos três anos de nossa gestão, seja campeão de três baianos, de três Copas do Nordeste e de uma Copa do Brasil. Claro que querer não é poder, mas querer já é um indicativo de luta e de vontade.

C: Por que você quer ser presidente do Bahia?

AF: Quero ser presidente porque, acima de tudo, sou um apaixonado pelo Bahia. Porém, sempre vi o clube muito fechado, sem muitas possibilidades para o torcedor na gestão. Ficávamos à mercê das castas que mandavam. Com a democratização, comecei a ver essa possibilidade. Ao logo de três anos, fizemos algumas críticas pontuais à gestão. Com isso, acabávamos ouvindo “tá reclamando? Venha fazer!”. Foi então que decidi fazer. Mas para fazer bem feito, procurei estudar. Nunca fui boleiro, mas me qualifiquei. Foram dois anos de estudo, fiz e faço cursos da área, além de viagens para observar outros clubes e estabelecer contatos.

C: Como pretende melhorar a relação com a Arena Fonte Nova?

Precisamos fazer uma releitura dessa relação. Nós não temos acesso ao contrato entre o Bahia e a Fonte Nova por conta das cláusulas de confidencialidade. Mas independentemente disso, enxergamos que o Bahia é o melhor cliente da arena, e o torcedor do Bahia é o destinatário final de todos os serviços oferecidos por ela. O que temos hoje é um desrespeito aos torcedores. Eu mesmo não tenho o plano de acesso garantido, sou sócio patrimonial e compro ingressos para cada um dos jogos. Então, eu sei de todas as dificuldades. Além disso, temos uma arena com preço de arena e prestação de serviço de estádio. Cobram R$ 6 numa lata de cerveja, mas servem quente. Isso é inconcebível! Esperamos ter a chance de sentar com a Fonte Nova e dizer: “Somos os melhores clientes e nosso torcedor é o destinatário dos seus serviços. Precisamos fazer releituras”. Só assim, sentando para negociar e sentindo qual o ânimo do consórcio, nós poderemos decidir a respeito da continuidade ou não do contrato. Mas nós queremos continuar jogando na arena.QUEM É?Abílio Freire,  advogado de 46 anos, lidera o movimento Mais Um, Baêa!, que nasceu como uma plataforma para integrar torcida e diretoria. Tem o apoio de ex-atletas como Ávine e Marcelo Ramos, além da principal organizada do Esquadrão, a Bamor.

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